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DOCUMENTOS SOBRE FASCISMO E ANTI-FASCISMO NO BRASIL

Edgar Rodrigues (Org.)

www.ebooksbrasil.org


 

 

Documentos Sobre Fascismo e Anti-Fascismo no Brasil
Edgar Rodrigues (org)

fonte digital
Arquivo de História Social Edgar Rodrigues
[www.ceca.org.br/edgar/anarkp.html]

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©2000,2006 Edgar Rodrigues


ÍNDICE

O FASCISMO

Documento 1
Documento 2
Documento 3

O ANTI-FASCISMO

Documento 1
Documento 2
Documento 3
Documento 4
Documento 5
Documento 6
Documento 7
Documento 8
Documento 9
Documento 10
Documento 11
Documento 12


DOCUMENTOS SOBRE FASCISMO E ANTI-FASCISMO NO BRASIL


 

O FASCISMO

No Brasil esta idéia política da extrema direita apareceu ora sob a máscara de um "trabalhismo controlado por leis de exceção" ora sob a denominação de "Ação Integralista". Na verdade, as diferenças provinham mais exatamente dos interesses dos grupos políticos que o defendiam do que da diferenciação de sua doutrina.

O trabalhismo agitado pelos homens que tomaram o poder nas mãos a partir de 1930 era uma miscelânea de fascismo italiano com uma compreensível dose "de novidades" enxertadas pelos encarregados da interpretação, tradução e ajuste aos costumes e necessidades brasileiras, acrescido de meios "constitucionais" para prorrogar indefinidamente o governo provisório.

O Integralismo tinha um pouco de fascismo italiano, um pouco de nazismo alemão, com um tempero português e brasileiro, visava servir a Deus, ao Papa e levar ao poder uns poucos egocêntricos capazes de transformar o Brasil num vasto campo de concentração. Desde o seu aparecimento em público, em suas paradas prussianas, principalmente na cidade de São Paulo, por mais de uma vez transformada em praça de guerra, os seus objetivos não deixaram margem a dúvidas.

Suas idéias expressas em milhares de panfletos refletem os seus objetivos e dispensam qualquer comentário.

Edgar Rodrigues


 

Documento 1

Pão, Terra e Liberdade

Sem Deus, sem Pátria e sem Família, não pode existir pão, terra e liberdade.
Quereis a prova?

I - O Pão

Na Rússia, um operário precisa de trabalhar 17 horas para obter o alimento que um operário nos Estados Unidos obtém em 4 horas. Sabendo-se que o operário americano, no cruel regime liberal-democrático, já não está bem, calcule-se que pão come o operário russo!

II - A Terra

Na Rússia, a terra é do camponês, mas a colheita pertence ao Governo! Há dias veio um telegrama anunciando o fuzilamento de vários camponeses, por terem escondido um pouco de trigo, para alimentar suas famílias. A Rússia está dividida em duas classes: os que produzem e os que consomem. Quem produz? Os camponeses e os operários. Quem consome? Os dirigentes, que ainda agora deram bailes suntuosos, onde fulguraram as jóias e rodou champanhe!

III - A Liberdade

Acaba de ser decretada a pena de morte para crianças de 12 anos para cima. Quem a anunciou? A agência telegráfica a serviço do próprio Soviete!

Conclusão

Operários! Que se abram vossos olhos! A Aliança Nacional Libertadora vos fala com a mesma linguagem dos bolchevistas de 1917.

Tereis de trabalhar 17 horas para comer mal. Podereis ter a terra, mas nunca o fruto da terra. Vossos filhinhos serão condenados à morte.

Operários! Vosso lugar é com os vossos companheiros que aos milhares já estão no Integralismo. Só o Integralismo dará Pão, Terra e Liberdade.

Sem Deus, não há justiça, logo não há pão.

Sem Pátria, não há direitos para os nacionais, logo não há terra.

Sem Família não há dignidade humana, logo não há liberdade.

Só o Integralismo dará Pão, Terra e Liberdade, em nome da justiça de Deus, da honra da Pátria e dos direitos da Família!


 

Documento 2

Alerta contra os Mistificadores "Anti-Fascistas"!

O capitalismo internacional, que escraviza o Brasil e oprime os que trabalham e produzem, organizou recentemente, apavorado, com o plano de economia dirigida, da extinção dos partidos políticos, de defesa das classes produtoras e do operariado em geral pregado pela "Ação Integralista Brasileira", uma campanha contra o integralismo, com a denominação de "anti-fascista".

As idéias de Pátria, de Unidade Nacional, de fortalecimento da Nação, que o integralismo prega de modo a poder sustentar através de um governo forte, a defesa dos humildes, dos explorados, dos escravizados aos juros e aos impostos, essas idéias contrariam os interesses dos Rotschieds, dos Lazard Brothers, dos Dillon Read, da Light and Power, dos opressores. Essas idéias são combatidas pelos inimigos do Povo Brasileiro. Entretanto, como não lhes fica bem empreender tal campanha, pois ficariam desmascarados, os tais escravizadores da Pátria e do Operariado estão usando dos serviços dos celebérrimos "anti-fascistas".

Como prova disso, chamamos a atenção do operariado para esta circunstância: nos boletins distribuídos pelos lacaios do capitalismo internacional nunca foram atacadas as Empresas Poderosas, os grandes "trusts", o banqueirismo internacional, os partidos liberais democráticos, os políticos!

Não! Esses o "anti-fascismo" não ataca, porque está sendo pego por eles para evitar que o povo se levante para sacudir o jugo e a opressão! o que os "anti-fascistas" atacam é o Integralismo, porque sabem que este salvará os operários, este redimirá o povo brasileiro, engrandecerá o Exército Nacional e a nossa Armada, este fará a Nação erguer a cabeça leoninamente para se defender contra os corvos que querem comê-la viva!

Eis aí desmascarados os "anti-fascistas", que têm tido tanta liberdade nesta terra para fazerem meetings, em que o nome da Pátria é enxovalhado!

Alerta, operários, contra esses vendidos ao capitalismo internacional, agentes dos banqueiros de Londres e Nova Iorque, que são irmãos dos mesmos judeus de Moscou.

Um Integralista


 

Documento 3

— Não acredita V. Ex. no Comunismo?

Na Rússia, também não acreditavam. E ele veio, enquanto os partidos se degradavam esterilmente.

Também na Hungria pensavam assim e o comunismo dominou 3 meses, fuzilando grandes massas de burgueses, de sacerdotes, industriais e comerciantes.

— É sua opinião que não nos devemos alarmar?

Também no Chile pensavam assim e o comunismo deu o golpe, dominou 23 dias, assassinando a todos os que como V. Ex., não acreditavam nele.

— Julga que a polícia e o exército podem garantir a V. Ex. e sua família?

Pois saiba V. Ex., que há mais de 4 anos no Brasil vem sendo cumprida à risca a ordem da III Internacional, que é a infiltração nas classes armadas.

— Imagina V. Ex. que os comunistas, se tivermos 2 ou 3 dias de confusão, pouparão as propriedades e as famílias de V. Ex.?

Pois então V. Ex. Não se recorda da revolução de 24 (quando não havia ainda propaganda bolchevista organizada!) e dos assaltos e saques que então se deram em São Paulo.

— É V. Ex. religioso (católico, evangélico, espírita) e pensa que o comunismo respeitará a religião?

