Este aparelhinho que você está vendo aí ao lado, o Rocket eBook(TM), foi para os ebooks o que o Diamond Rio(TM) foi para o MP3: um pioneiro.
O RocketWriter (TM), que acompanhava o RocketLibrarian (TM), software que vinha com o Rocket eBook, permitia que você fizesse suas próprias RocketEditions (TM).
A Rocket-Library.com (TM) era sua fonte na web para as RocketEditions de domínio público.
E, finalmente, o eRocket (TM) permitia (e permite, para matar as saudades) que você lesse RocketEditions na tela de qualquer PC, enquanto não adquirisse seu Rocket eBook. O Rocket eBook podia ser adquirido de qualquer lugar do mundo. Bastava que você tivesse uma conexão internet, cartão de crédito internacional e que o correio chegasse à sua casa.
Tudo isso... até que a Gemstar TV Guide adquiriu a NuvoMedia... e o Rocket eBook virou história. Mudou de dono, mudou de nome, mudou de estratégia. O REB 1100, fabricado pela RCA/Thomson, só tinha do velho Rocket eBook o corpo, modificado; a alma se fora. E, como todo corpo sem alma, acabou morrendo.
Como parte da "nova estratégia", a Gemstar TV Guide fechou a eBookNet e a Rocket-Library.
Mas a Revolução digital sempre ataca em diversas frentes. A frente dos “digital readers” não tem só o histórico do pioneiro Rocket eBook. Novos eBooks Readers começaram e começam a surgir.
Novos softwares começaram e começam a explorar o potencial da internet móvel, nos handhelds, celulares com wap...
Empresas sérias e de peso, como a Microsoft, a Palm, a Adobe, entre outras, sentiram o potencial deste mercado e começaram a apostar nele.
A eBooksBrasil, ePublisher House, começou em outubro de 1999, nos primórdios da Revolução dos eBooks, com RocketEditions, que não mais existem, pelo menos com esse nome.
Passamos a oferecer edições para diversos “readers”, seguindo a especificação da então Open eBook Initiative, hoje Open eBook Forum e nosso compromisso inicial era (e é) dar apoio e divulgar os formatos abertos.
Na época, para se manter em dia com o que acontecia no mundo dos eBooks só havia, em português, a ebooks@TeoCom.
Hoje, já existem diversos sites, e a eBooks@TeoCom também virou história. Mas continua lá, como documentação história, porque foi lá que nasceu a eBooksBrasil.com, como projeto, em agosto de 1999.
De agosto de 1999 a maio de 2005, o site foi crescendo e ganhando usuários. Tudo isso longe de qualquer apoio governamental.
Em 8.07.2004, recebi um e-mail com os seguintes termos:
"Prezados Senhores
Informo que o Ministério da Educação - MEC vai colocar à disposição de todos os usuários da rede mundial de computadores - Internet - uma biblioteca virtual que deverá se constituir em referência para professores, alunos, pesquisadores e população em geral.
Com o objetivo de promover a disseminação e garantir amplo acesso às obras literárias, artísticas e científicas que constituem o patrimônio cultural brasileiro e universal, a biblioteca digital do MEC terá um acervo multimídia, composto por textos, sons, imagens e vídeos, conforme a natureza de cada obra a ser digitalizada.
Para tanto, entendemos como adequado e oportuno o estabelecimento de uma parceria entre o MEC e esta conceituada biblioteca virtual para que venhamos a promover esforços conjugados no sentido de dar maior acesso ao conhecimento e à cidadania.
Certo de sua compreenssão, aguardo seu pronunciamento para darmos início às tratativas para que tal possamos somar esforços na consecução das ações e dos resultados de nossas Instituições.
Atenciosamente.
Espartaco Madureira
Assessor de TI da Secretaria-Executiva/MEC
(61) 2104-7815"
Fiquei entusiasmado, achando que, com o apoio do MEC os eBooks deslanchariam de vez. Foi um erro.
Contatos telefônicos, troca de e-mails, cedi, gratuitamente, os livros que quisessem pegar e colocar na Biblioteca virtual do MEC. Cheguei a propor, por telefone, a transferência de todo o acervo do eBooksBrasil.com, gratuitamente, para o servidor do MEC, para que o que tinha sido feito se perpetuasse, mesmo após minha morte.
O pessoal do MEC pegou o que quis, colocou no www.dominiopublico.gov.br. Divulgaram um release em que mencionavam a "parceria" com o eBooksBrasil.com e anunciavam um edital, envolvendo R$5.000.000,00 para a digitalização de obras. Chegaram a me enviar cópia do Edital. Não me interessei... porque de governo sempre quis manter distância em coisas que envolvem $$$.
