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ORAI PELOS PRISIONEIROS

Paulo Mauricio Serrano Neves

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Orai Pelos Prisioneiros
Paulo Mauricio Serrano Neves

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Orai Pelos Prisioneiros

Paulo Mauricio
Serrano Neves


 

ÍNDICE

Dedicatória
A Justiça
As Crianças
Os Insanos e os Drogados
Os Doentes
A Justiça
As Crianças
Os Insanos e os Drogados
Os Doentes
O Bem e o Mal de Todos
Os Caminhos da Vida


 

ORAI PELOS
PRISIONEIROS

Este texto é dedicado a todos aqueles que em algum momento de suas vidas tiveram a ousadia de colocar suas consciências a serviço da inconsciência de seus irmãos e, com a coragem própria dos que se queimam para gerar luz, puseram-se a trabalhar para alcançar o objetivo.

 

Fazenda Victória - julho de 1994.
Paulo Mauricio Serrano Neves


 

A JUSTIÇA.

Orai pelos que apodrecem nas prisões: homens pequenos, fracos, que violaram regras e subverteram valores; homens pobres de luz, cuja vida num mundo pequeno e nebuloso os levou ao crime; homens que vivem, agora, num mundo mais negro e menor.

Pelos prisioneiros do cárcere, orai!

Orai pelas vítimas desses homens, não pelo que perderam, mas por ignorarem por que foram roubadas ou mortas.

Pelos prisioneiros do destino, orai!

Orai pelos carcereiros daqueles homens, porque se prendem junto a eles e as grades não distinguem uns dos outros.

Pelos prisioneiros dos prisioneiros, orai!

Orai por todos aqueles que, de vestes negras, acusaram, defenderam e condenaram aqueles homens, certos de que suas palavras carregavam justiça.

Pelos prisioneiros das regras e valores, orai!


 

AS CRIANÇAS.

Orai pelas crianças que apodrecem nas ruas do mundo, pequenos, fracos, que ainda não conhecem regras e valores, mas que buscam luz para enxergar a vida. Orai pelos pais dessas crianças, mas não os chameis de inconseqüentes pois cumpriram o papel de multiplicar a vida. Orai pelos que dão restos e esmolas a essas crianças; pelos que lhes cospem na cara; pelos que as arrebanham e encarceram e, também, pelos que as exterminam.

Por todos esses prisioneiros da vida, orai!


 

OS INSANOS E OS DROGADOS.

Orai pelos loucos que apodrecem no mundo, que nunca conhecerão regras e valores, e nunca terão luz para enxergar a vida. Orai, também, pelos que não se consideram insanos.

Por todos esses prisioneiros da mente, orai!

Orai pelos drogados que apodrecem seu corpo, que não querem regras nem valores, e que não vêem a luz. Orai, também, pelos que os fizeram chegar onde estão e por aqueles que nesse lugar os mantém.

Por esses prisioneiros do vício, orai!


 

OS DOENTES.

Orai pelos doentes que apodrecem nos hospitais e nas ruas, e que querem regras, valores e luz. Orai pelos que os consolam e tratam e pelos que os ignoram.

Por esses prisioneiros da morte, orai!

Orai pelos famintos, pelos atormentados, pelos ignorantes.

Orai pelos saciados, pelos tranqüilos e pelos sábios.

Orai pelos homens que não sabem a que vieram e nem para onde vão.

Por todos, orai :

Pai nosso que estais no Céu e povoaste este mundo, com Almas Viventes, em corpos de pó. Sei que destes uma missão para cada uma, mas todas as missões numa só, para que a primeira lição fosse a de construir a humanidade de mãos dadas, cada uma com todas as outras.

Sei que destes, também, a cada uma, a virgindade da ignorância, não para que isto as levasse ao sofrimento, mas para crescerem no ventre do Vosso Amor até nascerem para se alimentar no seio de Vossa Sabedoria. Sei que o corpo de pó é uma leve vestimenta para a Vossa Chama, e que o fizestes transparente para que Vossa Luz brilhasse em cada um para todos.

Sei que, a cada infinito instante Nasceis e Morreis em Vós mesmo para que a pulsante Eternidade se manifeste em nossas vidas.

Sei que predestinastes ao Homem a se consumir em luz e a renascer da luz refletida para que a Vida seja Eterna e Eterno seja o Amor.

Sei que construís e destruís como atos de amor e não como projetos de inteligência.

Sei que cada um deveria ser, aqui, a Vossa Imagem e Semelhança, mas tento compreender, porque tudo começou no abismo negro da matéria e, os homens, livres para expressarem a alma através do frágil corpo de pó, se esforçam tanto para transformar o pó em pedra, aprisionar sua alma nessa muralha, e viverem olhando por frestas, sem verem a própria luz.