Na Rússia e no México foram fuziladas dezenas de milhares de homens e mulheres por terem religião.

— Conhece V. Ex. uma página de Orsendowaski, descrevendo o que foram as primeiras 24 horas da revolução vermelha de Moscou? Procure ler, porque aquelas cenas em que a soldadesca arrastava as jovens burguesas em espetáculo público de degradação, devem ser conhecidas dos pais de família.

Se V. Ex. tem coração para amar a Deus, à Pátria e à Família? se é um pai, um esposo, um irmão, um filho, capaz de se comover, diante da tempestade de lama que ameaça o seu lar, faça alguma coisa, urgente, em benefício da contrapropaganda que os integralistas querem desenvolver de um modo intensivo.

Esses moços, que já têm combatido nas ruas, sacrificando interesses e a própria vida (já morreram 3 abatidos pelos comunistas) pedem, em nome do sangue derramado, a vossa atenção, um pouco do vosso esforço para esta causa sagrada!

(Publicação do Departamento de Publicidade da Ação Integralista Brasileira)
Província de São Paulo


O ANTI-FASCISMO

 

O "Nacional Socialismo" agitado por um grupo de alemães teve como figura de proa Hitler, que contou com a ajuda do Capitalismo Internacional. Henry Deterding, rei do petróleo britânico, a General Motors, a fábrica francesa de armas, Schneider Creuzot, o banqueiro Morgan (Ver a respeito o livro "Novos Rumos" de Edgar Rodrigues), foram alguns dos responsáveis pela fobia germânica, que encheram cheques para que o Führer pudesse "modelar a vontade"; deslindar o caos; ordenar novamente um mundo saído dos eixos; manter a ordem vigilante, combater a "Servidão dos juros" e o marxismo porque este destrói o Estado, nega a Pátria, a família e a propriedade privada, e porque entregou a Alemanha nas mãos do mamonismo judeu. Sob os efeitos desta tônica o nazismo se implantaria escudado na violência, no terror e no crime!!! Mas a ajuda internacional tornou Hitler um gigante em poderio militar; um racista assustador; um cruel combatente duma horda de assassinos de raros paralelos na história da humanidade!

Cresceu demais; tornou-se um monstro embriagado por delírios de poder, e por isso perigoso.

A pujança do nazismo era estribada no direito do porrete e dos campos de concentração!

Caminhos semelhantes seguia o Integralismo, que "nascera" para acabar com algumas "perigosas ilusões" do liberalismo: "A idéia política do Cosmopolitismo; o vício do sufrágio popular e o domínio do número sobre a qualidade; a miragem do racionalismo; do operariado se envolver em lutas políticas e sociais, na tarefa utópica da reorganização da sociedade ao invés de confinar-se nos seus interesses puramente profissionais".

O Integralismo era para os percursores portugueses e seguidores brasileiros, uma teoria "plenamente realizada no domínio de idéias e realizável no domínio dos fatos".

Em verdade o seu pano de fundo era o apoio do capitalismo apavorado com os resultados da guerra 1914-18, que deflagrada para esconder e justificar falências fraudulentas dos governos burgueses, não atingira seus objetivos e a questão social continuava latente, assustando a burguesia. Seu lema era o velho chavão monarquista "Deus, Pátria e Família", que em última análise resumia-se numa gritante desigualdade social e na insolúvel luta de classes.

Por outro lado, o fascismo estudado à sombra do palácio papal, agitava impetuosamente as camadas conservadoras, graças ao ex-ateu e socialista, Mussolini e ao dinheiro dos banqueiros e da Coroa italiana.

Mussolini falava dos princípios de 1789 como antítese dos seus.

"A Igualdade substituiu a hierarquia, à liberdade, à disciplina, à fraternidade, o devotamento pelos destinos da pátria".

O próprio Churchill que não tardaria a ter de enfrentar a fúria do nazi-fascismo dissera categoricamente na embaixada inglesa em Roma:

"É absurdo dizer-se que o governo italiano não se apoia em uma base democrática. Se eu fosse italiano estou certo de que estaria integralmente convosco, desde o começo até ao fim, na vossa luta vitoriosa. O vosso movimento prestou um serviço ao mundo inteiro". Isto apesar de já se ter implantado a ditadura fascista depois de ter "assistido ao enterro do cadáver putrefato da liberdade", e da transformação de partidos políticos em "um partido único, nacional" onde o slogan era: "ser antifascista era ser anti-nacionalista" no sentido contrário aos interesses nacionais.

A idéia "italiana" agitada por Mussolini resumia-se em: "Para o fascismo, o Estado é a síntese superior dos valores individuais constituindo a nação, organismo vivo e ativo que cumpre, na vida do gênero humano e na formação da civilização, uma missão especial determinada pelo gênio da raça. Essa missão exige a união, a coesão, a disciplina. Donde a necessidade de reprimir todas as tentativas que procurem romper essa união e essa disciplina de valores".

"O dever preciso da Itália fascista, é preparar todas as suas forças armadas da terra, do mar e dos ares. É preciso poder, num dado momento, mobilizar 5 milhões de homens; é necessário poder armá-los; é preciso reforçar nossa marinha e é indispensável que a aviação, na qual temos sempre mais confiança, seja tão numerosa e tão potente que a superfície de suas asas possa obscurecer o sol sobre a nossa terra.

Poderemos então, quando entre 1935 e 1940 estivermos no momento vital da história européia, fazer ouvir nossa voz e ver, finalmente, reconhecidos nossos direitos".

Sob o signo desta idéia "as cadeias italianas abrigavam 60.000 prisioneiros por delito de opinião", muitos dos quais morreram tragicamente nos estreitos compartimentos ou em plena rua executados pela máfia mussolínica.

O Brasil era então sacudido por adeptos do nazismo, do integralismo e do fascismo, pela "ação integralista brasileira", e pela contra-ofensiva dos homens do governo nascido por obra e graça da revolução de 1930 e dos golpes vibrados a pretexto da revolução paulista de 1932 e do "Plano Cohen de 1937".

Para marcar uma posição discordante, anti-fascista-nazista-integralista, o proletariado do Brasil e os homens liberais fizeram publicar e distribuir milhares de manifestos dos quais selecionamos os seguintes:

Edgar Rodrigues


 

Documento 1

Anti-Fascistas, Alerta

(Grande Assembléia Geral Anti-Fascista a realizar-se sexta-feira dia 23 às 20 horas no salão Celso Garcia - Rua do Carmo, 23)

Cidadãos, homens livres, pensadores, idealistas, como última arrancada do reacionarismo histórico o fascismo ameaça ruir em todo o mundo os últimos resquícios do direito de pensar. Uma ação firme e decisiva capaz de varrer essa larva peçonhenta e abismá-la nas catacumbas romanas de onde surgir, se faz mister.

Todos, indistintamente todos os que aspiram a um regime de bem estar e liberdade devem comparecer a esta assembléia preparatória a fim de coordenar energias e realizar uma força inconcussa e viril apta a garantir a liberdade de imprensa e de palavra, de pensamento e de organização cujas conquistas hão-de possibilitar os debates serenos e atilados de todas as tendências e as idéias que devem reger os destinos da humanidade na senda do progresso e da liberdade.

