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O REINO ENCANTADO

Mauro Gonçalves Rueda

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O Reino Encantado
Mauro Gonçalves Rueda

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Fonte Digital
Documento do Autor
maurorueda5@hotmail.com
maurorueda@uchoanet.com

© 2003 — Mauro Gonçalves Rueda


 

Índice

Prefácio
O REINO ENCANTADO
A Menina
O Reino Encantado
Dentro da Nossa Canção
A Caminho do Baile
A Cantiguinha
O Gafanhoto
No Meu Quintal
O Pesadelo
A Cantiga do Sapo
A Borboleta
O Mosquito Japonês
A Tartaruga
O Macaquinho
O Cachorrinho
O Pirata Lelé
O Vaga-lume Gago
O Baile

Sobre o Reino Encantado


 

O REINO
ENCANTADO

(Musical Infanto-juvenil)

(Coleção "JOYCEANA" — VOLUME 2)

MAURO GONÇALVES RUEDA
São José do Rio Preto/Uchoa, 1.988.


 

 

Para Maricy e Joyce de Castro Rueda

 

 


 

 

PREFÁCIO

“AS CRIANÇAS SÃO PÁSSAROS.
MAS NEM TODOS OS PÁSSAROS SÃO HOMENS”.
(Teotonio Simões)

 

Sinceramente, gostaria que alguém escrevesse o prefácio deste livro. Escrever para crianças, pensando nelas, sentindo-me a criança que, ao ler, sonha e, ao fazê-lo, libera toda a magia e o encanto da imaginação. Dedicar a mente embotada por problemas do mundo quase “absurdo” dos adultos, sem fugir à consciência de nele encontrar-me engendrado e engendrar no mundo da fantasia. Ufa!, não é tão simples assim. E a psicologia? E a insegurança de passar aos nossos pequenos o que – por alguma graça –, eles não fazem a menor questão de tomarem conhecimento. Tudo à seu tempo.

Contudo, dificuldades à parte, quão gratificante é o resultado! Sei porque, tímido e arredio, observava cada criança (e adultos também), curtindo o show. Não foram muitas apresentações. Mas à cada uma delas, eu sentia renascer em meu ser, a esperança e a alegria de saber que nem tudo é cinza ou sem perspectivas. Porque, com revistas nas mãos, as crianças acompanhavam o Grupo e as canções. E havia sorrisos e regozijo. Havia silêncio durante a leitura de cada texto precedendo uma cantiga. E havia palmas e mais do que isso, após a euforia das apresentações, as perguntas e os porquês que, somente as crianças são capazes de “descobrir” ou improvisar.

Ainda assim, após os oito livros da coleção (o primeiro “Os Heróis em Quadrinhos”, escrito especialmente para um grupo de jovens), ainda sinto receio de algum deslize. Afinal, estamos lidando aqui, com seres muito, muito especiais: as crianças, os “adolescendos” e alguns corações que jamais perderão sua porção de sonhos bem guardados.

Iniciei a coleção, antes mesmo de minha filha, Joyce, nascer. Eu não sou “Coruja”, sou um pai amoroso, como devem ser todos os pais. E minha filha, ah!, ela sim, canta todas as músicas do pai – não somente as infantis –, mas as outras, adultas – e do próprio Grupo Realejo. E de repente está cantando Renato Russo, Xangai, Vital Farias, Caetano, Paralamas do Sucesso. E meus CDs do Chico César, Fagner, Djavan, Simon & Garfunkel, Zélia Duncan, Chico, Milton? Onde? Já viu criança curtindo música clássica? Claro que sim. Mas é algo raro. E dança, e desenha, e esboça as primeiras escritas e os primeiros acordes ao violão. A casa é simples, modesta mas tem um recheio especial: livros, discos e CDs. É mais ou menos como em “Redações Infantis”.

Faltam dois volumes de contos. Estão brotando, feito as flores pelos campos e como se fossem feitos de pura fantasia – etérea fantasia –, éter e asas diáfanas, estão por aqui, em algum lugar. E assim, de repente, percebi que já não escrevia ou compunha somente para minha filha, mas para todas as crianças e, sobretudo, apesar de sisudo, torno-me a criança que já não sabe o que fazer para que a existência adquira luz e cores e brilho e ultrapasse limites e horizontes e expluda em canções, versos e harmonia.