Sei que, quando permitistes que a serpente inoculasse no Vosso primeiro filho dileto o veneno do conhecimento, foi a ela que condenastes a rastejar sobre o próprio ventre. Ao Homem destes o poder alquímico de conjugar Convosco o mesmo Verbo, para transmutar o veneno, em antídoto.

Tento entender porque os homens usam o conhecimento para criarem os seus pecados, e os colecionam e classificam, para criarem os pecados do mundo e, assim, poderem selecionar os homens, segundo seus pecados e, então, guerrearem, pecadores contra pecadores, em busca do pecado vencedor.

Sei que fizestes ao nosso redor a natureza, para que seus exemplos, como o da semente que se doa em morte para que nasça a árvore que, em vida, dará frutos que darão sementes. Será o homem incapaz de compreender a simplicidade de multiplicar-se, doando-se?

Quando mandastes aqui Vosso segundo Filho dileto, havíeis percebido que era tempo de o homem deixar de ser criança. Deixar de lambuzar-se, com os doces da vida e de quebrar os brinquedos da natureza; deixar de cerrar os dentes para não ingerir alimentos amargos. Deixar, enfim, de brincar com a vida.

Vosso Filho deu o exemplo de morrer para criar.

Veio e disse quem era:

Eu sou o caminho, a verdade e a vida!

E a todos disse o que fazer:

Amai-vos uns aos outros!

Vosso Filho não disse que nenhum homem devia deixar de ser, antes, recomendou que cada um fosse o que é e não o que pensava ser. Vosso filho deixou aberto o caminho do Amor.

Por que o homem escolheu o caminho do Desamor?


 

A JUSTIÇA.

Os homens que acusam, defendem e condenam estão sendo justos ou ganhando o pão de cada dia? São agentes transformadores e suas palavras carregam sua consciência, ou suas palavras são ruídos de engrenagens que giram, inconscientes, sem sair do lugar?

Por acaso, os criminosos que são jogados nas prisões não estarão gerando o pão que alimenta os filhos que não querem ver encarcerados?

Os criminosos que cada um teme e a sociedade estigmatiza não serão mais ativos nas transformações do mundo?

Que sacrifícios não fazem suas almas prisioneiras em pecar para dar lições que a ciência estuda e descreve em compêndios que não trazem escrita a palavra Amor?

E as vítimas que se foram ou que perderam suas posses, não cumpriram, também, morosamente, o seu papel no cenário do crime?

E por que blasfemamos apenas contra o nosso irmão criminoso e não contra o Pai que nos chama de repente, ou que ordena a destruição do que temos?

O exemplo da violência no crime não será a repetição constante da morte do Vosso Filho, o qual queria ser o último a morrer por desamor?


 

AS CRIANÇAS.

Que perigo representam as crianças abandonadas na rua para que desejemos que não tivessem nascido?

Dói-nos a consciência do desamor ou nos sentimos ameaçados de dividir o pão?

Por que seriam filhos da inconseqüência?

Será que o direito a vida tem como fundamento um amontoado de pão?

Ou nos sentiríamos melhores, se a miséria não compartilhasse o mesmo espaço da fortuna?


 

OS INSANOS E OS DROGADOS.

O que nos faz temer os loucos e os drogados é a fúria potencial da insanidade, nossa ignorância de seus caminhos, a impotência para lidar com eles, ou o desamor?


 

OS DOENTES.

O que nos faz abandonar os doentes que não sejam nossos?

A morte que os ronda ou a indiferença que nos habita?

O que nos faz querer ignorar que existem famintos, desesperados e miseráveis?

Quanto mais tentamos ignorar que eles existem, mais lições objetivas eles produzem para afirmar que a vida é uma só para todos.


 

O BEM E O MAL DE TODOS.

A atração que sentimos pelo bem e pelo bom transforma-se em egoísmo, quando repelimos o mal e o mau, mas não conheceríamos um se o outro não existisse. Um bem nunca será tão pequeno que não possa ser sentido, e um mal nunca será tão grande que não possa ser perdoado.

Construímos nossas casas em terrenos de altos muros com defensas. Colocamos grades nas portas e janelas, soltamos cães ferozes e fazemos rondar homens armados. Cremos que assim nossas vidas e nossos bens estão guardados e salvos. Plantemos flores nos presídios e tudo ficará tão semelhante que não saberemos de onde não estamos querendo deixar sair ou onde não estamos querendo deixar entrar. No entanto, debaixo do manto negro da noite todos têm seus corpos igualmente guardados e aprisionados.

Nos presídios o sono é perturbado pela aflição, pelo arrependimento, pelo medo, pela ira, enfim, por todos os sentimentos que acreditamos tenha o indormido criminoso.

Nas casas o sono é perturbado pela aflição, pelo arrependimento, pelo medo, pela ira, enfim, por todos os sentimentos que acreditamos tenha o indormido não criminoso.

