KOREAEBOOKDOCUMENT1.2.0 Rastilho de Prosas Antnio Virglio de Andrade virtualbooks eBooksBrasil.com =para.xml capa.jpg normal.sty para.xml o
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Rastilho de Prosas – Antônio Virgílio de Andrade
Edição
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Fonte Digital
Digitalização da edição em pdf autorizada pelo Autor
©2002 — Antônio Virgílio de Andrade
antoniovirgilio@terra.com.br
RASTILHO
DE
PROSAS
Antonio Virgílio
Ficha Catalográfica
Andrade, Antonio Virgílio de, 1955.
Rastilho de Prosas / Antonio Virgílio de Andrade—Brasília: 2000
1. Poesia brasileira. 2. Literatura brasileira, antologia. I. título
2. produção de OR Produtor Editorial Independente 94 p.; il. col.; 14X21 cm
ISBN: 85-901355-1-9
CDD
CDU
Dados do Autor:
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Bloco “K” Esplanada dos Ministérios, Sala 134—Brasília—DF.
Telefone: (061) 429.4328 — (061) 399.1544 — 9965.3217
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WWW.ANTONIO,ANDRADE@PLANEJAMENTO.GOV.BR
Sobre um poema quase nunca há
Nada a se dizer. Deseja-se que seja
Amado, se for possível.
Cecília Meireles
AGRADECIMENTOS:
Agradeço, especialmente, pela amizade, pelo incentivo, pelo apoio, pelo empurrão, a Clécio, Fia, Erasmo e toda prole dos Andrade; a Jean Pierre, Jorge Gama, Ingrid Cunha, Victor Alegria, Hamilton Santos, Comandante Durval, José Rodrigues, Paulo Guimarães, e todos aqueles que acreditam que sonhar é semear realidade.
A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.
Carlos Drummond de Andrade
DEDICATÓRIA:
Dedico a meus pais, Virgilio Francisco e Antônia M. de Andrade, que me ensinaram o valor da família e do aconchego do lar, meus filhos Rogério, Janaína e Jamilly, que me ensinam viver o presente, a minha esposa, Sebastiana Nicolau, que capitania minha nau para um porto seguro.
APRESENTAÇO
Rastilho de Prosas
não se propõe a provocar uma explosão poética na já tão explosiva ou implodida Brasília. Talvez, como
Manuel Bandeira, Antônio Virgílio
também esteja farto do lirismo comedido ao abrir com
Poetar,
que traduz o momento mágico da captura, não só da imagem, mas também do momento inesquecível da criação poética.
A ousadia do Autor lhe permite, na casa sete, relembrar
Bandeira
e na oitava, homenagear
Pessoa.
Simples
é quando se ama simplesmente
A Moça do Décimo Primeiro,
dona de uma tez de pequi maduro.
No Vácuo da Paixão,
Antônio Virgílio avança o sinal sem a preocupação de dar seta, sem perceber que o calor obsceno domina minha alma por demais
Promíscua.
Antônio Virgílio nos permite com sua obra, uma grande divagação poética, engendrada por muita química, suor, cores, e, entremeadas pela sutil emoção de uma
Beleza Morta,
ao mais duro pranto de um
Náufrago,
que em sua trajetória se permite deitar com a amante, levantar-se com uma esposa enciumada e sem ao menos conseguir entender a
Crônica da Infidelidade
que o levou a acordar com a mão no saco de um tal Agenor.
São tantas as prosas que decidi decretar uma
Gastronomia Ditatorial,
que muito me agradou pelo requinte da sobremesa: Uma passeata de Sem Terra e desempregados com cobertura da turba do barbudo farfante. Antônio Virgílio desnuda em seus versos, uma busca inquietante pelo amor essência, amor paixão; quer seja por
Capitu,
ou até mesmo a moça capaz de verticalizar sua caneta tinteiro. Antônio Vigílio tem sua veia poética um sólido tempero ideológico a nortear sua obra. De Antônio Virgílio só tenho até então o conhecimento de sua obra e a firme reconhecimento de um candango: “Não escreva nada que se arrependa depois”.
O potencial de Virgílio é inegável. A densidade de sua obra me dá a certeza de estar diante de um Poeta que se ocupa em tornar sua obra um Pequeno Grande Outdoor, onde denuncia o desrespeito público ao trabalhador, sem tornar-se mais um panfleteiro perdido de Brasília.
Osmar Rodrigues
POÉTICA
Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e
manifestações de apreço ao Sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho
vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os enumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
Do lirismo que capitula ao que quer que seja for a de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com
cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às
mulheres,
etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira
SUMÁRIO
[
POETAR
]
[
LEMBRANÇAS
]
[
SIMPLES
]
[
A MOÇA DO DÉCIMO PRIMEIRO
]
[
NO VÁCUO DA PAIXO
]
[
PROMÍSCUA
]
[
BELEZA MORTA
]
[
NÁUFRAGO
]
[
CRÔNICA DA INFIDELIDADE
]
[
GASTRONOMIA DITADORIAL
]
[
DE CADENTE
]
[
EM QUATRO ESTAÇES
]
[
DESEJOS
]
[
VINTE E CINCO
]
[
FLOR DO CERRADO
]
[
QUARESMEIRAS
]
[
HISTÓRIA ANTIGA
]
[
AGUERRIDA
]
[
ESPINHOS DA ROSA
]
[
PROJÉTIL
]
[
LEGADO CÁRMICO
]
[
LÁTEX
]
[
PRÓCLISE
]
[
ANGRA
]
[
ECÓLOGA
]
[
OFUSCA
]
[
QUIMERAS
]
[
VERSO E REVERSO
]
[
SEM BANDEIRAS
]
[
DEMOCRACIA
]
[
VIVA O REI
]
[
CANTORIA
]
[
VERSO DA NEGAÇO
]
[
MEUS QUINZE ANOS
]
[
CAPITU
]
[
INFANTIL
]
[
UM CERTO ALGUÉM
]
[
CIRÚRGICA
]
[
COLETIVO
]
[
RESSACA POÉTICA
]
[
ORGIA ELETRÔNICA
]
[
TEUS BRAÇOS
]
[
NOCTÍVAGOS
]
[
MULATA
]
[
COM GARAPA E PASTEL
]
[
ARROZ, FEIJO E PROSA
]
[
PALACIANA
]
[
OLHOS D’ÁGUA
]
[
O TEMPO PASSOU
]
[
CORAÇO
]
[
REFAZENDO
]
[
CORDÉLIA
]
[
ÁLBUM DE RECORDAÇES
]
[
PRIMOGÊNITA
]
[
MINHA HERANÇA
]
[
RIACHO FUNDO
]
[
PERDO AMIGOS
]
[
SAMBA DO ADEUS
]
[
SAMBA DA VOLTA
]
[
A OUTRA DO TREM
]
[
LANA
]
[
IMORRÍVEL
]
[
RETRATO EM BRANCO E PRETO
]
[
TROMBETA LÍRICA
]
POETAR
A fotografia
É um momento ímpar
Capturado pelo olho mágico
Do fotógrafo.