Mas meu amigo J.R.R. Abrahão se interessou. Ele, como é sabido, mantinha o www.alexandriavirtual.com.br desenvolvimento do www.supervirtual.com.br. Soube que não poderia participar porque sua empresa era uma S.C. Ltda.!!
Comecei a perceber que o dominiopublico tinha pego no Cultvox e creditado a este site obras que foram digitalizadas pelo Nélson Jahr Garcia, no antigo Ridendo Castigat Mores. Cuidei imediatamente de colocar em pdf e em html, no eBooksBrasil.com todos os livros digitalizados pelo Nélson, atribuindo-lhe os devidos créditos. Como, por sinal, fez o Jaime Mendonça no virtualbooks.
Nesse meio tempo, recebi um aviso de que o eBooksBrasil.com tinha excedido o uso de espaço no Yahoo!
Usei a oportunidade para solicitar a retirada da menção de "parceria" ao MEC. Os escândalos envolvendo o governo já estavam pipocando e eu me enojando cada vez mais com mil motivos.
Recebi o seguinte e-mail como resposta:
"Prezado TEOTÔNIO
Excedeu o espaço em disco?
Sim, mas não esmoreça.
Vamos manter as referências ao eBooksBrasil até a normalização da situação.
No mais, tudo bem?
Semana passada fui apresentar o domínio público em Porto Alegre, em um evento sobre literatura e novas tecnologias. Segue apresentação (em OpenOffice) para teu conhecimento.
Grande abraço.
Espartaco Madureira
(61) 2104-8960
COGED/SEED/MEC"
Estranha "parceria"! E não entendi nada sobre o que quis dizer com "normalização da situação".
Respondi:
"Salve, Espartaco:)
Esmorecer, jamais - Aceitar cangas, nunca!
Mas que estourou com o site, estourou:))
E tinha que te avisar. Avisei.
Em anexo, para o Domínio Público (estava no eBooksBrasil) os volumes 1 e 2 do D. Quixote, na preciosa tradução dos Viscondes de Castilho e Azevedo (este morreu Conde), comemorando os 400 Anos do Quixote.
Vale a pena ler o prefácio de Rudolf Rocker em comemoração ao Terceiro Centenário.
[ ]s
teotonio
teotonio@teotonio.org
PS: Desculpe o tamanho dos arquivos."
Foi minha última comunicação com o MEC. Até ontem (19.01.2006), os dois volumes do D. Quixote não estavam no site do MEC. E como meu pedido de retirada da menção de "parceria" como se viu foi solemente ignorado e a "parceria" se mostrou uma fraude, optei pela tática bumerangue. Quem clicasse no link de "parceria" receberia, vindo do site do MEC, meu profundo NOJO!, repúdio e pragas para toda a bandalheira em que o meu país foi lançado.
A página está lá há meses, sem que nada tenha acontecido. Parece que o pessoal de manutenção do site nem sequer testa os links, um sinal visível de extrema competência:)
Esmorecer, como disse, jamais, até que a vida tenha sua própria solução na morte. Aqui está, de volta o eBooksBrasil, em novo endereço (www.ebooksbrasil.org) e a mesmíssima direção.
Não há nenhuma parceria com o MEC... e se ousarem, apenas ousarem, modificar o link para este novo endereço, não hesitarei um segundo em retirar tudo da web de novo, com a seguinte menção "Retirado da internet para contribuir com o esforço de imbecilização do Brasil sob o patrocínio do MEC".
E estamos conversados.
Na área internacional, até 4-4-2001, a melhor fonte de informações sobre eBooks foi a eBookNet, fundada por Glenn Sanders em 1998, com a missão de ajudar a construir a comunidade dos eBooks, mundialmente. Começou como um site independente. Em 1999 foi incorporado pela NuvoMedia que o manteve como jornalismo independente. Em 4-4-2001 foi fechada pela Gemstar TV Guide. Mas renasceu, em 4.07.2001, como eBookWeb.
Em 14.07.2001, renasceu a Rocket-Library.com, com o sugestivo nome de Phoenix-Library.org.
Em 2005, tanto da eBookWeb quanto o Phoenix-Library.org foram descontinuados, cada um por seus próprios motivos, que só seus próprios gestores poderiam explicar.
E com ficamos nós, que demos apoio desde a primeira hora aos eBooks? Continuamos apoiando e difundindo os eBooks, porque eles não são mais só RocketEditions.
Mantivemos e manteremos, enquanto for viável e não superado pelo tempo, as edições no formato *.rb, bem como a disponibilidade do próprio eRocket a partir do nosso site (nunca se sabe, dizíamos... E como fomos previdentes!), em respeito aos usuários que fizeram o download do programa, compraram o Rocket eBook ou os que viessem (sabe-se lá!) a comprar o REB 1100. Todas as novas edições, como já vem acontecendo, foram e serão oferecidas nos mais diversos formatos (ou de modo a serem facilmente convertidos para eles), e aos poucos iremos convertendo também as antigas para outros formatos.