Abrir portas e janelas da alma, do coração e deixar. Deve ser isso. E crianças, como diz nosso mestre Teotonio, ora, “Crianças são pássaros!...”. E nós, o que estamos fazendo com as asas que nos foram legadas? As asas da imaginação, do amor, da bondade, do carinho? Bem, espero que todos nós, um dia, percebamos a importância destes “Pequenos Pássaros” que, todos os dias, com seus improvisos, nos ensinam que, para voar, basta querer. Não é assim? Um dia aprenderemos, como diz Paulinho Pedra Azul, em “Jardim da Fantasia”

“Todo o mundo quer voar...
Mas é preciso aprender
Voarás
  Voarás”.

E eu, com meus 46 anos, estou aprendendo. E vou aprender porque, simplesmente, enquanto houver crianças no mundo, haverá sempre algo que nós, adultos, teremos que aprender. Ou, reaprender. Porque se “As crianças são pássaros”, nada para elas é impossível e tudo é mágico e simples – feito estender a mão e tocar as estrelas! E é por isso que admiro meu amigo “Chiquinho”, popularmente conhecido como Francisco de Assis que, neste exato momento, deve estar (se) rindo dos meus pensamentos e sentimentos.

“E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra o presente pro futuro
Que não dormiu e preparou:
o amanhecer, o amanhecer, o amanhecer”
Taiguara.

Que amanheçam os corações dos homens para o futuro porque é preciso, é necessário que “criancemos”, abramos as asas para criar e doar o que, de alguma forma, nos foi legado.


 

 

O REINO ENCANTADO

 

 

Às vezes, a própria natureza acaba cansando-se da intempérie. Não do tempo, mas sim, daquelas que lhes são impingidas pelo homem moderno.

Um dia, quando todo o mundo já começava a sentir-se cansado dos comércios, intrigas, guerras, politicalhas, misérias e tristezas... quando até mesmo os animaizinhos sentiam-se inseguros, temerosos pela natureza cada vez mais depredada e debilitada, uma menininha, preocupada com tudo isso, teve um sonho.

Era um sonho muito claro, muito límpido que, descera por um raio de sol e brincava em seu sono. A menininha apanhou-o e guardou-o. No dia seguinte, saiu pelas ruas contando a todos. E, é claro, todos queriam estar naquele novo sonho. Por isso, foram para o seu quintal, onde a menininha havia construído, com um raio de sol – como numa aquarela –, um lindo castelo.

A MENINA
(Música e letra de Mauro Rueda)

Abre a janela menina
que o sol começa a brotar
vem nos trazer teu sorriso
me empresta este jeito de amar

Eu quero estar em teu sonho
Porque ele um dia será
um raio de sol no fim da estrada
levando a gente pra um mesmo lugar

Vem para a rua, ensina
a gente, o arco-íris pintar
vem nos trazer a esperança
que mora em teu doce olhar

Eu quero estar em teu sonho
porque ele um dia será
um raio de sol no fim da estrada
levando a gente pra um mesmo lugar

Vem cá pra roda menina
que a nossa ciranda será
a cor da paz na paisagem
que a gente outra vez inventar
Eu quero estar em teu sonho
porque ele um dia será
um raio de sol no fim da estrada
levando a gente pra um mesmo lugar....


 

 

E lá se foram todos para conhecer o castelinho e, em seguida, combinaram que, ali, só existiria uma lei a governar o “Reino Encantado”: essa lei era o que as crianças e os animaizinhos jamais esqueceram-se de alimentar todos os dias E, por isso mesmo, somente eles ainda possuíam-no guardado num cofrezinho chamado coração: era o amor. Então, toda a riqueza daquele reino, seria o coração de cada um para que a paz reinasse sempre e sempre. Todos concordaram de forma unânime e, passaram a cantarolar uma cantiga que era mais ou menos assim.

 

O REINO ENCANTADO
(Música e letra de Mauro Rueda)

Eu fiz um castelo
lá no fundo do quintal
um reino encantado
onde não existe o mal
lá a natureza
vive sempre a sonhar
não há rei ou homem
que o possa governar
lá não há tristeza
e nem há solidão
no reino encantado
dentro do meu coração

Ai que bom seria
se a vida fosse assim
sem qualquer tristeza
só alegria sem fim

Lá não há soldados
nem há leis ou ilusão
e toda a riqueza
se faz com o coração
lá todos se amam
e vivem como irmãos
lá a paz floresce
pra alegrar nossa canção.