No Brasil, os arremedos estriônicos e mussolínicos começam a aparecer olfatiando sorrateiramente a ocasião. Nalguns bairros de São Paulo os mensageiros dos "duce" trabalham desesperadamente no recrutamento dos "squadristi" que devem envergar a camisa oliva e iniciar a matança e a destruição fazendo reviver em pleno século XX a invasão dos bárbaros inimigos da ciência e da civilização.

Espera-se de um momento para o outro a terrível "marcha" que deve reduzir ao silêncio toda essa eclosão de novas esperanças que vibram no jovem povo brasileiro, e será uma dolorosa realidade se todos os homens de consciência livre não se organizarem numa avalanche forte que faça respeitar os direitos do homem.

Viva a Liberdade e o Progresso!

Morte ao Fascismo

São Paulo, Junho de 1933

O Comitê Organizado


 

Documento 2

Comitê de Agitação Anti-Fascista

Aos Homens Liberais de todas as Tendências

O Comitê de Agitação Anti-Fascista, sentindo a necessidade de identificar a obra contra a horda fascista que, a semelhança do feito em Itália Alemanha e outros países, quer acabar com as liberdades populares, substituindo-as por um regime de barbárie e obscurantismo medieval, convida os anti-fascistas de todas as tendências, de todos os credos, a comparecerem ao comício que se realizará terça-feira, dia 4 do corrente, às 20 horas, no salão da Rua Quintino Bocaiúva, 80, cedido ao comitê pela Federação Operária e demais organizações que tem a sua sede naquele local.

A Comissão()


 

Documento 3

A Federação Operária de São Paulo Contra a Ameaça dos Integralistas

A hidra integralista, qual serpente venenosa, pretende, mais uma vez, exibir suas forças mercenárias nas ruas da Capital.

Plínio Tômbola, instigado e financiado por Hitler e Mussolini, quer tomar São Paulo, sem o qual não poderá implantar no país o regime de terror e da mordaça contra o povo.

Povo de São Paulo, de pé contra o integralismo!

Se a lição não foi dada aos camisas verdes nomemorável dia 7 de Outubro(), quando pretendiam fazer uma demonstração de força na Praça da Sé, não bastou para esmorecer as pretensões e as ambições de poder desta gente fantasiada de verde, será mister que o povo renove a lição com mais energia.

Mães, esposas, filhas e noivas, não permitais que os vossos entes queridos tomem parte nas manifestações integralistas, pois que essas manifestações constituem uma afronta e um insulto ao povo, e o povo de São Paulo saberá, como tem sabido fazer até hoje, repelir à altura essa afronta aos princípios da liberdade.

No dia 26 do corrente, os integralistas pretenderam fazer como anunciaram a sua ridícula exibição de "camisas verdes", lá deverão estar todos os homens que tenham vontade de lutar contra a escravização do povo brasileiro, dispostos a escorraçá-los da praça pública, evitando assim que no Brasil aconteça o que está acontecendo em Itália, onde Mussolini, depois de ter levado o país à derrocada financeira, não recua agora diante do monstruoso crime de levar a guerra e a morte às terras africanas, sacrificando a mocidade italiana às suas ambições de domínio imperialista e levando aos lares a ruína e a desgraça.

Contra a Tirania Sonhada por Plínio Salgado, De Pé Todos os Trabalhadores

Contra o Fascismo, Contra a Guerra, Contra os Camisas Verdes.

A Postos, Proletários!

Viva a Liberdade! Abaixo a Reação!


 

Documento 4

Um Apelo aos Homens Livres e ao Povo em Geral

Chegou o momento de reagir decisivamente e por todos os meios contra a farsa integralista. A sua demagogia está agora visando diretamente as massas trabalhadoras do Brasil, pedindo o apoio justamente daqueles contra quem essa organização facinorosa se está formando, como o fascismo na Itália, e o nazismo na Alemanha. Atrás de cada camisa oliva está um padre, um capitalista, um embusteiro, um tirano. A sua gritaria de aparência revolucionária é estudada, calculada, para atrair os que sinceramente se insurjam contra a organização opressora em que vivemos, com o fim de desnortear a classe trabalhadora canalizando, em benefício dos exploradores do povo os nossos sentimentos de revolta contra as injustiças que sofremos.

Se alguém duvidar do que afirmamos, que observe a situação do povo trabalhador nos países onde o fascismo, sob as suas diversas formas, atingiu o poder. O fascismo, como se vê, é um instrumento do clero e da plutocracia para sufocar as justas pretensões do povo oprimido e explorado a uma vida mais humana.

Neste momento, mais do que nunca, os trabalhadores das cidades e dos campos, assim como o funcionalismo público, os militares e os marinheiros, profissionais liberais e os intelectuais devem se unir contra esses lacaios dos potentados que ousam dirigir-se a nós e arremedar a manifestação de revolta do povo para melhor servirem seus chefes com entusiasmo é regulado pelos cofres dos tubarões das finanças brasileiras e estrangeiras. A propaganda nazista é paga pela Alemanha; a propaganda fascista é paga pela Itália. Esses elementos aqui agem ostensivamente como em terra conquistada. A propaganda integralista é paga e encorajada não só por essas nações e pelo clero como também por todos os elementos reacionários que têm interesses capitalistas no Brasil e esperam prolongar o mais possível esta regime de exploração do povo brasileiro.

A ação contra o integralismo precisa organizar-se cada vez mais e tomar corpo para maior eficiência. Para isso, fundou-se a Liga de Ação Contra o Fascismo.

Todas as associações operárias ou outras do país são por este meio convidadas a constituir os seus "Comitês de Ação e filiá-los a esta liga, as que ainda não o fizeram. Os que não pertencerem a nenhuma sociedade liberal, podem individualmente trabalhar nessa obra arranjando mais quatro pessoas de suas relações que estejam animadas dos mesmos ideais, constituindo, assim, um núcleo de ação desta liga.

Além disso, haverá sempre oportunidade de trabalhar contra as hordas fascistas. Na sua cidade, na vila, no seu bairro, na sua rua, sempre haverá um meio de prejudicar essa terrível organização que visa escravizar de uma vez o oprimido ao opressor, o explorado ao explorador.

Sirva esta mensagem de um grito de alerta. Que por toda a parte o proletariado se insurja contra a farsa fascista e desmascare os embusteiros. O proletariado devolverá o seu protesto como achar mais conveniente, contra as organizações fascistas dos bairros e das cidades. Deve vigiar suas sedes, seus chefes assim como marcar bem os traidores do proletariado que prestam serviços nessas desavergonhadas milícias de desclassificados. Os "garçons" não devem servir nos seus banquetes; os empregados de teatros não devem trabalhar para que eles realizem suas conferências; os "chauffers" não devem transportá-los; os gráficos não devem fazer-lhes os impressos, impedindo a sua propaganda nos jornais.

É preciso que a luz se apague nos salões de conferencistas, impedir o seu comparecimento em público. É preciso que o gaz sulfúrico torne impossíveis suas festas. É preciso, de qualquer forma, perturbar as suas reuniões, as suas passeatas parciais ou gerais. Enfim, é preciso reagir por todos os meios contra a ação dos inimigos dos trabalhadores, dos que são pagos pelos inimigos do povo para nos subjugar de todo aos seus vis interesses, às suas ambições de lucro, de mando.