A poesia,
Um momento inesquecível
Imortalizado nos versos
Do poeta.
LEMBRANÇAS
A Fernando Pessoa
Eu lembro,
Partiste num ontem;
Mas há quanto tempo sofro.
No refúgio da minha “Ribatejo”,
Tua lembrança quebra a frieza da minh’alma
E ascende o fogo do desejo.
Como dizer que nosso amor é findo,
No lenço guardo teu cheiro,
E nele vou me consumindo.
Beijos nunca dados sinto.
São doces lembranças,
Fantasias e instinto.
SIMPLES
Amar é simples
Quando se ama simplesmente
São aromas, sons, cores e gestos simples
Que ficam com a gente,
Como aquele olhar cúmplice
Ou um desolhar simplesmente.
Ela cruzou o meu caminho
E foi me possuindo, possuindo-me simplesmente
Ofertou-me sua candura
E com jeitos indecentes,
Levou-me a fazer toda sorte de loucuras
Ser feliz simplesmente.
Mas o tempo passou naquele lugar simples
Foi passando, passando simplesmente
Um dia ... meu mundo ruiu,
Foi tudo tão de repente!
Como veio, partiu...
Abandonou-me simplesmente.
A MOÇA DO DÉCIMO PRIMEIRO
À musa do Palácio do Desenvolvimento, Brasília
Por onde andará a moça
A moça do décimo primeiro;
Que me flechou com sorrisos e beijos
E se escondeu por trás do espelho.
Por onde andará a moça
A moça do décimo primeiro;
Que dançando na retina do meu olho
Verticalizou minha caneta tinteiro.
Será que ela não vem
Será que é pra nunca mais?
O mundo encobertou-se em sombras
Negrou o sonho de um bom rapaz.
Seu corpo exala cheiro dos campos
Dos campos das Minas Gerais;
A tez cor da cor de pequi maduro
Colhido nas terras do Goiás.
Não, mais sei se ela é mineira
Ou baiana como seus pais;
Ouvi dizer que é “Candanga”
Foi manchete nos jornais.
Será que ela não vem
Será que é pra nunca mais?
Será que partiu naquele novo trem (da alegria)
Pro paraíso dos deuses congressionais?
NO VÁCUO DA PAIXO
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
Você foi audaz e veloz
Foi fugaz com seu bólido cor de vinho;
Deixou no vácuo um cálido perfume atroz
Tristeza e solidão no meu caminho.
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
Espero na “lombada eletrônica” te encontrar
—Aquela que teima em engarrafar o “Eixinho”—;
Que me revele o número do celular
E escreva seu nome no meu colarinho.
Você avançou o sinal
Não deu seta;
Te procurei pelas ruas da capital
A cidade ficou deserta.
PROMÍSCUA
Quando me comes com teus olhos de menino pidão
Prazerosamente, deixo-me comprazer;
Se o calor obsceno domina minh’alma
Sinto o corpo entorpecer.
Tu me enlouqueces quando sopras um beijo inocente
Quando se faz de ausente, respiro a acidez do teu cheiro;
Meu olhar indiscreto desnuda um desejo cúmplice
Te possuo de corpo inteiro.
Quando a noite cai, invades meus sonhos
Desatinada e trôpega me deixo possuir;
Se teus úmidos lábios besuntam meu corpo
Do teu, sorvo licor e perfume.
BELEZA MORTA
A Jorge Viera Eschriqui
Química
Suor,
Formas em criação.
Cores
Fragrâncias,
Folhas e pétalas em harmonia.
Emoção
Fascínio,
Sentidos em confusão.
PLÁSTICO?!
NÁUFRAGO
Ainda corro contra o tempo,
Ele me é implacável...
Ainda navego sentimentos,
Ele me é indomável...
Ainda choro enquanto você sorri.
Ontem me fiz pranto,
Acordou-se em mim uma dor antiga...
Hoje me pego cantando,
Escondendo tristezas da vida...
Ainda me confortam pedaços de nostalgia.
Na parede um retrato adolescente envelhece
No cabideiro as traças devoram a casimira
No espelho entrevejo um rosto pálido
No travesseiro sinto o hálito forte de bebida.
Ainda descaminho no meu caminho.
CRÔNICA DA INFIDELIDADE
Na rua da Pátria, 1999, Cabrália, um raio de luz lança um
retângulo de poeira sobre o criado desnudo. A cama em
desalinho revela que corpos suados fundiram a noite toda. Um
cheiro ocre exala pelos quatro cantos do cômodo desconfortável. A toalha encardida descansa no toucador.
Ontem, Paulo se deitou com a amante. Levantou-se com uma
esposa enciumada com suas rotineiras visitas ao dentista. Ontem, ébrio, Caio dormiu com Lígia. Acordou com a mão no
saco de um tal Agenor.
Ontem, Marlene ficou com Fábio. Ficou, mas jura que não fica
mais.
Se em Cabrália o dia amanhece com gosto de ressaca, o
mesmo não se pode dizer de YANOMAMI, sua clone do norte.
Lá, patriarcas de pele clara e vassalos, bronzeados, vivem
outros delírios. Bebericam o caldo da “Ayuasca”(o cipó dos
espíritos) e cantam: NEW WORK, NEEW WOORK...
GASTRONOMIA DITADORIAL
AH!, como foi majestoso aquele almoço oferecido pela nobre “RAINHA”; serviram um delicado caviar regado ao mais fino e envelhecido Scoth.
Não me agradei da sobremesa: uma passeata de ex-súditos e desempregados — plebe conservadora—. Criticaram a política neoliberal da nossa centenária “Progenitora”.
AH!, como foi soberbo aquele almoço oferecido pelo dileto “CLINTON”; serviram um delicado caviar regado ao mais fino e envelhecido Scoth.
Não me agradei da sobremesa: uma passeata de exilados e desempregados — mendigos de todos os quadrantes—. Criticaram a política neoliberal do nosso prestigioso “Don Infante”.
AH!, como foi magnífico aquele almoço oferecido pelo camarada “BORIS”; serviram um delicado caviar regado ao mais fino e envelhecido Scoth.
Não me agradei da sobremesa: uma passeata de ex-comunistas e desempregados — Bolchevistas filhos do norte—. Criticaram a política neoliberal do nosso destemido “Dom Quixote”.
AH!, como foi fantástico aquele almoço oferecido pelo sociólogo “FERNANDO”; serviram um delicado caviar regado ao mais fino e envelhecido Scoth.
Não me agradei da sobremesa: uma passeata de sem terras e desempregados —a turba do barbudo farfante—. Criticaram a política neoliberal do nosso eterno “Cavaleiro Andante”.
HOJE? Não, estou farto. Já estou cansado de comer as mesmas iguarias. Só serviram sobras do banquete ou comida requentada d’outro dia.
Gastronomia à parte, repartir o bolo não é especialidade culinária do Governo Federal. Quem é penetra ou de esquerda não come do seu manjar. Tem que ser de cúpula ou neoliberal.