Ai que bom seria
se a vida fosse assim:
sem qualquer tristeza,
só alegria sem fim.


 

 

Com o passar do tempo, a notícia do Reino Encantado espalhara-se e, até mesmo os mais velhos – os adultos –, queriam ali morar.

Todos poderiam morar no reino encantado, claro. A liberdade era respeitada e proclamada por todos os seus moradores. As únicas condições para poder morar no castelinho e no reino encantado, como vocês já sabem, eram o amor e o respeito por tudo e por todos.

Ah, e também, que se aprendesse o “Hino do Reino Encantado”. Querem ouvir como é? Muito bem, então prestem bastante atenção:

DENTRO DA NOSSA CANÇÃO
(Música e letra de Júlio Pontes e Mauro Rueda)

Dentro da nossa canção
eu desenho um coração
e deixo, o arco-íris voltar.
se você quiser brincar
venha aqui, me dê a mão
e vamos, o arco-íris pintar

Mas não se esqueça do sol.
e nem se esqueça do mar.
faça o teu sonho se derramar.
faça o teu sonho se derramar.

Dentro do teu coração
eu desenho uma canção
e deixo, a esperança brotar.
teu sorriso é meu refrão
ser criança é sempre amar
a vida, com o arco-íris no olhar.

Mas não se esqueça do sol
e nem se esqueça do mar.
Faça o teu sonho, se derramar.
faça o teu sonho, se derramar.


 

 

Para comemorar toda aquela paz, aquela felicidade jamais desfrutada até então, os animaizinhos se reuniram e, resolveram promover um baile. Sim um baile onde todos pudessem cantar, brincar e se abraçar em regozijo.

Assim, a notícia espalhou-se rapidamente por todo o reino que nunca precisara de um rei para governá-lo. Então os animaizinhos puseram-se à caminho do baile:

À CAMINHO DO BAILE
(Música e letra de Mauro Rueda)

A dona coruja falou pro seu burro:
— Ó seu Valdomiro o que é que ocê tem?
E o Valdomiro, burro amuado,
num coice dizia: “Eu não tenho vintém”!
A dona cegonha passava e ria
e ria a hiena e o lobo também.
E mesmo o grilo que era sargento,
bateu continência sem saber pra quem.

Lalalaiá, lalaiá
Lalalaiá, lalaiá
Preste atenção minha garotada
que o baile dos bichos já vai começar.

Lá longe apontava a anta “dentuça”
Junto com a cobra e o rato babão
e todos os bichos foram se chegando
lagarto, carneiro, tatu e pavão.
Morcego, minhoca, macaco, elefante
veado, cabrito, tucano e o leão.
E todos se foram pro baile dos bichos,
menos Valdomiro, o burro cabeçudo,
zangado, sisudo e sem educação
no caminho empacado, cuspindo no chão.

Lalalaiá, lalaiá
Lalalaiá, lalaiá
Preste atenção minha garotada
que o baile dos bichos já vai começar.


 

 

Estavam todos contagiados e alegres. Não havia mais presságios e a paz estabelecera-se definitiva e tranqüila em cada coração dentro do reino.

Mas um dia, a menininha passeava a cantarolar pelo quintal e encontrou uma amiguinha que deixara-se quietinha num cantinho. Então, chamando-a, tomou-lhe as mãos e pôs-se a brincar: girando, girando...numa envolvente cantiga de roda.

Isso fez com que sua amiguinha, aos poucos, passasse a sorrir e a cantarolar. Os animaizinhos todos saltitavam felizes da vida porque a amiguinha voltara a ser feliz como todo o reino.

A CANTIGUINHA
(Música e letra de Mauro Rueda)

Hoje tem a rua
a lua, o raso no olhar.
Hoje tem a rosa,
a rima, o vago versejar.

Tem este segredo
de menina na cantiga.
Hoje tem estrelas
que eu colhi em sua vida

Tem o cheiro doce
de esperança do alecrim.
Tem o seu sorriso
que é criança em meu olhar.

Hoje tem ciranda
cirandeiro, oi cirandar.
Hoje tem a vida
minha amiga, vem pegar.

Hoje tem o sonho
venha logo, venha sim
Deixa essa saudade
essa tristeza e vem cantar.


 

 

No reino encantado havia muitos, muitos bichinhos e, cada um tinha uma profissão.