A Liga de Ação Contra o Fascismo já está articulando a sua atividade por todos os Estados do País, promovendo, estimulando e dando mais vigor à luta contra essa nova forma de escravidão que já desgraça outros povos e que aqui está ganhando terreno graças ao auxílio direto dos grandes capitalistas estrangeiros, dos agentes do Vaticano e de certos governantes que criminosamente estão lançando mão dos dinheiros da Nação para auxiliar esse bando de criminosos, fornecendo passagens aos chefes para viajarem por toda a parte do Brasil, passando regaladamente à custa do povo.

Como uma surpresa afronta aos brios dos brasileiros, sujeitaram o Exército Nacional à humilhação de ver encabeçado o desfile de 7 de Setembro, em plena capital da República, por um bando de integralistas, entre os quais figurava a ralé dos bas-fonds sociais camorristas ao serviço do fascismo italiano e a escória dos invertidos do nazismo alemão.

O fascismo que se pretende implantar no Brasil e que, para honra nossa, com os próprios recursos não ousaria aparecer em público, está sob a proteção de elementos governamentais que dele pretende servir-se para conseguir o domínio do país.

Para impor o fascismo no Brasil jesuiticamente se congregam os elementos reacionários, inimigos do bem-estar e da liberdade do povo: os ultramontanos ao serviço do Vaticano, os plutocratas, grandes capitalistas nacionais e estrangeiros e a corja dos profissionais da política.

A vitória do integralismo será a derrocada de todos os princípios liberais, a perseguição aos homens de dignidade, aos militantes do proletariado, a implantação do regime da exploração, da violência, das humilhações, do crime e de todas as suas manifestações mais odiosas.

Contra esta terrível expectativa é preciso agir já, sem perda de tempo, sem hesitações, decididamente, com energia, com desassombro, em todos os lugares e por todos os meios.

Para o fascismo (integralismo) não há direito de cidade, não pode haver tolerância, pois ele é a organização da violência para o domínio da tirania.

Quem ama sua liberdade e a da coletividade, quem quer sossego de sua família, quem não quer ser escravo nem ver o Brasil transformado numa grande prisão deve repelir o integralismo, que é no Brasil o fascismo que ensangüenta e esfomeia a Europa.

Quem se conservar indiferente ou auxiliar a horda fascista no País será autor da própria desgraça e da do povo brasileiro.

A luta, pois, sem perder tempo, em todos os recantos do Brasil, contra o integralismo, que é o fascismo sob nome diverso mas orientado com os mesmos propósitos criminosos.

A ação contra o fascismo deve ser desenvolvida de todas as formas individuais, em grupos, em conjunto de associações, lançando mão de todos os recursos que possam anular o desenvolvimento do integralismo e chegar, no mais breve espaço possível à extinção da derradeira manifestação do último bando desses mercenários criminosos dos reacionários que pretendem escravizar de vez o Brasil à sua ambição de acumular graúdas fortunas à custa do sacrifício do povo.

É preciso que cada um saiba onde ficam as sedes, os pontos de reunião dos bandos integralistas, dos fascistas italianos, dos nazistas alemães, as residências dos chefes gerais e de cada bando, acompanhando seus passos, tê-los sempre de guarda, indagar de seus propósitos, estar, enfim, ao par de tudo quanto fazem ou pretendem fazer, perturbando, impedindo todas suas reuniões e passeatas.

A cada violência de que porventura um militante operário, um homem liberal, uma associação, um jornal, um sindicato operário, ou qualquer elemento anti-fascista venha a sofrer, deve-se responder com a ação imediata, pronta, enérgica, decisiva, individualmente, em grupos, em multidão, contra os chefes ou chefetes, contra as sedes, contra tudo o que cheira a fascismo, a integralismo ou nazismo principalmente os seus chefes.

Quem ainda não pertencer a uma organização de combate ao fascismo que se alie imediatamente a outras anti-fascistas e forme um grupo de rua, de bairro, de cidade, de fazenda, de fábrica, de estabelecimento comercial ou industrial, procurando estabelecer as relações dos grupos, associações liberais e sindicatos operários para uma ação conjunta. Mas que não haja hesitações, agindo cada qual onde e como possa, sem esperar pelos indecisos, sem sectarismo e à margem de qualquer política, princípios sociais ou crenças, para que não haja desespero. Cada um manterá seu ponto de vista doutrinário para agir no campo de suas idéias ou crença sem abandonar, porém, o contato ao integralismo em conjunto com os demais antifascistas ou particularmente. O importante é agir sem tardança contra o nosso maior inimigo - o fascismo.

Qualquer iniciativa contra o fascismo deve ter a participação de todos os antifascistas, que devem comparecer, prontos para tudo, a todas as conferências, reuniões, comícios e manifestações.

Contra o Integralismo: Ação! Ação! Ação!

Abaixo o Fascismo!

Liga de Ação Contra O Fascismo


 

Documento 5

União dos Artífices em Calçados
(Filiado à Federação Operária de São Paulo)

O Fascismo é uma terrível fera que tem a cabeça em Roma e o estômago em toda a parte.

Trabalhadores em Calçados Ouvi!!

A todos aqueles companheiros que ignoram ainda o valor da organização operária e que se ausentam por isso das assembléias e reuniões amedrontados pelos arreganhos patronais, fizemos sempre o possível de mantê-los de atalaia contra as investidas inescrupulosas do capitalismo e do Estado.

Um fato apenas nos admira e nos compunge inquietando-nos cada vez mais: é a resignação incrível com que a maioria dos trabalhadores aceita, e recebe de bom grado todas as imposições imagináveis por mais absurdas que sejam, sem pestanejar, como se fossem seres inanimados, indolentes, sem sentimentos próprios e insensíveis. Há tempo de evita-las; combatendo-as, falamos-lhe da caderneta do trabalho que nada mais foi do que o acúmulo de centenares de contos a benefício dos diretores do departamento do trabalho. A lei de férias diremos, não será cumprida senão pela revolta e pela pressão da massa trabalhadora organizada; e isto foi, é, e será incontestável porque só são cumpridas, rigorosamente cumpridas as leis truculentas e de excepção contra a liberdade de pensamento e contra as organizações dos trabalhadores. A carteira profissional instituída pelo Ministério do Trabalho, que não é mais do que uma nova edição da célebre caderneta de trabalho, já foi desmascarada por nós e deve ser repudiada por todos os operários dignos porque é o início do fascismo brutal no Brasil, neste Brasil que tudo precisa, que tudo carece, menos a guerra civil e fratricida, que é o fascismo.

Trabalhadores! Nada há de útil e aproveitável para nós nessa invenção catriônica de Mussolini. Deveis convir companheiros, que se algum benefício houvesse para nós com a instituição fascista, esta não partiria por certo da canalha de cima, da burguesia que sempre foi inexorável, ladra, impiedosa até explorando-nos mais e mais, até reduzir-nos à situação espantosa e miserável em que nos encontramos. Há um fato notável que a burguesia não pode esconder e não pode resolver: Mais de quarenta milhões de desocupados vivem em permanente inquietação como um "vereditum" terrível contra os que se locupletaram com o suor alheio e condenaram à fome e ao desespero mais de meia humanidade, o proletariado. As idéias modernas de igualdade e fraternidade já vivem armazenadas no pensamento dos párias como solução única para o grande problema social.

