Simplesmente...
Jacinto Luigi de Morais Nogueira
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© 2001 Jacinto Luigi de Morais Nogueira
Simplesmente...
Uma das árvores que foi usada para construir o leme do veleiro da minha vida tinha como essência viver intensamente...
Ela se emocionava todos os dias com o espetáculo do sol ao nascer, sentia o vento se chocando com suas folhas e se sentia vento, e o vento se sentia árvore. Ela estava em harmonia com o mundo, em paz consigo e por isso se sentia uma parte do mundo, mas ao mesmo tempo sentia-se o mundo.
Engraçado que sem poder ouvir nem falar uma palavra sequer, mesmo assim ela tinha sensibilidade para saber o que todos estavam precisando, se estavam sofrendo ou não, felizes ou tristes, e ela compartilhava tudo com quem tivesse o coração aberto para isso. Era uma de suas formas de ajudar.
Gostava de admirar as nuvens e amava o milagre de estas se transformarem em água. Água de AMOR. Sentia esta água se chocar sem seu corpo como pequenas gotas que tão vibrantes querem fazer parte do nosso ser. Esta vibração penetrava pelas suas raízes e a deixava repleta de vida e a fazia dançar a dança do universo. Ela agora era o universo, e o universo era uma parte dela.
Chorava de alegria ao constatar a existência de uma força superior até mesmo no desprender de uma folha sua, na forma de esta folha flutuar, fazer piruetas no ar, na forma de esta folha se confundir com todas as outras folhas do chão, mas ter sua importância individual, na forma de esta folha desfazer-se para fazer outro integrante da natureza.
A árvore se maravilhava com os momentos mais simples que a nossa megalomania nos impede de perceber. Para ela, no entanto, não eram momentos simples. Simplesmente eles faziam sentido. Maravilhavam-na.
No fim da tarde, para ela não era o fim. Era o início de mais um espetáculo. O sol, mesmo com sua infinita grandeza, sua incomparável beleza, dava oportunidade à lua para atuar no palco. O espetáculo era isso mesmo: o da humildade do sol. E a lua nunca decepcionava, simplesmente atuava e sempre arrancava elogios. Ao terminar sua apresentação arrancava aplausos fervorosos da platéia. Aplaudiam-na de pé.
A árvore agradecia tão veemente por ter vivido mais esse dia, que dormia como uma criança enfadada após momentos plenamente saboreados.
Alguém inescrupuloso, egoísta e sem sentido de vida derrubou e destruiu essa árvore. Fatiou-a toda e a vendeu.
A fatia do seu âmago, como já disse, foi usada para construir um veleiro e sua essência perpetuou, imperou, esquivou-se de gerações e mais gerações de superficialidades.
E me ensinou a viver, e me dá alegria, e me dá tristeza e me lembra de minha simplicidade, e me lembra de minha imperfeição, e da dos outros. E me faz amá-los por isso. Mas me deixa livre para escolher o caminho certo ou errado, para amar ou odiar, para humilhar ou engrandecer, para me sentir melhor que os outros ou me sentir igual, para eu ter consciência do mundo em minha volta ou ter consciência de um mundo que pessoas superficiais inventaram e querem impô-lo. Ela fala mansamente, como uma mãe que tem experiências seculares, que só depende de mim. Escolher o sentido da minha vida. Só depende de mim.
Conheci você. Você tem como essência fazer parte de mim, e me mostrar que preciso fazer parte de ti, e que nenhum vai perder sua essência e sim completar um ao outro.
Não consigo mais viver intensamente os momentos, pois não estou completamente diante deles. Não consigo te esquecer...
...Agora consigo vivê-los. Agora você também faz parte do leme do veleiro da minha vida. Agora eu faço parte do leme do veleiro da tua vida. Agora nós dois juntos conseguimos viver em harmonia os momentos. Agora nós fazemos parte do universo. Agora nós somos o universo. Agora eu realmente amo...
...E este é o lugar para onde estamos velejando...
Jacinto Luigi de Morais Nogueira
yo_luigi@hotmail.com
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