Sim, eles estudavam, trabalhavam e continuavam a aprender e a viver para a evolução de todos.

Havia um gafanhoto muito sorridente e brincalhão. Mas, muito atrapalhado e, sabem o que ele era? Zummmm!, era aviador!

Como era bem atrapalhado, vivia metendo-se em enrascadas . Um dia, saiu para voar por sobre a vasta e bela plantação de milho e esqueceu-se de levar o seu pára-quedas. Ainda bem que o anjinho da guarda o protegia sempre . Só que o anjinho, era também, todo, todo atrapalhado como ele. Por isso, vejam só no que deu:

O GAFANHOTO
(Música e letra de Mauro Rueda)

O meu nome é Ananias
gafanhoto aviador.
Eu cruzei os sete mares
já voei de Norte à Sul.

Ontem mesmo quando eu vinha
sobrevoando ao luar,
acabou a minha gasolina
então comecei a gritar:

Aiaiaiaiai
agora eu me esborracho
tô caindo, tô caindo
sai da frente, sai de baixo!

Me lembrei do pára-quedas
que me deu o meu avô..
esquecido deixei ele
secando no quarador...

Foi então que o meu anjo
vinha passando e notou,
emprestou-me as suas asas
depois se pôs a gritar:

Aiaiaiaiai
agora eu me esborracho
tô caindo, tô caindo,
sai da frente, saí de baixo!


 

 

Como vocês sabem, o reino encantado tinha sua sede no castelinho que fora construído, claro, no quintal da menininha.

Era um quintal muito bonito, realmente. Como ela o vira no sonho: tinha a lua, a rua, o riozinho, o milharal e muitas flores tão coloridas que, tudo tinha que ficar encantado, deveras..

Por ser um quintalzinho tão bonito, tão bonito, todos que ali foram morar cantavam todo o tempo assim:

NO MEU QUINTAL
(Música e letra de Mauro Rueda e Júlio Pontes)

Vê: no meu quintal
no meu quintal...
brotando a lua, a rua, o rio fundo
no milharal, no milharal.
E, é tão normal,
É tão normal:
a gente sonha, inventa um novo dia
no meu quintal, no meu quintal.

E sonhar é tão bonito
vem buscar esta canção
que eu te fiz
que eu te fiz.

Vêm, também sonhar
também sonhar
pra ser feliz, mais uma vez, cantar
no meu quintal, no meu quintal.


 

 

Ali, ninguém fazia estrepolias ou maldade. Um dia um menininho respondeu à sua professora. Teve um pesadelo no qual era perseguido por um implacável cobrador.

No reino não existia cobradores, por isso, todos achavam que um cobrador seria algo meio feio e desengonçado. No dia seguinte, o menininho contou à professora e daquele dia em diante, nunca mais respondeu para ninguém porque, não se deve responder aos mais velhos, faltando-lhes à educação.

O PESADELO
(Música e letra de Mauro Rueda)

Era...parece um ratinho
ou quem sabe um urubu
Um morcego até seria,
só não era um avião.
Sei lá se era um elefante,
a coruja ou um gavião.
Lagartixa ou alicate,
um repolho ou um mamão.

— O que era então, menino?
— Professora eu não sei não
só sei que quando acordei
eu já tava ali no chão...

— Eu sei lá... que coisa feia
parecia um cobrador.
Eu fiquei apavorado
e mijei no cobertor.

Talvez fosse um pesadelo
com as asas de um dragão
ou um bicho que eu conheço
mas não lembro o nome não
Será que era uma baleia?
O “He-man” ou o “Fofão”?
Ou a “Shirra” disfarçada
de minhoca com leitão.
Será que era o Silvio Santos
sem disfarce, bem feião?
Vai ver era a vovozinha
disfarçada de Lobão...

— Eu sei lá que coisa feia...
parecia um cobrador
Eu fiquei apavorado
e mijei no cobertor.


 

 

Lalá e Lelé viviam o tempo todo juntos. Eram gêmeos e muito queridos por seus pais.

Um dia eles foram para o lago: sentaram-se perto da margem e ficaram observando os bichinhos saltitando na água.

Perto deles, um sapinho achatadinho cantava. Cantava porque queria ser artista, beijar a XuXa e aparecer na Globo.