A burguesia entretanto não sente rubor de si mesma e persiste com os privilégios a atravessar os imperativos humanos, e para isto não exita no emprego dos mais nefandos processos que outrora se chamaram as fogueiras da santa inquisição e que hoje se apresenta sob o qualificativo nojento e abominável de fascismo.

O fascismo é a lasca da jangada onde a burguesia se agarra no estertor de sua agonia. O fascismo é a negação completa e total das liberdades mais comezinhas. O fascismo é domínio absoluto dos ricos, dos parasitas, contra os pobres, os trabalhadores. Não! não deixeis vossos filhos envergar a camisa fatídica do "fascio", porque é a maior vergonha para a mocidade. Esposas! não consintais que vossos maridos defendam o fascismo porque é contra o futuro dos vossos próprios filhos. Noivas! Vós que sois moças cheias de energias, vós que sonhais um lar lindo e tranqüilo, oh! jovens donzelas que as vicissitudes da vida ainda não entorpeceram o vosso tenro coração pensai no futuro risonho que vos espera e olhai para o passado negro do qual ainda não conseguimos sair, não permitais que o elegido do vosso coração ingresse nas manadas das hordas fascistas porque essas são a escola do crime e da brutalidade. Trabalhadores! Se o crime fascista se praticar, os cofres da Bastilha de Cambucy e dos Gusmões funcionarão de novo para todos aqueles que tiverem a ousadia de exigir um pouco mais de pão, de trabalho e liberdade.

Em vossas consciências, em vossas atitudes é que está também o vosso futuro.

Sapateiros de São Paulo!

Dia 5 de Agosto próximo será comemorado com um grande festival no salão das classes laboriosas o 16º aniversário da fundação da União dos Artífices em Calçados e Classes Anexas de São Paulo.

Estará presente a esta magna sessão solene uma representação da Aliança dos Operários em Calçados do Rio de Janeiro.

É um dever de todos os sapateiros conscientes assistir ao 16º aniversário de sua organização de classe

Segunda-feira próxima haverá uma bela conferência pelo Prof. Adelino Pinho

São Paulo, Julho de 1933.

A Comissão


 

Documento 6

Federação Operária de São Paulo Contra a Horda Fascista

 

Não preocuparia à Federação Operária de São Paulo o fascismo indígena que nos ameaça, se este partisse exclusivamente dos chamados integralistas ou dos "camisas azuis". A psicologia do povo brasileiro autorizar-nos-ia a despreocupar-nos de um movimento, repelido pelo individualismo de seus habitantes e pelo caracter progressista e liberal de todas as camadas sociais, porém, como verificamos que a ambição de alguns homens públicos serve de instrumento aos eternos inimigos da liberdade e que estes não perdem ocasião para reconquistar o predomínio de que gozavam em épocas passadas, vemo-nos na necessidade de dar nosso brado de alarme contra essa hidra com que o capitalismo e o clero, pretendem defender-se da investida eficaz, dos que reclamam o direito a um humano viver.

Características do Fascismo Indígena

A reação estatal-capitalista, conhecida com o nome de fascismo, em cada país, adquire diferente modalidade e denominação. Drástica em alguns, como Itália e Alemanha, teimada em outros como Espanha, Portugal, Argentina, Brasil etc. etc., em todos vai realizando sua nefanda missão. Aqui mais do que em outra parte manifesta-se hipocritamente. Não envereda abertamente pelo lado da violência, não emprega o "manganello", nem o óleo de rícino, mas cria a desorientação entre os assalariados, divide o movimento operário, cria uma legislação destinada a sufocar toda a ação reivindicatória das classes produtoras e impedir as liberdades populares.

 

Os Sintomas de Fascismo no Brasil

Desde a instalação do Governo Provisório da "Nova República", constatamos que juntamente com alguns sinceros liberais um grande contingente de retrógrados, jesuítas de casaca e agentes do capitalismo, haviam tomado conta do poder.

O Ministério do Trabalho e os Departamentos Estaduais de trabalho, foram a primeira vitória desses elementos. Prevendo as consequências, em 20 de Janeiro de 1931, publicamos um longo manifesto e desde aquela data temos sido incansáveis em demonstrar o perigo de certas atitudes e determinadas leis.

Fora da realidade ambiente, os elementos que haviam lutado contra a oligarquia perrepista, por verdadeiro espírito liberal, viram em nossa atitude um sectarismo extremista e longe de contribuir para sufocar a incipiente reação, a acalentarem, deram-lhe vida com seu indiferentismo e até com seu apoio.

Alentados assim, os reacionários, em breve tempo abandonaram a máscara com que encobriam suas intenções e não se fizeram esperar as leis ditadas pelos grandes industriais, terra-tenentes e financistas, nem os Decretos elaborados nos palácios episcopais.

O ensino religioso nas escolas, aspiração máxima do clericalismo, teve sua sanção oficial.

As leis, de sindicalização, dos dois terços, das comissões mistas, da caderneta profissional, etc, etc., dizem bem claro da vitória do fascismo governamental. E não parou aqui a obra dos lacaios do capitalismo e do clero. Na repressão violenta dos movimentos grevistas, na perseguição aos militantes das várias correntes ideológicas, na censura à imprensa proletária, nos assaltos às organizações obreiras, na expulsão de idealistas, temos manifestações patentes, de que o fascismo que nos ameaça não é o dos camisas olivas ou azuis. Os fascistas no Brasil estão ocultos nos ministérios, nas embaixadas, na magistratura e o que é de lamentar, no próprio exército, donde onde ocupam os postos de maior responsabilidade.

A "Frente Única" Anti-Fascista

Tão vivas foram as manifestações fascistas ultimamente, que as correntes liberais deixaram de sorrir ceticamente e compreenderam que à margem do povo se estava processando uma transformação político-social, que fatalmente redundaria na morte da democracia.

Ainda que tarde, reconheceram a necessidade de agir em defesa das liberdades populares e trataram de recobrar o tempo perdido com uma aliança, uma "frente única" até os que sempre condenaram, os libertários e as organizações apolíticas.

Coerentes com nossa conduta e cientes que a defesa da liberdade não é patrimônio exclusivo de determinados indivíduos ou idéias, comparecemos por uma representação devidamente autorizada pelas organizações que integram a Federação Operária de São Paulo, a reunião convocada pelos vários partidos e grupos anti-fascistas desta capital.

De acordo com nossa orientação e com a norma com que até aqui temos seguido, a delegação das organizações, juntamente com os representantes dos jornais libertários, pugnaram e defenderam a ação conjunta de todos os indivíduos anti-fascistas, sob as bases da mais ampla autonomia de facções, princípios ou doutrinas. Não o entenderam assim os promotores da reunião que a outrance queriam a frente única de partidos e organizações sindicais, pelo que os que não estamos de acordo com "frentes únicas" de fachada, nem com compromissos partidários, ficamos à margem da coligação, porém como sempre estivemos, continuaremos na vanguarda das forças que combatem o fascismo em todas suas manifestações e prestaremos incondicional apoio a toda a obra que vise realmente, defender as liberdades conquistadas.

A Federação Operárias de São Paulo, as organizações a ela aderentes e os libertários, prosseguirão ininterruptamente a sua obra anti-fascista e anti-estatal. Como até hoje, no futuro saberão cumprir com sua missão, sem necessidade de rótulos espalhafatosos nem lições absurdas.