Nota de 31.12.2004: A conversão das antigas RocketEditions (*.rb) para outros formatos se tornou praticamente desnecessária graças à iniciativa dos amigos da eBooksFrance.com, que produziram o RBExtract, que permitiu e permite a extração do html das RocketEditions.
Então, agora e à frente
Mesmo sem ter um eBook Reader dedicado você pode ler eBooks em qualquer lugar com os HandHelds, computadores de mão, como os PocketPCs, Palms...
E novos HandHelds, como o HandEra330, começaram a aparecer com mais funcionalidades, operando em diversos sistemas.
E com uma vantagem adicional: facilmente encontrados em qualquer casa especializada, fabricados por aqui mesmo.
Com um HandHeld ou com um laptop, e um programa de leitura de ebooks instalado, como o MobiPocket, MS Reader, o Adobe eBook Reader, entre outros, você já tem um eBookReader Device. Não dedicado, por certo, mas que lhe permite ler em qualquer lugar, longe, bem longe, da tela de um computador de mesa, com todas as funcionalidades dos livros de papel. E sem contar que os celulares com WAP que vinham por aí também lhe permitiriam ler eBooks... E os celulares evoluíram até mais do que o esperado... e continuarão a evoluir.
Muita coisa ainda está para acontecer no front da internet móvel, está apenas começando!
E os eBooksReader dedicados?
Depois de muita espera e alguma decepção, foi lançado o Franklin eBookman. Tinha muito a ser aprimorado, mas já era um concorrente a mais na praça.
O HieBook, um eBook Reader device fabricado na Coréia, com plataforma aberta, foi lançado permitindo que você fizesse seus próprios eBooks. Compatível com padrões abertos, foi muito aguardado e introduzido mundialmente em parceria com a eBookAd, uma boa referência.
E, na surdina, o goReader foi penetrando nos campus lá do norte, com parcerias apreciáveis e muitas qualidades próprias... mas de sucesso discutível.
Sem contar um prometido e aguardado eBook Reader italiano, o MyFriend, municiado com o MS Reader; o Cytale francês (descontinuado em 25-07-2002), outros mais que foram chegando, promessas que não foram lançadas... Todos com pequeno sucesso, quando não coroados com o fracasso...
E, claro, o REB1100 e o REB1200, sucessores do Rocket eBook e do SoftBook que, apesar das trapalhadas da Gemstar TV Guide, eram ainda boas opções de eBook Readers dedicados, desde que você aceitasse comprar seus livros de um único fornecedor e não produzir seus próprios documentos e livros. Não deu outra: foram descontinuados.
Em resumo, as opções foram se multiplicando. E novas e importantes adesões, como da Adobe e da Quark, sem contar a pioneira Microsoft, vieram fortalecer o campo dos eBooks, com programas de leitura.
Hoje, 31.12.2004, quando já se pode escrever algo sobre o que já se foi, a conclusão a que chegamos é a de que, não importa qual seja o futuro dos eBooks, estará fundada em títulos bem formatados em html, de preferência em xhtml, compatível com xml. A partir daí, facilmente se pode produzir eBooks nos mais diversos formatos. E, se não for possível converter, não aposte no formato...
Enquanto isso, abaixo do Equador... até aqui as coisas vão acontecendo, não na velocidade que gostaríamos, mas vão acontecendo. Continuamos semeando...
Relendo o texto acima em 19.01.2006, tenho a acrescentar: às vezes cansa semear ao ver que tantas ervas daninhas crescem em volta. Como cresci no mato, sei que elas são inevitáveis, como as formigas e outros bichos daninhos. Mas é preciso cultivar o jardim e cuidar da semeadura, porque sem ela nada acontecerá.
Por mais de um ano [em 2000-2001], perguntámos aos visitantes: “Você acha que a Revolução dos eBooks acontecerá no Brasil em quanto tempo?”. Veja os resultados e comentários e compare as previsões com o presente.
Maktub II, de Paulo Coelho, antes que a Rocket-Library.com saisse do ar, atingira mais de 12.000 downloads, o terceiro título entre todos os mais de 7.000 disponíveis naquelas estantes virtuais. Diversos outros títulos tinham passado dos 3.000 downloads, em diversos formatos. Considerando-se que a tiragem média dos livros em cola e papel no Brasil era de 3.000 exemplares... Depois, Paulo Coelho colocou na internet, seus livros em português, para download grátis, em pdf.
Dizíamos antes, dissemos em fins de 2003 e dizemos hoje, em 2006: "Agora só falta a adesão dos grandes pEditores e das livrarias online..." Alguns amigos meus dizem que sou um otimista incorrigível... Acho que têm razão...