Alimentamos nossos filhos com o melhor pão; enfeitamos nossos corpos e nossas casas com os melhores pertences; enchemos nossas mentes com palavras bonitas que possam sair alto de nossas bocas, e isso nos faz pensar que somos importantes.

Pronunciamos a palavra "meu" com tal freqüência e imponência que até quando amamos dizemos ao outro: "O meu amor por você..." Amar a si mesmo, e fazer dos outros e do seu redor instrumentos para amar-se, é o caminho inverso do amor, é o desamor.

O desamor nos cega e ensurdece. Ficamos sem olhos para ver o nosso irmão e não acreditamos que exista. Ficamos sem ouvidos para ouvir o nosso irmão e confirmamos que não existe.O que colocamos no nosso exterior e que nos cega e ensurdece também nos desfigura ou nos torna invisíveis para os outros.

Quantos não estão sofrendo, nos salões dos castelos que construíram como se estivessem vivendo em masmorras?

O pão do egoísmo é azedo, o licor da vaidade é amargo, e o sono do orgulhoso não é tranqüilo.

Interrogai vossos corações!

Onde estariam as águas se os rios não as dessem ao mar?

Existiriam a grandeza e a beleza dos rios se os riachos não dessem suas águas a eles?

Jorrariam as fontes para outra causa senão a de formar riachos?

Existiria ainda o mar se não desse suas águas aos céus para serem espalhadas pelo mundo?

Interrogai vossos corações!

Aquele que fez o pão de sua manhã por acaso não se levantou mais cedo que você?

Aquele que colhe o lixo na sua porta não lhe faz um bem diário?

Será que tais homens fazem isto apenas porque são pagos ou Alguém lhes deu essa missão?

Dentro deles existe uma Chama que os iguala a você.

E você é igual ao criminoso, ao faminto, ao desesperado e ao ignorante.

Então, por que quer o melhor só para você?


 

OS CAMINHOS DA VIDA.

Não será permitido a nenhum homem mudar o caminho seu ou o de outrem, mas o Amor mostrará sempre o caminho certo.

Alguns caminhos são planos e floridos, outros cheios de espinhos e tortuosos. Todos se cruzam, e as encruzilhadas são as lições objetivas da vida. Ao passar por uma encruzilhada e cruzar com outro caminhante, não o chame para caminhar consigo se o seu caminho for aparentemente melhor que o dele, pois você não sabe o que os espera adiante. Também, não se renda à piedade e queira seguir com ele por que é mais fraco, pois o seu caminho ficará não caminhado.

Compartilhe o momento de vida e compreenda o caminho do seu irmão, sem esperar que compreenda o seu. Dê-lhe pão, se estiver faminto, e dê-lhe água, mas não lhe encha o cantil, pois se o fizer estará privando o seu irmão de receber novas lições de fraternidade nas próximas encruzilhadas. Assim também, aqueça-o do frio ou lhe dê sombra com o próprio corpo. Se nada tiver para partilhar, porque se cruzam caminhos iguais, reconheça-o como irmão, deseje-lhe paz e prossiga. Se passar por uma encruzilhada e não encontrar outro caminhante, deixe um sinal de amor para servir de alento a outro caminhar.

Assim, ainda que caminhando sozinho nunca se sentirá solitário porque o caminhar dos seus irmãos estará no seu.

E, quando cada caminhante tiver em seu caminhar o caminhar dos seus irmãos, os corpos de pedra voltarão a ser transparentes corpos de pó, e as Almas Viventes por eles brilharão, e serão tantas e brilharão tanto que não existirão mais trevas, pois os caminhos de uns serão iluminados pelas chamas dos outros.

Os homens sem brilho próprio não mais tropeçarão ou errarão de caminho, e então:

...não existirão prisões, porque os homens não cometerão mais crimes;

...não existirão vítimas nem carcereiros, porque não existirão criminosos;

...não existirão acusação, defesa ou condenação por que não existirão os homens de negro;

...não existirão crianças abandonadas;

...não existirão os loucos, os drogados, os famintos, os desesperados...

...e as Almas Viventes brilharão, e os corpos de pó se tornarão tão transparentes que a matéria se esvairá em luz e tantos e tantos se esvairão que o Nascer e o Morrer como faces da Vida Eterna se unirão num Portal, através do qual o homem verá a Face de Deus e, um dia, o atravessará para refundir-se no Universo, e por ele talvez retornar, um dia...

Se eu não me queimar,
se tu não te queimares,
se nós não nos queimarmos,
não formaremos o grande incêndio
que iluminará o futuro da humanidade.

(Nazin Hacmet)


 

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© 2001-2006 – Paulo Maurício Serrano Neves

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Fevereiro 2001

 

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