Os exemplos de Itália e a Alemanha, são por demais eloqüentes para confiar a defesa apenas as "Frentes Únicas". A ação anti-fascista diante da terrível realidade que encerra esta nova tática do capitalismo e seus aliados, os governos e o clero, deve manifestar-se de forma eficiente, sem injunções partidárias e sem outros ditames que o da própria consciência, para que não se repita o fato alemão de que 12 milhões de socialistas e comunistas sujeitos a disciplina dos partidos, impedidos de acionar em momento oportuno porque os chefes ainda esperavam que os nazistas os poupassem, da noite para o dia, se encontraram completamente envolvidos por Hitler e seus 500 mil sequazes.

Trabalhadores! - Homens Livres do Brasil

O fascismo já deu as primeiras arrancadas em nosso país e fácil lhe será dominar se não encontrar na sua frente homens verdadeiramente dispostos a defenderem seus direitos por todos os meios possíveis.

Antes que se inicie a fase violenta, as perseguições, os encarceramentos e os assassinatos, devemos reagir energicamente. As leis cerceadoras da liberdade individual ou coletiva, desrespeitemo-las; as instituições que como o Ministério e os Departamentos Estaduais do Trabalho são instrumentos de fascistização, exijamos seu desaparecimento. Em uma palavra insurrecionemo-nos contra o crime organizado.

O combate ao fascismo não pode ser platônico, não deve limitar-se a comícios ou publicações. Se queremos obter resultados, havemos de entrar na ação prática.

A toda tentativa que visse destruir a mínima parcela de progresso, liberdade ou direitos conquistados, todos os que sinceramente amam a liberdade hão-de emprestar-se a impedi-lo, de armas na mão se tanto for necessário.

A Federação Operária de São Paulo, avezada a luta contra os reacionários de toda a casta, estará sempre disposta a ocupar seu posto, por mais perigoso que ele seja.

O Comitê Federal

São Paulo, 5 de Julho de 1933


 

Documento 7

O Integralismo: "Fábrica" de Monstros e de Párias

Aumenta em toda a parte, assustadoramente, a onda de famintos que vão engrossar as fileiras do exército dos párias.

Produto do regime inícuo em que vivemos, como a prostituição, o roubo e a exploração proletária, o "sem trabalho" é um mal que está ligado ao edifício podre da sociedade capitalista, e não tem solução sem o desaparecimento da engrenagem que sustenta esse monstro que corrói as entranhas da humanidade.

A própria burguesia que tem o máximo interesse na existência dos "sem trabalho", porque neles encontra recursos de defesa na luta que sustenta contra ela a consciência esclarecida do proletariado revolucionário, anda agora apavorada com o crescer da onda que, de punhos cerrados e ululante, ameaça começar a derrocada, e constitui um perigo permanente ao sistema de explorações e crimes sob cujas bases se sustenta o regime burguês.

Na barafunda dos remédios lembrados pelos "sábios" da burguesia para evitar o mal crescente, entre a supressão da máquina (um absurdo) o protecionismo, (outro absurdo) figura a idéia de expulsar de cada país os desempregados estrangeiros (absurdo ainda maior).

Assim, a França mandará para a Alemanha, Espanha, Portugal, etc., os súbditos que estejam desempregados nos países que receberam a encomenda; em vez de passar fome na terra dos outros vão passar na terra onde nasceram...

É assim que a burguesia resolve os problemas sociais!

Como é preciso fazer gastos para locomover essa gente, que assume proporções fantásticas em quase todos os países do mundo, aumentam os compromissos do Estado, que terá de recorrer, fatalmente, ao processo de extorsão por meio de impostos sobre o povo, que por sua vez, não podendo fazer frente aos gastos de subsistência, se revolta e protesta, entrando em luta contra o capitalismo.

Há greves, e consequentemente novos desempregados; mais "sem trabalho" que vão engrossar as fileiras do exército da fome...

Conseqüência: como a solução não é possível dessa forma, os governos recorrem à violência; suprimem o direito de reunião, a liberdade individual, entopem os presídios, fuzilam e deportam.

É assim que se institui o fascismo na Itália, o nazismo na Alemanha e que o Sr. Plínio Salgado procura instituir o "integralismo" no Brasil.

Mas o povo brasileiro, cioso das suas tradições de liberdade, como já o fez nos movimentos de revolta dos "Farrapos", das "Garrafas" e do "Vintém"; com os movimentos abolicionistas e republicanos, na luta contra a ditadura de Floriano; na revolta da Armada contra o Hermes, na qual se distinguiu a figura heróica de João Cândido; que mesmo no presente soube responder à tirania de Bernardes e Washington com a revolta de 22, 24 e 30, saberá defender os seus sentimentos de liberdade, e enfrentar, mais uma vez, a tirania fascista do integralismo, respondendo com a ação revolucionária de sua consciência à mordaça que lhe quer impor o caricato ditador integralista.


 

Documento 8

Da Federação Operária de São Paulo
Ao Povo em Geral

 

Estamos vivendo num regime democrático que garante ao cidadão todos os direitos políticos.

A Constituição eleita pelo voto secreto, representa a vontade do povo.

A representação de classes garante ao proletariado brasileiro a defesa de seus interesses.

O Ministério do Trabalho por meio de leis, protetoras dos produtores, harmonizou patrões e operários, acabando com a chamada "questão social".

A liberdade de imprensa, de reunião, de associação, etc., é respeitada em todos os Estados. Desde o Amazonas até ao Rio Grande do Sul, o povo vive feliz e descuidado, confiado na sinceridade de seus governantes.

Como, pois, afirmar que paira sobre nós a ameaça do fascismo?

Com estas ou parecidas frases, os políticos reacionários, os escravizadores a tanto por linha, os "sindicalistas" oficiais e os encarregados da alta missão de guardar os privilégios dos parasitas sociais pretendem distrair a atenção do povo, para que não veja os preparativos que se estão realizando, no sentido de facilitar o advento do fascismo indígena, do integralismo de Plínio Salgado, aliado aos chamados "camisas azuis" ou Ação Social Brasileira.

A Federação Operária de São Paulo, conhecedora dos processos de que se servem os reacionários de toda espécie para alcançar o objetivo que perseguem, previne aos trabalhadores e à opinião revolucionária em geral da iminência de um golpe de força contra tudo que signifique progresso.

Se à frente do Integralismo e da Ação Social estiverem de fato os "regeneradores" marca Plínio Salgado, nada deveríamos temer, mas o fascismo brasileiro conta com o apoio incondicional do clero, dos industriais, das autoridades e uma parte dos "revolucionários" de 30, aliados aos políticos da velha república que ainda continua dominando o país.

Os sucessos de Fortaleza e mais recentemente os desenrolados nesta capital, são bastante eloqüentes.

As autoridades policiais, não satisfeitas com o brutal e covarde atentado que ordenaram praticassem os agentes ás suas ordens na noite do dia 14, para satisfação dos potentados e demonstração pública de sua aliança com o integralismo e a clericanalha, ainda prenderam vários trabalhadores que outro delito não cometeram senão assistirem ao Comício Anti-Integralista do Centro de Cultura Social e morarem no bairro do Brás. Nem Agostinho Farina, vítima das balas dos "matadores da ordem" escapou. Também ele foi para o "Paraíso", enquanto os que o feriram, se vangloriam e preparam para novas selvajarias.