O Lelé ria e cantava para a sua irmãzinha Lalá, a cantiguinha do sapo e, sabem de uma coisa? Os dois desafinavam pra valer porque era uma musiquinha muito difícil de se cantar:

A CANTIGA DO SAPO
(Música e letra de Mauro Rueda)

O sapo, sapo, sapo na lagoa, Lalá
o sapo enche o papo não avoa, Lalá.
Lá na lagoa, um sapo a cantar...
Que sapo é esse que canta
dia e noite, dia sem parar?

O sapo é tão feio, tão feinho, Lalá.
É baixo achatadinho, coitadinho, Lalá.
Mas ele sonha, um dia ficar
lindo como nos contos de fadas
e espera que a XuXa o vá beijar.

Enquanto o sapo espera, tá cantando, Lalá.
Cantando uma cantiga sem parar.
É samba, rock in roll ou é xaxado..
danado espera a Globo o encontrar.
E enquanto a Globo marca ele ensaia
Pra na turma da XuXa abafar.


 

 

A menina, naquela manhã, levantara-se muito cedo: o coração transbordando de alegria.

Saltitando pelo milharal muito bonito e verdinho, ela viu de repente – de umas florinhas, alçando vôo –, uma linda borboleta engraçadinha que levava nas asas, as cores do arco-íris e um barquinho à vela.

Eram presentes paras outras crianças que viviam num quintal distante dali.

A menina sorriu feliz acenando para a borboleta que ia voando, voando, até confundir-se com as luzes do sol lá distante...

A BORBOLETA
(Música e letra de Mauro Rueda)

Voa, voa, borboleta
vai cortando o céu azul
leva nas asas, um sonho
pra criança lá no sul.

Leva as cores do arco-íris
pra menininha brincar.
Leva um barquinho à vela,
pro menino navegar.
Voa, voa, borboleta
Voa, voa, voa, voa!

Vai cantando esta cantiga
pra criançada sonhar
no jardim da nossa infância
lá nas nuvens qu’eu inventar.

Voa, voa, borboleta
pousa no meu coração.
Que ele ainda é criança,
pra brincar com meu irmão.

Voa, voa, borboleta!
Voa, voa, voa, voa!


 

 

Sabem o que a menina descobriu um dia? Que havia no reino, um mosquitinho japonês que vivia saudando as pessoas e dizendo saionará.

Apesar de proteger o reino encantado, pois ele era faixa preta de Karatê, o mosquitinho jamais lutaria com alguém. Ele era espertinho que só vendo: mas não gostava de brigas, não. Aliás, no reino encantado, havia somente harmonia, nunca violência ou intrigas. E o mosquitinho treinava seus “Katás” no ar:

O MOSQUITO JAPONÊS
(Música e letra de Mauro Rueda)

Um, dois, três.
Um, dois, três.
Eu vou contar pra vocês
a história do mosquito,
do mosquito japonês.

Mosquito fez “calatê”
mosquito sabe lutar..
mas mosquito sabe mesmo
é zunzum-zunzumbizar.
Mosquito vai pro Japão
pra se aperfeiçoar...
Depois luta com “Baygon”,
faz o “Flit” arrepiar.

Um, dois, três.
Um, dois, três..
Zumbe o mosquito japonês...

Mosquito fazer pastel,
pastel bem cheio de ar
pra “fleguês que é Blasileilo”
bem facinho de enganar.
Depois mosquito “Fablica”
máquina de computar
e não ensina “blasileilo”
e deixa ele se “ferrar”

Um, dois, três.
Um, dois, três.
Zumbe o mosquito japonês.
Eu contei essa história,
quem souber que conte outra
de um mosquito que é chinês.
“Saionará!”


 

 

Olhem só!!! Vejam quem vêm lá! Dagmar, a tartaruguinha atleta. É, ela está preparando-se há muitos, muitos anos, para correr na São Silvestre.

Persistente e paciente, ela nunca desiste. Mesmo porque, uma tartaruga vive por muito, muito tempo e, mesmo daqui há 50 anos, ela ainda estará treinado. Ouçam a história da tartaruguinha Dagmar:

A TARTARUGA
(Música e letra de Mauro Rueda)
(Para Dagmar Cristina da Silva)

Olha a tartaruga!
Tartaruga Dagmar.
Corre, corre, corre,
mas nunca sai do lugar.

Parece uma bolinha, coitadinha
escondida em sua casinha;
que carrega sempre às costas
daqui pra lá, de lá pra cá.
Lá vai Dag-Dagmar
a tartaruga muito louca
vai em marcha lenta
e diz que não dorme de touca

Corre-corre-corre
tartaruga Dagmar
mas toma cuidado
pra depois não decolar.