Dizem que sou parte daquela sobremesa; minha fome é igual, em ideologia. E pelo que sei: excluído é excluído. Sem quebrar ovos não se faz democracia.
DE CADENTE
Zuni um verso na escuridão;
Desenhou uma parábola
E despencou na noite fria.
O noctívago que contava estrelas
Descortina o facho de fogo.
Era um meteoro que caía.
Ébrio nas curvas do paralelepípedo
Acorda um resto de esperança;
Vislumbra sua estrela guia.
EM QUATRO ESTAÇES
Já se faz verão
Minhas folhas caem;
Já se foram tantos anos
Que nem me lembro mais.
Você foi a flor que alegrou a minha vida,
Postes minha eterna primavera
E minha melhor amiga.
Não nos frutificamos em nosso outono
Não germinaram as sementes no teu ovário;
Foram contidas em eterno sono
Sob a foice do lavrador cesáreo.
Nunca foi tão frio nosso inverno
Sempre nos sobrou um pouco de calor;
Hoje aquecemos ilusões e um outro cobertor.
DESEJOS
Quantos suspiros a suspirar;
Nossas mãos a se tocar.
Quantos arquejos a arquejar;
Nossos corpos a bailar.
Quantos orgasmos a sentir;
Nossos corpos a se fundir.
Quantas energias consumidas
Neste gozo da vida.
Quantos pecados a se pecar;
Se ela se casar.
Quanta dor irei guardar;
Se ela me abandonar.
Quantos sonhos a se sonhar;
Se cruzarmos um distante olhar.
Quantos versos irão compor
Ao viver seu desamor.
VINTE E CINCO
O shopping transpirando novidades
É uma beleza translúcida e invulgar,
Vesti-se de esquina da cidade
Aplaca o desejo de quem pode comprar.
A vitrine da televisão
Oferta sonho de uma nova BELÉM;
O consumidor recebe crucificação
Se não gastar seu último vintém.
No dia vinte e quatro
Entre nozes e vinho já o festeja,
A meia noite estouram champanhe
E tomam um porre de cerveja.
De quem será a culpa:
Do mundo
Da ciência que evoluiu
Da sociedade de consumo
Ou do Cristo que partiu?
FLOR DO CERRADO
O KATTEPILLAR na não do pião
Fere a carne do Planalto Central
Tinge o céu de poeira do chão.
Respira-se cimento, tijolo e metal
O cerrado com suas árvores tortas
Cenário de ilusão, ilusão realidade.
A semeadura de avião germinou e floriu cidade.
Nos espelhos do lago a donzela se penteia
Para a noite dos boêmios enfeitar,
O céu um broche de estrelas lhe presenteia
No “SALO AZUL” brilha como luar.
Se a noite fenece; suplica um cálice de chuva fresca;
O jardineiro colhe um buquê de flores de folhas secas.
A primavera é fecunda e frágil.
QUARESMEIRAS
Às vezes me faço abelha
Para colher o néctar da tua flor.
Às vezes me faço borboleta
Outras, beija flor.
HISTÓRIA ANTIGA
Olha seu moço,
Essa história é antiga...
De novo só nossas amigas
Guardetes de bordel.
Guardando um pedacinho do céu.
Olha seu moço,
Não me venhas com intrigas...
O senado nem liga
Tem uma cafetina pro seu plantel.
Guardando um pedacinho do céu.
Olha se moço,
Não me venhas com seu asco...
Pra demagogia um abraço
Da cafetina do quartel.
Guardando um pedacinho do céu.
Olha se moço,
O padre já rogou uma praga...
Mas sua beata mais devotada
É cafetina no “Borel”.
Guardando um pedacinho do céu.
Olha seu moço,
Já contei ao delegado...
Mas seu melhor comandado
É uma cafetina de chapéu.
Guardando um pedacinho do céu.
Olha seu moço,
Esta conversa ficou longa...
Só você seu deu conta
De que a despudorada está nua no papel.
Que maravilha de pedacinho do céu!
AGUERRIDA
Já faz tempo que o sol não acorda,
É tudo um negro anoitecer.
Há quanto tempo nesta trincheira
Não se faz um amanhecer.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que não te olho,
Com meus olhos de bom rapaz.
Há quanto tempo não te vejo
Nas páginas dos jornais.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que não te toco, não te ouço,
Carícias tuas, não me trás.
Há quanto tempo sem teu corpo
Que a sua lembrança não me satisfaz.
Já faz tempo, já faz tempo...
Já faz tempo que semeiam bombas,
Cultivando o ódio do passado.
Há quanto tempo neste jardim de sombras
Colho corpos mutilados.
Já faz tempo, já faz tempo...
ESPINHOS DA ROSA
Na calçada um corpo sem rosto procura lazer:
As pernas torneadas
Não tem rumo,
A cintura alongada
Não têm prumo,
Os seios fartos
Não têm sumo;
Só deseja um pouco de prazer.
Na calçada um corpo sem rosto procura lazer:
As pernas instáveis
Não têm prumo,
A cintura arqueada
Não têm prumo,
Os seios inflados
Não têm sumo;
Só deseja uma picada de prazer.
PROJÉTIL
No meu olho as crianças correm, brincam
no parque da vida;
pedaços de alegrias póstumas habitantes de minhas
lembranças esmaecidas
Na selva de pedra, cultivar das viçosas sementes
germinecidas;
o projétil ceguêta inertece a gangorra, o balanço, e a bola que
jaz esquecida.
LEGADO CÁRMICO
Esbodegada ante rimas simplórias e versos
inconsistentes;
a
CRÍTICA
gritou: verdugo insolente!
Mas que fazer se sua poética é inconsciente?
De certo, o fardo lhe foi legado pelo Criador onisciente.
Tenho certeza de que, dos poetas, não merece a cruz;
tão menos a de um certo Jesus.
LÁTEX.
Com o cutelo fende o tórax do oponente uma, duas, três
vezes;
Deixando-o em carne viva.
Não observou nenhuma animosidade, só a dor latente.
O sangue leitoso correu na bica.
Afastou-se do ato cirúrgico, juntou a matula e
embrenhou-se mata adentro.
Lá adiante, zombeteiro, montou a mula em pêlo.
Em céu de setembro, ante o rebrilhar dos cristais
noturnos;
preparou a maçaroca, defumou o suco espesso e enrolou
a emulsão no fuso.
PRÓCLISE
Nada me interessa neste momento
Não, nada me espanta.
Já não me maltrata o tormento
E nem o descaso do sacripanta.
Enquanto todos não me acreditavam, sentenciei:
Vestirá a CINTA PRESIDENCIAL e não se fará de santo!
Ninguém me deu ouvidos, hoje sei
Em próclise derramei meu pranto.
ANGRA I
Ontem sonhei contigo amor...
Rompi marolas do “Rio”
Encontrei você no cio
Transpirando de calor...
Foi tão bom amor.
Ontem te possuí amor...
Deslacrei teu útero adormecido
Penetrei o plutônio enriquecido
Fecundando o gerador...