Estamos, pois, frente à violência organizada e garantida pelo próprio Estado. A vida das organizações e a liberdade dos militantes e anti-fascistas, estão seriamente ameaçadas pelas hordas reacionárias.

Frente a esta realidade todo trabalhador, de qualquer tendência ideológica, todo o homem liberal deve prestar-se a garantir por todos os meios as liberdades populares.

A Federação Operária de São Paulo, como legítima expoente do proletariado organizado, não permanecerá inativa nesta emergência. Mais uma vez reafirmará seu glorioso passado de luta contra os tiranos. Repelirá com a energia necessária todo o ato de quem quer que seja, tendente a anular as conquistas sociais.

Trabalhadores! Povo de São Paulo! O momento exige de todos nós uma ação decisiva para pôr um freio aos demandos da polícia. Hoje como ontem a liberdade devemos conquistar!

Proletários! A Postos!

São Paulo, Novembro de 1933.


 

Documento 9

Pela Liberdade de Pensamento

 

A reação fascista vai dia a dia ganhando terreno em todo o mundo. Por toda a parte nós a vemos triunfante, tripudiando sobre todas as liberdades, sobre todos os direitos políticos ou sociais das classes pobres e oprimidas.

Primeiro a Itália, logo a Polônia, Hungria, Bulgária, Portugal, etc., e mais recentemente a Alemanha, são pasto fácil à sanha sanguinária das hordas fascistas.

A miséria mais lancinante agravada com a escravidão político-social jamais vista ou imaginada são o resultado lógico e inevitável do domínio dos bandos escravocratas do fascismo nesses países.

Nós aqui no Brasil, como se já não bastasse os males que sofremos em conseqüência da organização social capitalista, também estamos sob a ameaça de sofrermos o jugo nefasto desses elementos.

As contradições flagrantes do regime capitalista patentes na sua incapacidade e impotência para resolver a crise econômica que há longos anos assola o universo, garante o fenômeno de desocupação permanente e conseqüente aumento da capacidade revolucionária das classes pobres, aliada à fatal e criminosa ignorância em que jazem as nossas populações, produto da falsa educação clerical ministrada ao povo através das escolas particulares e oficiais com a cumplicidade do poder público, são condições objetivas favoráveis ao advento do fascismo em nosso país.

É necessário, pois, que todos os elementos anti-fascistas congreguem os seus esforços numa luta tenaz e vigorosa contra a ação obscurantista do fascismo - crioulo.

Urge abandonar a criminosa indiferença em que jazemos mergulhados e tomar a ofensiva franca e decisiva contra essa onda reacionária.

O Centro de Cultura Social, entidade que congrega alguns elementos estudiosos da questão social, vem dando o primeiro passo nesse sentido, convocando, para o Dia 14 do Corrente, Às 20,30 Horas (8 horas e meia da noite), no Salão Celso Garcia, à Rua do Carmo, 25.

Alguns oradores pertencentes ás diversas correntes anti-fascistas estudarão e dissecarão esse fenômeno de patologia social.

Que todos os anti-fascistas saibam compreender o perigo de um possível domínio do fascismo integralista e compareçam em massa a este ato anunciando-o mais amplamente possível a fim de que esta seja uma manifestação de fé inquebrantável no triunfo da liberdade, contra a escravidão e o ponto de partida para as lutas futuras.

Operários! O fascismo é para vós a perpetuação das miseráveis condições de vida em que jazeis. O seu domínio é o domínio do patrão, do industrial que vos explorará sem discussão (a discussão no fascismo é a morte) e a seu belo prazer, os salários de fome lenta e morte certa.

Intelectuais! Estudantes! Ninguém melhor do que vós, que manipulais constantemente a ciência, o livro ou o jornal, compreenderá quão perigoso e abjeto é o fascismo. Se sois livres, se não estais ligados a interesses subalternos pessoais, do dinheiro, da banca uni-vos nesta gloriosa luta pela afirmação da verdade, da liberdade e da ciência.

Anarquistas, Comunistas, Socialistas, Democratas Sinceros ou Liberais Convictos! Amigos certos e invencíveis da liberdade humana! Vós sereis as primeiras vítimas, as vítimas certas e indefensáveis da reação feroz. Urge prevenir o mal que mais tarde será irremediável.

Ainda é tempo de vencer a reação.

A indiferença neste momento é um crime, a faciosidade uma vilania, As alegações partidárias não procedem.

Todos À Conferência do Centro de Cultura Social.

Contra o Fascismo! Pela Liberdade Ampla e Insofismável!

A Comissão Executiva

São Paulo, Novembro de 1933


 

Documento 10

À Juventude

A situação da juventude que labuta, torna-se dia a dia pior... Somos forçados a trabalhar por verdadeiros salários de fome, sob a ameaça de desemprego em massa. Essas são algumas das características próprias deste regime de exploração em que vivemos.

Ao mesmo tempo, vemos que os trabalhadores de todo o Brasil já compreenderam a necessidade de se organizarem e juntos lutarem pelos seus direitos, por uma vida melhor. É por isso que o governo dos banqueiros, industriais e grandes fazendeiros, ligados aos imperialistas ingleses, americanos, japoneses, etc., quer por todos os meios afogar na luta pelas nossas reivindicações. E criam, para executar isso, os bandos armados de integralismo, verdadeira corja de assassinos dos trabalhadores que pretendem transformar o Brasil num vasto presídio e aniquilar as poucas liberdades que ainda nos restam. Eles se preparam agora, para no dia 16, repetir com o povo trabalhador de São Paulo a chacina feita por eles em Petrópolis, onde metralharam covardemente uma manifestação de trabalhadores que saíram à rua para reclamar seus legítimos direitos.

Em nome das nossas tradições democráticas, não permitamos a concentração integralista do dia 16.

Todos ao grande comício que os trabalhadores paulistas realizarão no Rink de São Paulo, à Rua Martinho Prado, no próximo domingo, 16.

Que cada jovem seja um campeão na luta contra a exploração e o integralismo!

Aderir em massa ao 1º Congresso da Juventude Proletária, Estudantil e Popular de São Paulo, para juntos estudarmos e resolvermos as nossas mais justas reivindicações!

Viva o 1º Congresso da Juventude Proletária Estudantil e Popular de São Paulo!

Abaixo o Imperialismo e seus Aliados Integralistas.

(A Subcomissão pró 1º Congresso da Juventude Estudantil e Popular de São Paulo, a realizar-se no próximo dia 1º de Agosto).


 

Documento 11

Narrando os Acontecimentos do dia 7

 

Embora já estejam no conhecimento de todos pelas notícias dos jornais diários que, mais ou menos verídicas, refletem, entretanto, o aspecto geral do sucedido, vamos descrever, sucintamente os acontecimentos de domingo.

Como se sabe, os antifascistas de São Paulo, embora colocados em campos diversos nos seus pontos de vista político, ideológico e filosófico, haviam anunciado, por meio de boletins que foram profusamente distribuídos, uma demonstração pública de repulsa ao integralismo, para a qual convidavam o povo a comparecer na Praça da Sé, justamente `mesma hora em que deveria realizar-se a concentração dos "camisas verdes".

Efetivamente, aquela hora as ruas centrais encheram-se de povo, que, vendo tomada a Praça da Sé pela cavalaria, não podendo, portanto, reunir-se para manifestar os seus sentimentos de aversão ao fascismo, foi-se aglomerando nas circunvizinhanças, forçada a assistir ao desfile dos "camisas verdes" que passavam arrogantemente, com ares de desafio, pela ruas do triângulo.