Aiaiai que cansadinha
Acabou a gasolina
na subida é fogo
não tem santo pra ajudar.
Sempre tão esquisitinha
corre, corre sem parar
pois está se preparando.
pras “Jornadas de Ibirá”.

Olha a tartaruga
tartaruga Dagmar
corre, corre, corre
mas nunca sai do lugar.
corre, corre, corre,
tartaruga Dagmar
mas toma cuidado
pra depois não decolar.


 

 

Ah, mas que danado que ele era! Contudo, a gente tem que levar em consideração que, todo macaquinho é mesmo serelepe com toda a sua alegria, saúde e energia. Primeiro porque ele era ainda um garotinho que levantava bem cedinho, fazia seus deveres escolares e, então, ia fazer suas peraltices.

Um dia, o pai dele teve que colocá-lo, necessariamente, num cantinho. Mas era só para ele sossegar um pouco. Mas, será que ele tomou jeito?

O MACAQUINHO
(Musica e letra de Mauro Rueda)

Era uma vez um macaquinho
maluquinho e peralta pra danar
vivia fazendo travessuras
e não deixava sua mãezinha descansar.

Pulava de um canto para o outro
Fazendo estrepolias sem parar
Quebrava tudo, tudo pela casa
Já bem cedinho começava aprontar

Um dia o pai dele se zangou
E não deixou o pilantrinha ir brincar
Pela floresta com seus amiguinhos
E de castigo, num cantinho foi parar

Oh mas que danado que ele era!
Lá no cantinho sentadinho a pensar
Amanhã eu levanto bem mais cedo
E novamente eu começo a aprontar.


 

 

Todos no reino, alimentavam um amor muito grande pelo cachorrinho que era muito, muito carinhoso e inteligente.

Na verdade, parecia uma criancinha brincando.

Um dia, a menininha encontrou num livro de filosofia, um pensamento de um filósofo que dizia assim:
“Quem nunca teve um cachorrinho, não pode saber o que significa ser amado”.
— Schopenhauer

Então, ela pensou, pensou e concordou concluindo: “um cachorrinho sempre ama ao seu dono e é um amiguinho inseparável”.

O CACHORRINHO
(Música e letra de Mauro Rueda)

Quem nunca teve um cachorrinho
não pode saber o que é ser amado
fiel e carente está sempre pedindo
pra gente um carinho, em seu jeito de ser

O nosso pra sempre
melhor amiguinho
filhote mansinho
bonito de ter
criança brincando
parece um bichinho
que a gente afaga
de tanto querer

Au, au, au, au,
dizia o meu cachorrinho
fazendo-me festa
por uma fresta
do seu coração
que ama e ama
sem mesmo saber
o quanto é belo
o quanto é bom...


 

 

Lelé, irmãozinho de Lalá, vivia perto da lagoa ou da banheira. É que ele sonhava em ser um piratinha: pequenino e bonzinho, é claro.

Era inofensivo e meio atrapalhado. Todos gostavam muito do jeitinho atrapalhão de Lelé que passava o dia todo cantando uma musiquinha que ele mesmo fizera para ele, porque, além de piratinha, tinha um dom natural para fazer muitas musiquinhas bonitinhas:

O PIRATA LELÉ
(Musica e letra de Mauro Rueda)
(Para o jornalista e editor, Lelé Arantes)

Eu sou, o pirata Lelé
não tenho perna de pau
mas tenho bicho de pé.
Eu sou esperto à beça
minha mãe me falou:
— Você tem é cupim na cabeça

Eu sou, o pirata Lelé
e o meu navio afundou
na banheira, foi um horror.
Eu trago, um gancho na mão
queria é ser capitão,
mas sou um tanto bobão...


 

 

A vida era muito boa no reino encantado. E o amor era sempre o mais importante. Não havia como não amar. Até mesmo um vaga-lume gaguinho e engraçado se apaixonara e adivinhem por quem?

Por uma lanterninha simpática que vivia, como o vaga-lume, piscando, piscando.

Depois de muita paquera, eles resolveram se casar.

O vaga-lume gaguinho, era gaguinho por causa de sua timidez e, claro, do grande amor que ele sentia por sua lali-la-lanterna!