Nos fartamos amor.
E depois de tanto pavor...
Banhei o sexo
Em águas pesadas
Curando o tumor...
Morri amor.
ECÓLOGA
Ecologia:
Grito que ecoa nas matas devastadas,
Lamento de animais dizimados,
Pranto do povo da floresta.
Ecologia:
Sopro de vida que clama o amanhã
A luta não terá sido vã
Se a natureza florescer harmonia.
OFUSCA
A Gilberto, Oswaldo, Mafra, e a São Paulo.
Chegou fim de semana
Chegou fim do dia;
Corcéis cavalgam em galope nervoso
Serpenteiam na alucinante romaria.
A noite faz a chuva cair suave
Banhando o espelho negro com instável lama fina;
Os demônios indomáveis
Cospem fogo pelo rabo e luz pela narina
Vi um encarnado travar quatro patas
O enferrujado fungar na anca;
A cópula foi inevitável
O garanhão fica com a roda manca.
O cavaleiro afrouxa o arreio,
A montaria relincha de dor.
Silêncio. Silencia o motor.
QUIMERAS
Sons, falas, gritos, trombetear.
Na tristeza sou trovoada;
No teu ombro, canto de ninar.
Luzes, olhos, formas, cores.
Na solidão sou trevas;
Nos teus seios, flores.
Clima, temperatura, frio, calor.
Na despedida sou ira vulcânica;
Nos teus braços, amor.
Ar, sopro, brisa, ventania.
Na distância sou tempestade;
No teu colo, calmaria.
Massa, terra, denso, concretar.
No deserto sou a mão que ceifa;
No teu ventre, semente a germinar.
VERSO E REVERSO
O pau está a meia bandeira; o país está em festa
O poeta desabrocha e remoça a poesia indigesta.
Se falta gás o “lampião” morre na praça. Morreu porque não
presta.
Nossos filhos “assaltitam” as verdes matas; é “tupiniquim”
esta gesta.
Elegemos um novo presidente; houve comício em cada
esquina
A feijoada voltou à mesa, regada com o imposto da gasolina.
Denegriram o serviço de inteligência; coloriram o de
informação
O caçador de “MARAJÁS” deu um tiro no dragão da inflação.
Aqui termino meu recado; saibas que o sonho do primeiro
mundo está morrendo
Após perder minha “Poupança de Cruzados” de cara pintada
vou vivendo.
SEM BANDEIRAS
Não ... não se vive só de sonhos,
Mesmo que nos anunciem os mais felizes.
Não ... não se vive só de desejos,
Mesmo que nos assegurem os inatingíveis.
Não ... não se vive só de promessas,
Mesmo quando ofertadas por amigos.
Não ... não se vive só de juventude,
Mesmo quando bebemos vinho antigo.
Não ... não levanto bandeiras,
Minha mão prefere a labuta.
DEMOCRACIA
São três reinos,
Três monarcas purulentos;
Três coroas de louros
Cravejadas de fome e lamentos.
São três tronos,
Três verdugos agourentos;
Três canetas de ouro
Perpetuando sofrimentos.
São três fidalgos
De três castas erigidos,
Ladrões, corruptos e mentirosos
Tramando às escondidas.
São três pastores,
Uma ovelha desgarrada;
Deitada em berço esplêndido
Imolaram pátria amada.
VIVA O REI
Não há leis, liberdade ou rumo novo;
Não há orações que possa exorcizar a nação.
A democracia não plantou o governo do povo;
Não há água limpa pra lavar as nossas mãos.
Leis, pra que tantas; se não são cumpridas?
Orações, pra que tantas; se não são proferidas?
Governos, pra que tantos; se só fazem promessas antigas?
Enquanto o poder não emanar do povo não haverá nova vida.
Se a Constituição é um natimorto, a nova Carta sepultei.
Se as orações não obtêm respostas, a santos surdos eu orei.
Se o Governo está morto, rei posto... VIVA O REI!
CANTORIAS
A AMILTON SILVA, COMPANHEIRO DE LUTAS E BRAVATAS
Ouça meu compadre
Ouça meu irmão
Já não sei onde vai parar esta cidade
De tanto plantarem invasão.
O Governo era vermelho
Desbotou, ficou azul
Mas fique sabendo meu companheiro
Que quando vermelho ele era mais azul.
Se não findarem com essa bagunça
Compro um balde de tinta para a cidade pintar
Misturo vermelho, azul, mel e incenso de ARRUDA
E pinto uma flor de maracujá.
O povo não se deu conta
O Governador também não
Inimigo que se diz irmão logo uma lhe apronta
E o coitado vai ser cozinhado na panela da eleição.
Já me cansei das rimas desta ode
Vou embora para Salvador
Ouvi dizer que Presidente do nobre
É no mínimo o inatacável Senador.
VERSO DA NEGAÇO
Não,
Não sei porque
Não sei desdizer
Sem dizer que não.
Não,
Não é prazer
Não é viver
É indignação.
Não,
Não vou negar
Ao recusar
Digo não.
Não,
Nunca, jamais será superlativo
Jamais, nunca será infinitivo
Do dizer não.
MEUS QUINZE ANOS
A JANAINA, desejando uma gloriosa carreira de modelo.
Tenho quinze anos
Mas há quem não acredite,
Mamãe diz que tenho treze
Papai que tenho vinte.
Tenho quinze anos
Mas há que não acredite,
Só chego em casa às 13hs
Só saio às 20hs.
Tenho quinze anos
Mas há quem não acredite,
Namorado já tive treze
Mas dizem que foram uns vinte.
Tenho quinze anos
Mas há quem não acredite,
Cabecinha de treze
Corpinho de Vinte.
CAPITU
Gosto de você, Capitu
Fico todo suado
Quando como teu angu.
Sei que não me amas, Capitu
Mas fico agoniado
Quando vejo teu corpo nu.
Não me olhes desse jeito, Capitu
Minha carne é fraca
E vibra como talo de bambu.
Não me faças assim, Capitu
Não me toques assim, Capitu
Faças assim... Capitu.
INFANTIL
Meu amor
Foi Joana,
Namoro de mãos dadas
Nos fins de semana.
Minha paixão
Foi Joana Maria,
Seus beijos me matavam
E sempre mais queria.
Meu capricho
Foi Joana Fássio,
O corpo exalava
A fragrância topázio.
UM CERTO ALGUÉM
O sol de cabeleira destoucada
Acorda a flor, o amor de alguém.
Quem tão cedo desce a rua é segredo,
Para onde vai não importa também.
Meus olhos abro, claros e miúdos;
Minha boca calo, lábios mudos;
O pecado passa e convida a tudo.
Com seu moreno jambo
Ela passa seminua,
Reclamando o olhar
Do sol que beija a lua.
À tardinha, antes que o sol durma,
Ladeira vem subindo, subindo vem;
O sobe e desce de suas cadeiras
machuca, mas não mata mingúem.
Ela vem chegando com graça,
E mesmo de longe já se insinua;
Eu fico teso
Como o poste da rua.
