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Fim
Daniel Cavalcante
CAMINHO PELA AREIA, meus pés andam sobre a espuma das ondas, que chegam à beira da praia, quente, fresca, gelada.
Deixo a onda me levar, ela me leva ao infinito...
Ele não consegue
terminar o romance trágico.
Está enfurnado em seu quarto há dias, sem comer, sem ver a luz do sol.
Ricardo; culto, intelectual, artista, boêmio. Bom de copo e garfo. Pintor, compositor, escritor, cronista, escultor. Homem como ele jamais se viu entre os grupos de letrados que se reuniam todas as noites nos melhores bares e centros culturais da cidade de São Paulo. Os companheiros o admiravam, os rivais o invejavam. Ricardo fazia de tudo e era genial em tudo o que fazia. Todos queriam saber de onde aquele homem havia tirado tanto talento. Todos queriam conhecer o segredo de Ricardo.
O fato é que nem mesmo Ricardo sabia como podia fazer de tudo. Sequer se considerava um gênio, e com toda a sinceridade que Deus lhe dera dizia, para desapontamento geral dos menos avisados, com um tom de humildade, que tudo era exagero dos colegas, quando questionado sobre sua versatilidade.
Ricardo morava em uma pensão, num desses prédios antigos do centro de São Paulo, de arquitetura francesa. Tais prédios parecem abandonados e caindo aos pedaços, mas geralmente se transformam em pensão. Vendia seus quadros na praça da República aos domingos, publicava seus livros, contos e poemas em editoras pequenas, e às vezes ele mesmo os editava; vendia suas músicas para cantores populares e gravadoras médias; tocava flauta, violino, harpa ou piano na orquestra municipal, interpretava suas próprias peças teatrais nos palcos menos conhecidos da cidade e se apresentava em bares com seus shows de humor.
Ele despertava inveja em todos. Naquele domingo, seus amigos disseram que tanta inveja iria acabar mal
para ele. Ricardo deu de ombros.
O fato é que ultimamente Ricardo andava meio preocupado. Sua bebedeira aumentara, o sono diminuíra. O motivo era que, estranhamente, Ricardo não conseguia mais terminar suas obras. Romances, peças, quadros, músicas, poesias, fosse o que fosse, ficavam pela metade. Em compensação, as idéias invadiam-lhe a mente em um ritmo alucinante. Mal começava um trabalho novo, uma nova idéia fazia com que se voltasse para outro projeto, se esquecendo por completo do anterior. Ao voltar para o primeiro, já não sabia como prosseguir, e assim, em pouco tempo, acumulou uma grande quantidade de obras inacabadas.
Atravessou as madrugadas, garrafa de champanhe ao lado, conhaque à frente, bitucas de cigarros empilhadas no canto. Folhas de papel e telas jogadas no chão. Idéias que iam e vinham. Tudo pela metade.
Já não freqüentava mais os círculos de intelectuais e artistas. Todos indagavam o que teria acontecido com aquele entusiasmado gênio.
Ela me leva rumo ao desconhecido... conheço pela primeira vez o significado da palavra
medo
...
Tomado pela angústia, Ricardo já não tinha mais obras para vender ou publicar. Afundou-se no desespero, e seu sustento se resumiu à poucas apresentações no teatro e em bares, mas o pânico e a depressão fizeram com que se isolasse cada vez mais, quase não saindo de casa. Talvez se concentrasse-se mais em apenas poesias, ou romances...
No entanto, as idéias surgiam como folhas secas no outono. Era impossível freiar sua inspiração quase infinita. Quem dera tal inspiração o brindasse com um final para suas obras...
Até mesmo os quadros abstratos, de alguma forma, não eram concluídos.
A onda me afasta cada vez mais...
O artista tentou de tudo. Nada parecia resolver seu problema. As dívidas se acumulavam, o dinheiro já não dava sequer prá um goró.
Ele está enfurnado no quarto. Faz calor. Abre a janela, olha para a
Rua Direita
, observa a multidão. Escreve meio poema, pinta meia tela, esculpe meia mulher meio nua. Bebe meia garrafa de cachaça.
Ricardo nunca trabalhara e criara tanto em toda sua vida. Sua obra incompleta e genial atola seu quarto. Muito vai para o lixo ou para o incinerador.
No dia seguinte, no sábado, depois de duas semanas sem ser visto saindo do prédio gótico, seus amigos, poetas, atores e músicos, foram visitá-lo. A dona do prédio, com cara de mulher-da-vida, dizia estar preocupada com o gênio. Ele pintou meu retrato uma vez, dizia ela. Um retrato sensual. Mas ela se preocupava mais com o aluguel atrasado.
Os boêmios entraram no quarto escuro e bagunçado, e se depararam com o corpo pendurado pelo pescoço, balançando de um lado para o outro. Instrumentos e esculturas quebrados, papéis rasgados, móveis destruídos e garrafas de bebidas estilhaçadas demonstravam o ápice do desespero do pobre homem. Em sua boca, um papel embolado, onde se lia:
Caminho pela areia, meus pés andam sobre a espuma das ondas, que chegam à beira da praia, quente, fresca, gelada.
Deixo a onda me levar, ela me leva ao infinito...
Ela me leva rumo ao desconhecido... conheço o significado da palavra
medo
...
A onda me afasta cada vez mais...
O mar não tem fim... o mar é um nada sem fim...
O mar incompleto...
Por Deus, nada tem fim...
Preciso dar um fim em tudo.
Ricardo, vítima de sua própria genialidade, em pouco tempo foi esquecido por todos.
Sobre o Autor
Aficcionado pelo extinto terror genuíno, Daniel Cavalcante pretende reerguer as pedras das cavernas mais sombrias do horror já expressado na literatura, não se conformando com a banalização do tema e as novas tendências resultantes de conceitos deturpados nas últimas décadas. Daniel tenta desvincilhar o horror sombrio, tétrico e gutural da simples sede de sangue que resulta em filmes e livros que não procuram o medo e o horror, mas sim apenas uma chacina inconsequênte e deliberada. Daniel buscou em autores como Allan Poe e Lovecraft (este último sua maior influência) a fórmula e a técnica para criar não apenas uma história de terror, mas tembém um cenário macabro, personagens problematicos, fatos sobrenaturais e todo o desconhecido que sempre amedrontou e ao mesmo tempo fascinou o homem.
Nascido em São Caetano do Sul, SP, mudou-se logo para Goiás, onde passou toda sua infância e adolescência, fase marcada por sua depressão que o acompanhou desde criança. Era recluso e portador do mal conhecido por fobia social, o que o afastava do contato com pessoas, inclusive de sua família. Mas foi nessa solidão que descobriu seus dons artísticos como as letras e o desenho. Filho de escritor, se interessou desde os 10 anos pela literatura, mas esse interesse foi esquecido devido à depressão. Voltou a escrever apenas aos 20 anos, dois anos depois do divórcio de seus pais e de sua volta à SP, sendo reacendida a chama da paixão pelas letras ao ler Noites Brancas, de Dostoiévsky.
Em seus contos a solidão, a depressão, o desespero, a tragédia e a morte estão sempre presentes. Ao passo que seus personagens enfrentam entidades misteriosas e acontecimentos sobrenaturais, passam também pelo verdadeiro e real horror do homem moderno: a solidão e o desespero. Sofrem calados, morrem solitários.
Atualmente vive em São Paulo, capital, onde trabalha em seu primeiro romance.
Contato:
E-mail: codinome_v@yahoo.com.br
ICQ: 23716449
Site:
www.contosdoumbral.cjb.net
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