O VAGA-LUME GAGO
(Música e letra de Mauro Rueda)

Lá-laialalaiá. Laialalaiá. Lalalalaiá!
Quem, quem é que vêm lá
com uma lanterna
ligada no ar?
— Sou eu, sou eu o Va...vá....
va....vá....vaga-lume...
a pi..pi...a....piscar!

E, o que fazes pra lá
pra lá e pra cá,
piscando, piscando,
sem nunca parar?

— Eu tô...tôtô...a bailar..
porque va....vi....vou ..
va...vi...vou casar!

E quem, quem é a feliz,
feliz senhorita,
que vais desposar?

-É a....ma...minha....nana..
na...ni.. namorada....
la...li...la....lanterna...
va....vi...vavi.. va o amar!


 

 

Assim, todos viveram muito, muito felizes. E mesmo depois de muitos anos, ainda se lembravam dos primeiros dias no reino encantado.

Para celebrarem sempre a paz, a amizade e o amor que pelo reino espalhara-se e jamais morreria, os bichinhos estavam sempre fazendo seus bailinhos.

Nos bailes tocavam de tudo. Mas, havia uma valsinha que era a preferida de todos, porque tinha uma moral: o compositorzinho Lelé fizera a letra falando de um homem zangado que, antes do reino existir, sempre acabava com os bailes dos bichinhos. E ele, o homem, era um ser estranho que não tomava jeito de forma alguma.

Mas deixemos o homem de lado. Lá iam a baratinha, o pernilongo, a mosca, a lagartixa e até mesmo a centopéia com quase duzentas mãos, coçando as orelhinhas!

Todos adoravam o baile e, felizes a não mais poder, cantavam e dançavam, sabendo que no “REINO ENCANTADO”, não iria aparecer nenhum homem zangado, mas sim, muita gente e animaizinhos alegres e felizes....

O BAILE
(Música e letra de Mauro Rueda)

A baratinha correndo, correndo
correndo pelo salão
corre, gira, fica zonza, olará
escorrega no sabão...
E o pernilongo zoando, voando,
fazendo uma confusão...
Toda zangada a mosca, tão moça
vem pra fazer o refrão
E a aranha, atriz de novela
fica olhando pro chão...

Vem a lala, lagartixa
de luvas e butinão...
Mas vem um sapo, uma pulga
e então
o baile vai ficar bom!
E a centopéia coça uma orelha
com quase cinqüenta mãos...
E a cobra se arrepia dizendo
um baita d’um palavrão,
E o rato que é sanfoneiro diz logo:
deixa que eu puxo a canção.
Toca os seus oito foles e valsa
enroscado no portão..
Daí chega o homem zangado
e põe fim na reunião.
Cada um vai pro seu canto de novo
cantando esta canção:
Lalalaiá-lalaiá-laiá
Eta que bailinho bom!

 

(FIM)

 

Escrito em São José do Rio Preto, 20 de Junho de 1.988.


 

 

 

As músicas e textos, bem como as letras, são todas de autoria de MAURO RUEDA e foram apresentadas em Uchoa, no Show “O Reino Encantado”, nos dias: 10\11\12 de Outubro de 1.988. E nos dias 25\26\27 e 28 de março de 1.989, em forma de musical.

Agradecimentos especiais:
Dr. Miguel José Chaddad e D. Lila Chaddad, os únicos administradores no município de Uchoa a incentivarem a ARTE e a CULTURA sem interesses. A ARTE pela ARTE. Ao casal Chaddad, dedico este livro.

Ainda: para Paulo Ferrari, José Vivan, Elton Piovani, Eliana Groto, Denise Salgado, Demerval Gordo, Doglas, Milena Groto, Cristina Prandi, que fizeram parte do Grupo e apresentações.

Antônio Seco que gravou e Erbis Secato que reeditou em VHS.


 

Este Musical foi transformado na peça infanto-juvenil
O Baile dos Bichos”,
editado pela
eBooksBrasil.org
e pode ser baixado
gratuitamente
através do endereço:
www.eBooksBrasil.org.

 

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DA OBRA.
DIREITOS RESERVADOS PARA MARICY REGINA DE CASTRO RUEDA E JOYCE DE CASTRO RUEDA.
REGISTRADO NO EDA DE ACORDO COM A LEI N.° 9.610/98.
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. BY: MAURO GONÇALVES RUEDA.


 

©2003 — Mauro Gonçalves Rueda
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Abril 2003

 

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