Quando passa, olha, sorri, cumprimenta
Meu coração dispara, não se sustenta;
No desabrochar da minha juventude.
CIRÚRGICA
Se mortal
Ninguém ousaria.
Ela
Bela
Fera.
Devagar...
Adentrou a janela
Uma brisa fria.
Trêmula
Abre
Fecha.
Devagar...
Era noite
Madrugada caía.
Ouvia
Sorria
Sofria.
Devagar...
Bate o coração
De alegria.
Canta
Dança
Implora.
Devagar...
Um desejo
O lençol descobria.
Fino
Lindo
Atraindo.
Devagar...
Consumido no êxtase
O corpo jazia.
Dia
Lia
Dormia.
Devagar...
O COLETIVO
Ascendem-se os refletores;
O palco ganha vida.
Olho, logo desolho;
É cena repetida.
Eu — em sombras de ator —
Vivo o monólogo antigo:
Denegrir a mãe do governador
E lamuriar o esperar do coletivo.
RESSACA POÉTICA
Alguém levanta um copo e grita:
— Poeta! Que poeta queres ser?
Dei de ombro. — Que tal BANDEIRA?
Um outro alguém, abruptamente, refutou-me:
— Não gostei desta bandeira, muito menos do tal BANDEIRA.
Bandeira por bandeira sou mais DRUMMOND!
O primeiro interveio:
— Eu gosto do OSWALD; tem berço, é o mais lírico dos ANDRADE!
O dono do boteco esfriou a tertúlia servindo uma nova rodada de cerveja. E sussurrou-me:
— É melhor ser político. Agindo assim, você terá público cativo.
A crítica vai falar mal, mas, não é ela que compra.
No BOTECO DO TONINHO era assim:
Se alguns viviam de prosa; outros, de bebericar poesia.
ORGIA ELETRÔNICA
Ao Servidor Público que, para defender a cerveja, tem que vender muamba.
Ontem estive na feira. Do Paraguai, é claro!
Não poderia perder aquela oportunidade derradeira.
O governador, em oposição ao antecessor, prometeu inaugurar uma placa alusiva à sua fundação. Nela deverá está escrito: AQUI JAZ.
Comprei algumas bugigangas e uma novidade do além mar. No fundo do apetrecho domésticos li em pequenas letras: MADE IN BRAZIL.
Que avanço tecnológico! Possuía compartimentos com letreiro e destinação específica. Coisa de cinema. Uma cava para o sabão e outra para a esponja. Duplex.
Dei a jóia de presente para a dona da casa (Maria, minha auxiliar).
Sorridente e agradecida, ela acomodou o relicário sobre a pia desnuda.
Ficou soberbo! Os letreiros de cor azul néon piscavam ritmicamente: SABO, ESPONJA... SABO, ESPONJA... SABO ESPONJA.
Apressei-me a assistir os compartimentos serem preenchidos com seus respectivos produtos: o sabão e a esponja.
Que obra de arte! Era uma verdadeira obra prima, coisa de Miguelangelo! Só faltava falar.
A luz tingia a retina do meu olho de alegria e movimento: Sabão... Esponja, Sabão... Esponja, Sabão... Esponja.
Deixei-me hipnotizar com o frescor daquela cena luxuriante. Mirava a esponja e depois o sabão; a esponja e depois o sabão.
Os letreiros piscavam, piscavam insistentes; alucinados e me alucinando: Sabão...Esponja, Sabão... Esponja, Sabão...Esponja.
Estático, eu mirava os dois quadriláteros incrustados no recipiente. Pareciam duas pérolas num para de brincos: a esponja e o sabão; a esponja e depois o sabão.
A cena enfadonha afastou os menos curiosos e, os letreiros começaram a piscar mais intensamente. Protegidos por minha cumplicidade, deixaram se levar pelo vai e vem da emoção e começaram a fazer bolinhas de sabão.
Sabão, Esponja; Sabão, Esponja; Sabão, Esponja.
Cansei-me daquela orgia eletrônica. Desliguei o fio da tomada e fui dormir.
TEUS BRAÇOS
A D’GUIA, eterna companheira
Teus braços,
Jóia rara em marfim;
Delírio de Zeus
Pedaço mim.
Teus braços,
Porto seguro;
Quando navego tuas ondas revoltas
Enlaçam minha cintura.
Teus braços,
Sentinelas a guardar;
A fortaleza do teu tesouro
E do teu jeito de amar.
Teus braços,
Que seduz e tortura;
Razão da minha insônia
E de minhas loucuras.
NOCTÍVAGOS
Cai a noite e eu vago
Eu vago e a noite cai
Cai... e eu vago a noite.
Vago e a noite, eu cai
Eu e a noite, Vago cai
Vago e eu, a noite cai.
Cai... e eu a noite vago.
A Cai e eu noite vago
Vago noite eu e a Cai.
Noite, Vago a Cai e eu.
MULATA
Quando
Quando segues o caminho do mar
Teu corpo transpira cravo e canela
Teu requebrado faz coração sambar.
Quando
Quando desnuda cruzas a grande avenida
És a porta bandeira mais querida
Rainha da minha “BEIJA FLOR”.
Quando
Quando bailarinas os pés descalços
Muvucas no teu preto (asfalto)
Dás asas a ilusão.
E na grande passarela,
Arquibaldo e corte aplaudindo
A “Marquês” repetindo
O coro: JÁ GANHOU!
COM GARAPA E PASTEL
A Joilsion Portocalvo
Aqui, morre-se de tédio;
Mas não por falta de amor.
Aqui, morre-se de frio;
Mas não por falta de calor.
Se me aperta a fome, corro pra rodoviária;
Encho a pança com garapa de cana e pastel.
Se quero curtir uma praia;
Sigo o caminho do céu.
ARROZ, FEIJO E PROSA
Quiabo no feijão, baba.
No cuscuz, vai muito bem.
Mas se tiver uma cervejinha;
Aí então, melhor não tem.
Pepino com galinha é indigesto.
Fica mole, não me convém.
Mas se for com mandioquinha;
Aí então, quero também.
Se o arroz está cru,
Prefiro salada e jiló.
Mas se tiver carne vermelha;
Aí então, como sem dó.
PALACIANA
Homenagem aos verdadeiros habitantes de Brasília: suas hermas, marcos e arquitetura
I
Um moço novo; de novo um moço, moço novo de novo.
Embrulhando um pacote; de novo um pacote, pacote novo de novo.
II
Já galguei a relva da passarela palaciana. Foi um sonho verdadeiro,
miragens do sol de janeiro, que de tão passageiro não guardo boas
recordações (ainda habitava em mim uma criança, revivendo estou
aquelas lembranças).
III
Naquela breve jornada, detive-me no topo da inclinada,
vislumbrando na imensidão da
ESPLANADA DOS MINISTÉRIOS,
entre pedras de dominós perfiladas, um homem que estava só. Os
DRAGES DA INDEPENDÊNCIA
não estavam de sentinela; não
observei nenhuma nódoa ofuscar o cristal das incontáveis janelas.