Quem ouvisse os comentários e percebesse o nervosismo que se manifestava em todos os que assistiam a essa demonstração de exibicionismo, fácil lhe seria calcular o que ia suceder. As expressões de revolta, os ditos e chacotas que se ouviam traduziam um estado de ânimo e disposição na massa popular que não deixava dúvidas. Foi o que sucedeu.

O Aparecimento dos "Camisas Verdes" na Praça da Sé.

Os jornais faltam à verdade afirmando, em suas notas de reportagem, que as moças integralistas e as crianças que faziam parte da manifestação foram recebidas à bala quando entraram na Praça da Sé.

Pudemos observar que o povo não molestou as mulheres nem as crianças que se conservaram na Praça, sem a menor novidade, até que, marchando arrogantemente, apareceram as famosas "tropas de choque" da macaqueação fascista.

Estas sim, quando apareceram na Praça, o povo, não podendo conter-se ante a insolente exibição, recebeu-as à bala.

Os Primeiros Tiros

Outra versão dos acontecimentos que também não reflete a verdade é na parte que se refere à localização dos primeiros disparos.

As buscas dadas pela polícia nos prédios das imediações, conforme nota das próprias autoridades, negam que os antifascistas estivessem localizados nos prédios e atirassem das janelas.

É uma desvirtuação dos acontecimentos propositadamente feita para justificar o fracasso e a vergonhosa debandada dos "camisas verdes" durante o tiroteio.

Ao ouvirem-se os primeiros tiros, que foi a primeira manifestação de desagrado popular, não foi mais possível localizar os pontos de ataque.

Os integralistas, que estavam armados, contra as disposições da lei e da Constituição que, nesse caso, só se aplica aos trabalhadores, dispostos a continuar a afronta, continuaram no local e puxaram as armas para atacar os populares.

Isso irritou ainda mais os ânimos, seguindo-se uma verdadeira explosão.

O Tiroteio

Começou, então o tiroteio. As balas sibilavam em todas as direções, vindas de todos os pontos da Praça, das esquinas das ruas, das portas dos prédios, onde se entrincheiravam grupos de pessoas armadas que atiravam contra os "camisas verdes".

Ouviram-se estrondos semelhantes ao das granadas de mão e parece que, de fato, foram empregadas no combate, pois foram encontrados estilhaços na Praça da Sé.

A polícia que fazia a guarda do local, e as praças de cavalaria, atiravam sem rumo, tomadas de surpresa os "camisas verdes".

Aí começou a debandada dos "camisas verdes", que, descontrolados, mandando às favas a voz de comando e a disciplina, sem mesmo se lembrarem que foram ali para jurar fidelidade ao seu "chefe nacional", corriam abandonando as bandeiras da signa e até os tambores de marcar passo...

Os automóveis fechados eram disputados e os "camisas verdes" começaram a ser motivo de chacota e a tornar-se indesejáveis.

O tiroteio estendeu-se ao Largo de São Francisco, onde os integralistas se lembraram de que haviam prometido beber o sangue dos "comunistas".

Enquanto isso, vários eram já os integralistas feridos e alguns mortos haviam tomado na refrega.

Ante a nova investida dos antifascistas a debandada foi geral. Grupos de "camisas verdes" desciam as ladeiras Porto Geral, Ouvidor, Rua Líbero, procuravam refúgio atrás dos automóveis e nas casas. Muitos foram os que arrancaram a camisa e ficaram em camiseta de esporte, vendo-se, ao cair da tarde, e à noite, magotes de rapazinhos cheios de medo, que vieram do interior pensando que vinham para uma festa.

Os Mortos

Entre os mortos figuram os agentes da polícia, Hernani de Oliveira e José M. Rodrigues Bonfim; os integralistas Jaime Guimarães, Caetano Spinelli e consta que morreu também o integralista Teciano Bessornia. Tombaram mortos, também o guarda civil Geraldo Cobra e o estudante antifascista Decio P. de Oliveira.

Houve 31 feridos gravemente, e uma centena de pessoas receberam contusões em virtude das correrias e da confusão que se estabeleceu.


 

Documento 12

Os Acontecimentos de Domingo; Informe da Federação Operária

 

Aos trabalhadores e ao povo em geral.

Diante dos trágicos acontecimentos provocados pela manifestação integralista na tarde de domingo, 7 do corrente, em que tombaram algumas vítimas que lamentamos, esta Federação sente-se no dever de vir a público prestar a sua solidariedade à família do estudante Decio de Oliveira, vítima da ferocidade fascista. O movimento anti-fascista que se intensifica por todo o Brasil e que teve na tarde de domingo uma eclosão mais violenta dada a arrogância e desafio com que os integralistas vinham exaltando os ânimos do proletariado paulista, é uma demonstração clara de que o povo brasileiro, como o tem demonstrado em todas as partes onde os integralistas se têm exibido, é adverso a esse regime de violências que se pretende implantar no Brasil, copiando, caricatamente, alguns países da Europa.

Consciente do seu dever no movimento proletário esta Federação reivindica a parte de responsabilidade que lhe cabe no movimento anti-fascista do Brasil, no qual tem tomado parte ativa e do qual os acontecimentos de domingo foram uma expressão violenta, de conseqüências graves mas inevitáveis.

Os trabalhadores organizados e filiados a esta Federação não querem vítimas, pois que são orientados por princípios de fraternidade universal.

A Federação Operária de São Paulo acha que todos os indivíduos têm o direito de ter idéias, propagá-las e defendê-las, bem como de organizar-se em associações ou partidos que defendam princípios e idéias, certas ou erradas, mas que devem ser discutidas, confrontadas e analisadas.

De tendências apolíticas, nunca o proletariado organizado e filiado a esta Federação procurou, entretanto, perturbar as manifestações de propaganda política ou eleitoral dos partidos políticos.

O integralismo é, porém, um movimento que visa a destruição dos direitos de associação e pensamento e a submissão incondicional aos privilégios da burguesia, colocando o indivíduo na situação de escravo.

A um movimento que visa a implantação de um regime de violências para a prática da violência, a manifestação reacionária de ambiciosos de mando e de poder. E este movimento devia encontrar logicamente a repulsa do povo brasileiro.

O movimento anti-fascista tem tomado grande incremento em vista das ameaças fascistas que, sob o bafejo oficial, se vem manifestando e exibindo em contínuas manifestações e passeatas.

É um movimento natural de defesa das liberdades e das vidas proletárias, cujas conseqüências são imprevisíveis, mas o que não resta dúvida é que o proletariado brasileiro venderá caro a sua liberdade de consciência e os direitos adquiridos nas refregas das passadas lutas da civilização e do progresso.

O sangue que começou já a correr, será talvez e somente que há de germinar na luta contra o fascismo no Brasil.

A Federação Operária de São Paulo quer deixar aqui o seu veemente protesto contra as violências praticadas em sua sede e na sede de outras associações proletárias, e contra as prisões que trabalhadores que a polícia vem fazendo em conseqüência dessa trágica eclosão cuja responsabilidade cabe exclusivamente ao integralismo, que quer um Brasil de escravos.

O Comitê Federal

______________

Documentos reunidos por Edgar Rodrigues

 


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