Inspirei profundo e tangi os fantasmas que por lá viviam.
IV
Alhures, O RELÓGIO DO SOL
toma
FORMA ESPACIAL NO
PLANO.
Um raio transforma
O METEORO
em estrela cadente que
mergulha no
ESPAÇO CÓSMICO
e trafega pela
VITÓRIA-BAHIA.
Colide com
MERCÚRIO
que sangrou mercúrio e foi socorrido pelo
GRAN MARISCAL DEL PERU.
V
Uma nova
ERA ESPACIAL
acorda a
ÍNDIA BARTIRA,
que acordou
AS IARAS,
que acordou
AS SEREIAS,
que acordou as hermas:
RONDON, HEITOR, BILAC e J. K;
que acordaram
OS
EVANGELISTAS
para reescreverem o futuro e as profecias do
passado. Pétrea, a prostituta dA
JUSTIÇA
bocejou, despiu-me com
seus olhos vendados, empunhou a lâmina, e se desfez da balança
de medir pecados.
VI
Entrementes,
A LOBA
desenferruja o uivo metaleiro da geração
Coca-Cola, besunta
O EIXO MONUMENTAL,
desfralda
O
PAVILHO,
acende
A PIRA DA LIBERDADE; e
canta o velho
HINO NACIONAL.
O brado ecoou nas cordas do horizonte. A constelação de lata se
abriga na caserna, e a corte, no
TEATRO NACIONAL
para elege o
rei momo do nosso carnaval.
VII
Ao repicar dOS
SINOS
e berimbau
OS GUERREIROS
ficaram a
postos.
A TORRE DE TELEVIO
emudeceu. Blasfêmias ecoaram na
CATEDRAL.
Sonolentos
OS ANJOS
desgrudaram do firmamento; e
se multiplicaram, multiplicados em mil cacos.
Com DINAMISMO OLÍMPICO
o atleta do universo arremessa o
SOLARIUN
e fere um pássaro de algodão; e um filete de sangue
turva sua alva tez, e logo outros cúmplices também se esvaíam, e o
céu ficou encarnado, e a tarde se fez presente. A noite anunciou que
chegara sua vez.
VIII
O PROFETA
sulplatino sacode a poeira, ressuscita
O CANDANGO,
exorciza o pé de
CONGRESSO,
joga sal na sua côncava e convexa -
raízes. Ameaçador ergue os olhos aos céus. Humilde implora por
dias felizes. Ruma para o
LAGO DO PARANOÁ,
flutua no espelho
líquido como se fosse um santo. Na margem direita adentra a
ERMIDA DE DOM BOSCO.
Decola no bólido piramidal.
OLHOS D’ÁGUA
Quando o dia anoitece
E flechas de prata ferem meu peito,
Entrevejo arco-íris noturnos
Do orvalho a gotejar.
Um olho d’água começa a chorar...
Quando haloados navegantes
Harmonizam o plexo solar,
A dor entorpece minh’alma
Adormeço com o canto lunar.
Um olho d’água começa a chorar...
Retirada a venda do terceiro olho
viajo no rabo do cometa,
E traspasso o universo
Na velocidade de um pulsar.
Um olho d’água começa a chorar...
Na descida ao corpo denso,
Escorrem por entre dedos
Inimagináveis tesouros,
Como um rio que corre pro mar.
Um olho d’água começa a chorar...
E quando um novo dia amanhece
Em sabedoria, luz e calor,
O universo se faz música
Nas mãos do meu Criador.
Meu olho esquerdo começa a chorar.
O TEMPO QUE PASSOU
Sinto que estou perdendo nosso tempo
Florido por momentos de cada dia;
Sei que o passado não volta atrás
Meu consolo é a poesia.
A você procurei dar o melhor de mim
Dar um pouco de minha alegria;.
Quando faltou-me como mulher
Contentei-me com sua companhia.
Busquei aquecer tu’alma com meu calor
Você se desvencilhou com palavras frias;
Ofertei-te rosas colhidas com amor
Voltei com as mãos vazias.
As horas ao seu lado não passavam
Eram infinitos momentos de sonhos furtivos;
Eternas aos olhos dos que invejam
Hoje, motivo de chacota e risos.
Mas aqueles momentos passaram, passou
Para mim você já não tem mais tempo;
Sei que a outrem sempre sobra algum
Meu poetar, é meu passa tempo.
CORAÇO
És coração...
Músculos, vasos, cavernas,
Não tens pernas
Mas andas na contra mão.
És coração...
Musculoso, vasculoso, cavernoso,
Não fala a língua do povo
Teu vocal de contração.
És coração...
Muscular, vascular, encavernar,
Não escutas o cantar
Mas vives minha canção.
És coração...
Musculando, vasculando, encavernando,
Quando estou amando
És pura emoção.
És coração...
Musculou, vasculou, encavernou,
O vento a vela levou
Navegas em desilusão.
REFAZENDO
Vou revisar gavetas
Ressuscitar minha prosa,
Remoçar rimas e versos
Em busca da utópica poesia nova.
Vou revisar o armário vestir uma outra fantasia,
Jogar fora o diário
E esquecer a nostalgia.
Vou revisar meus escritos
Reescrevê-los com palavras novas,
E só dizer o que sempre tenho dito
Em hora mais oportuna e proveitosa.
Vou revisar minha vida
Guardar antigos pensamentos,
Esquecer cada angústia sofrida
E cada lágrima chorada em lamentos.
Vou revisar o coração
Das aranhas retirar as teias,
Viver uma nova ilusão
E purificar o sangue da “veia”.
CORDÉLIA
Vou te contar uma história
Que se passou no Distrito Federal,
Com uma dessas donzelas
Que vem trabalhar na capital.
A coitadinha me disse
Que era de família numerosa,
Que a vida estava difícil
Que se cansou dos políticos e suas prosas.
Morava no sertão de Nova York
Nem o desjejum tinha pra comer,
Como era de pouca sorte
Nada poderia nesta vida fazer.
Pensei cá comigo, está quenguinha está com fome
Vou lhe servir uma comidinha,
Servi brócolis, quiabo, cenoura e inhame
Mas ela ficou só no arroz com galinha.
Como a fome me pareceu santa
Reforcei com cuscuz e suco de limão,
Mas ela me disse que aquilo nem ver
Azedou a barriga do irmão.
Quando a conversa ficou mais solta
Sorriu que seu fraco era “iorgute e coca de latinha”,
Eu fiquei pensando com as mãos no bolso:
Essa modernidade é dele não é minha.
Mas depois de tanta conversa
Atrevi-me a falar do principal,
Quanto pagar pelos préstimos da auxiliar
Nunca empregada doméstica ou serviçal.
Ela disse de pronto: o salário sim sinhô!
Ticket alimentação, férias e descanso remunerado,
Que não to aqui pra da vida boa pra dotô.
Mudei de assunto, quis saber se cozinhava o trivial.
Respondeu que em serviços de cozinha não mexia,
Não arrumava, não lavava e passava muito mal.
Fiquei espantado com sua tamanha disposição;
Pra ficar sem fazer nada,
Cuidando do telefone, geladeira e televisão.
Pedi desculpas pra donzela
Mandei procurar outro patrão,
A casa sempre foi bem cuidada sem ela
Pra dona patroa eu dou uma mão.
ÁLBUM DE RECORDAÇES
Nos meus dias de juventude
Vivi tórridas paixões.
Se és moço que se cuide,
O tempo apaga fogo dos varões.
A proposta do futuro anunciado,
São de desejos que vão e não vem;
Um inevitável adeus ao passado
E um novo amanhã que não convém.
Quando se jaz as emoções,
O pretérito nos trás como legado
Um álbum de recordações.
Por onde andará a Rita (a magrinha ou a gorda),
Flor campestre que plantei no meu quintal.
Não fui o primeiro; fui jardineiro de todas.
PRIMOGÊNITA
Meu bem ... amor ... meus sonhos!
Completamos sete meses de casados
E nos sentimos como dois estranhos
Neste viver lado a lado.
Vivemos uma rotina enfadonha
Só me dizes lamúrias, sabias?
Com desculpas de curar a insônia
Refugio-me nas ruas vazias.
Não, não estávamos preparados
Não, não mais nos enganemos,
Éramos imaturos e mimados
Sempre soubemos.
Culpamo-nos e ao matrimônio
Esquecemos as juras que fizemos
Dar vida ao nossos sonho
E viver o amor que nos prometemos
Somos náufragos em desejos insanos
Aportados na tangente do divórcio
E nem ao menos sequer imaginamos
Qual destino terá o filho nosso.
Terá a sorte dos adotados
Ou será mais um abandonado no orfanato?
Se colhido pela legião dos abortados
Pagará por nosso impensado ato.
Não ... pelo amor de Deus, não...
Pelo que tens de mais sagrado...
Não atiremos pela janela da devassidao
O que pelas graças do céu nos foi dado.
Unamos nossas mãos; hoje, tão estranhas
Façamos da nossa dor uma oração
O rebento de tuas entranhas
Será o elo da nossa união.
MIMHA HERANÇA
Ele não me deu muito
Talvez, porque não tivesse muito a dar.
Só colho na vida o que semeei
Só trago comigo o que posso levar.
O que sei, aprendi à sombra da jaqueira,
Ou quem sabe do jequitibá!
Que plantou e cultivou à sua maneira,
E numa rede a balançar.
Quando me revelava o passado ou o futuro incerto,
Eu não possuía ouvidos pra escutar.
Por fim, daquele livro aberto,
As mais lindas páginas não soube folhear.
O derradeiro hálito de juventude
O corpo cansado não conseguiu domar;
A mocidade da sua alma
A idade avançada não ousou grisar.
Um dia também ficarei sozinho
Meu filho longe no seu labutar;
Na minha companhia só lembranças
Da mão do meu pai a me guiar.
Então retornarei à sombra da jaqueira
Ou quem sabe, do jequitibá!
A juventude é passageira,
Na rede velha posso sonhar.
RIACHO FUNDO
Trilhei margens do riacho, riacho seco, riacho fundo. Abri picadas, fui picado. Transpus a fronteira d’outro mundo.
Varei paredes vivas (ipês, quaresmeiras, angicos e buritis). Traspassei muralhas encapuzadas por neves verdejantes, e cordilheiras de picos cênicos, sobrepostos, com várias matizes.
Aqui, acolá, descortinei outros tons, outras cores; frutos, frutificações, folhas e flores.
Acobertado e enfolhado, vi-me em destroços sobre um tapete de raízes. Na fonte um nó que cocorocou; astrólogo, tracei um mapa astral com estrelas osculatrizes.
Réptil em solo fecundo, com a destra encontrei apoio no pé do vegetante de olhar feio e carrancudo; cara de pau, corpo espinhento e barrigudo.
Chutou-me o pezão. Era perneta o pernalta. Atirou-me na curva do vento com a mão toda espinhada.
A outra mão, mais atrevida, roçou as ancas d’uma moça que não me recriminou, mas ficou com a tez corada.
Mudo não lhe disse nada, busquei o frescor dos seus olhos com os meus. Sob a cabeleira ruiva escondeu os cílios postiços de cor lilás.
Quando meu silêncio pediu perdão, ela sorriu e me concedeu. Acomodou um broche de azaléias que enfeitava o colo desnudo, o colar de cipós que prazerosamente enlaçava os seios fartos, e curvou-se. Com a cumplicidade da brisa, suavemente, estendeu-me a mão.
Alguém com voz de ventania interrompe o flerte: — Sai da minha sombra, tire as patas de minha amada. Achou pouco pisar no meu pé e me ensopar com sua água salgada?!
Fiquei pasmado. O mutante era alto, corpo roliço e dezenas de braços. No mais forte portava um anel de abelhas e na cintura uma casa de cupim.
Minha hora derradeira foi anunciada, o dia adormeceu em sombras; precipitou-se o começo do fim.
Recolhi os ossos; ziguezagueei por entre labirintos de galhos, folhas e espinhos. Escalei baixo e alto relevos, removi pedras, naufraguei em mil rios.
Sedento, encontro guarida no colo de uma acolhedora cachoeira. E a donzela de pedras me beija um gole d’água morna, e a dama da noite me envolve em transparente lençol noturno, e o corpo alquebrado adormece.
Sonhei um sonho, um sonho de anjo: sonhei que era TUPINAMBÁ, e que você era só minha, minha princesa JUPIRÁ.
PERDO AMIGOS
Aos amigos da CONUBA
De quando em quando
Os braços da solidão vem e me assola,
Recordo-me dos tempos de outrora
Dos amigos, amigos meus.
Envolto no manto das recordações
Entre turbilhões de alegria, entristeço;
É que meus pecados não esqueço
Perdão rogo a vós e a Deus.
Perdão amigos, amigos meus;
Se meus desatinos esculpiram feridas
Que hoje sangram, mesmo antigas,
Perdoados estão os teus.
Perdão amigos, amigos meus;
Desejo-lhes um suave caminho e longa estrada,
Se o destino não nos permitir uma nova parceirada,
Desejo-lhes um feliz adeus.
SAMBA DO ADEUS
Eu queria te exaltar
Num samba na “Marquês”,
Teu nome gritar
Como ninguém nunca fez.
Te dizer tantas coisas
Aquelas que você tanto deseja,
No tempo imortalizar
Nosso primeiro beijo.
Eu queria não te deixar partir
Mudar tua decisão,
E que voltasse a sorrir
Ser rainha do meu barracão.
Mas desprezando meu amor, você se foi
Deixando um rastilho de lembranças;
Uma marca de batom no travesseiro,
A sandália de tiras, a fantasia rasgada e uma aliança.
No teu negro corpo
Quero me perder, quero me esconder,
No teu negro corpo
Sonhar e viver.
SAMBA DA VOLTA
Ao poeta Vinícius de Morais
Do meu canto, esquecido
Vejo melhor seus insinuantes movimentos
Seu falar lento
Quero te abraçar.
Olha mulher, escuta mulher, quem sabe mulher, um dia...
Não chores, mas se chorar, chores sorrindo
Veja como é lindo
Tantas flores se abrindo
Nenhuma tão linda quanto você.
Olha mulher, escuta mulher, perdão mulher, pela vida...
Ontem acordei com o gosto do passado
Desfiei o novelo do tempo
E remocei nossos agrados
Ninguém me amou como você.
Olha mulher, escuta mulher, espere-me mulher, estou indo.
A OUTRA DO TREM
Você vem
Vem no trem
No trem que vem
Você vem.
O trem vem
Vem que vem
Que vem, vem
Vem o trem.
Chegou o trem
Que você vem
Meu bem também
Chegou no trem.
LANA
Num quarto qualquer, lugar qualquer;
LANA respirava a rua escura.
O vagabundo descortinou a silhueta de mulher
Dançando entre os lábios frios da moldura.
A mesa pálida frutifica vinho e aspargos
E floresce uma reluzente garrafa de café.
De quando em quando do copo um gole, do cigarro um trago
Pra tirar o amargo da amarga espera do Zé.
A dama da noite acordou e lhe fez companhia,
Uma brisa úmida indagou: Quando virá o Zé?
Encobertou-se, sorveu a última gota da garrafa vazia
E uma lágrima a tez aqueceu. (Onde andará o Zé?)
Zé... do rolo e do mundo...
(Na cama de campanha se aninhava)
Zé... que homem sem prumo...
(Não se entregava: piscava, piscava... piscava o Zé)
Os mensageiros das horas anunciaram o novo dia
Duvidou, aceitou... Seja o que Deus quiser.
Na calçada um vulto se movia, (o toc-toc se ouvia)
Mesmo longe parecia com o toc-toc do Zé.
O olhar sonolento descortina um rosto amigo
Trôpego, mortalmente ferido (ela lhe tem dó).
Colhe um beijo do amor bandido
Respira seu último hálito, escuta um adeus (um só).
O corpo estendido no chão é envolto por Lana
Que se desmanchando em prantos faz do vestido manto,
Debruça-se sobre o defunto (O Zé é um santo)
Morre a noite... Morre o final de semana.
IMORRÍVEL
A Gustavo Dourado e sua ACADEMIA DE LETRAS
A Academia não me permitiu envergar o Fardao
A desfeita me deixou aborrecido;
Mas se o feito só se consuma com votos
No sufrágio serei candidato vencido.
Noticiaram que fui preterido por outrem
Das letras, um ilustre desconhecido;
Tempos depois fiquei sabendo
Que o moço é financeiramente bem servido.
Estou a reformar meu sepulcro
Por longos anos carcomido;
Mandei preparar a mortalha
Pra ser Imortal não precisava ter nascido.
RETRATO EM BRANCO E PRETO
Aos amigos da SUNAB
Quando os amigos dizem: é surdez!
Eu não dou ouvidos.
Quando dizem: é gaguez!
Escuto o eco do grito.
Quando dizem: é raquitismo!
Tenho certeza, sou subnutrido.
Se os amigos disserem que sou feio
Admitirei, não estou bem produzido.
Se disserem que sou triste
Admitirei, ando meio aborrecido.
Se disserem que sou de pouca sorte
Admitirei, esqueço de manter o pé aquecido.
Os amigos me disseram: sois pobre.
Adverti-os, não fui bem nascido.
Disseram-me: não tens fama.
Adverti-os, não fui enaltecido.
Disseram-me: não sois culto.
Adverti-os, sou subdesenvolvido.
Mas quando alguém me interpela: não tens inimigos?!
Resoluto lhes digo: Inimigos pra quê; tenho bons amigos.
TROMBETA LÍRICA
A quem interessou veicular tão descabida potoca:
— OS POETAS ESTO MORTOS—
Se vampirizaram nossas veias e zumbizaram nossos corpos.
A quem competiu proferir tamanha infâmia:
—A POESIA NO TEM VIDA—
Se a mocinha vive saudavelmente fantasmecida.
Quem praguejou com veneno de língua de sogra:
—AS ESTROFES NO GOZAM DE BOA SAÚDE—
Se ontem ajudei carregar seus ataúdes.
Quem alardeou nos corredores da U.T.I:
—OS VERSOS ESTO DESFALECIDOS—
Se esses moços são imunes a esse mal antigo.
Quem colunou calúnias sociais:
—AS RIMAS SO POBRES—
Se todas desposaram moços nobres.
Quem panfletou nos muros da Capital:
—O POETAR NO TEM GUARIDA—
Se fez morada no meu peito, tatuado em carne viva.
Sobre o Autor
Antonio Virgílio de Andrade, Poeta, Escritor e Contista, nasceu em dezembro de 1955, em Sertânia -Pernambuco; residiu no Rio de Janeiro, São Paulo, e hoje está radicado em Brasília; cidade da qual fora pioneiro de sua fundação. É Candango.
Virgílio de Andrade, permite-se o direito de navegar por todos os oceanos da literatura, é Autor de destaque da
“USINA DE LETRAS”,
revista on-line do Sindicado dos Escritores de Brasília, onde publica Contos, Crônicas, Poesias e Ensaios.
É colaborador do “Jornal Comunitário da Cidade Satélite do Riacho Fundo—Brasília”, e outros jornais local; publica na revista on-line “POESIA & CIA”, e outras do gênero.
Sua primeira e recente obra,
RASTILHO DE PROSAS,
foi publicada em formato papel, lançada na
BIENAL/2000,
em São Paulo; e posteriormente, na
FEIRA DO LIVRO DE BRASÍLIA/2000,
e outros eventos de menor porte.
Recebeu menção honrosa do
Centro Cultural de Aricanduva -
São Paulo, com a Poesia SIMPLES. Participou da
“6° ANTOLOGIA” do Painel Brasileiro de Novos Talentos—CBJE,
Rio de Janeiro; e foi incluído na
“1° Coletânea Poética de Aricanduva”,
promovida pelo “Centro Cultural de Aricanduva”—São Paulo.
Além de sua carreira literária, desenvolve intensa atividade na
“ONG
-
AMIGOS DE BRASÍLIA”,
Entidade voltada para ações de cunho filantrópico; e na qualidade de vice-presidente, compõe o atual Conselho-Diretor do
“Movimento do Trabalhador Progressista—MTP-PPB”,
desenvolve trabalho social;
No presente momento, promove revisão do Conto Infantil:
“CAÇADA AO PEIXE PIRA-BRASÍLIA”, e
do Conto Adulto:
“ÁGUA RASA NO RIACHO FUNDO”.
Para corresponder com Virgílio de Andrade, escreva:
Antonio.andrade@planejamento.gov.br
Avandrade@bol.com.br
©2002 — Antônio Virgílio de Andrade
antoniovirgilio@terra.com.br
Versão para eBook
eBooksBrasil.com
__________________
Outubro 2002
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