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REDAÇÕES INFANTIS

Mauro Gonçalves Rueda

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Redações Infantis
Mauro Gonçalves Rueda

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maurorueda5@hotmail.com
mailto:maurorueda@uchoanet.com

©2003 — Mauro Gonçalves Rueda


 

 

Índice

Mamãe
Primeiras Impressões
A Bisa
Os Tios
Minha Casa
Meus Bichinhos de Estimação
Minha Escola
Os Avós
Meus Brinquedos
O Meu Diário

 


 

REDAÇÕES
INFANTIS

(Redações)

Coleção Joyceana. Volume – 10

Para: Joyce de Castro Rueda e Maricy.

Mauro Gonçalves Rueda
São José do Rio Preto. – 1.999.


 

MAMÃE

 

A minha mamãe é “supersuper”!. E além disso, é minha mamãe que, conforme eu vou crescendo, ela vai se tornando a melhor amiga que eu poderia ter.

Mamãe é assim: quando a gente é bem pequenina, bebê, somente ela sabe o que fazer quando a gente fica com tosse, cólica, dorzinha de garganta, febre, fome, frio ou chorona.

Por isso que mãe é mãe e ninguém pode substituir.

Ah!, tem que se levar em consideração, também que, a mãe é quem nos traz ao mundo; para a vida e nos passa as primeiras noções de Amor, Carinho, Fraternidade, Paciência, Esperança, Amizade, Fé e... Bem, mais uma lista sem fim de coisas importantes pra gente que está começando a viver.

Mamãe é Amor e Vida. Respeito, dedicação e de vez em quando, uns bons “pitos” porque mamãe não é de ferro e também perde a paciência quando a gente faz traquinagens.

A minha mãe é a mãe mais bacana do mundo. Todas as mães são bacanas. O que eu quero dizer é que, a mãe da gente, é sempre especial. A mais mãe de todas!. E também, porque ela mora aqui: bem dentro do meu coração!.

Quando a mãe é brava, é porque a gente é muito serelepe e desobediente. Aí, a mãe tem razão. É igual professora.

Pai não. Pai já é bravo por natureza e, qualquer coisinha de nada já está chamando a atenção e ralhando. Quando isso acontece, corremos para junto da mamãe que evita uma série de “bons conselhos”.

Outras vezes, ai, ai, ai, ai!!. Quando a gente apronta, acerta as contas...— não tem outro jeito —, é com o papai. Castigo na certa.

Por isso que eu digo: Mãe é Mamãe. Pai é pai. E, nós somos uma família feliz e muito unida com uma cinta no meio do caminho que é um verso que meu pai vive lendo lá, com seus poetas preferidos. Eu somente não entendo como ele pode confundir “pedra no caminho” com cinta. Mas tudo bem. Desde que a mãe sempre esteja no meio para me proteger....


 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

 

Nem sempre as primeiras impressões retratam a realidade. Mas às vezes, as primeiras impressões são tudo. É o que costumam dizer os adultos que vivem voltando atrás no que dizem e fazem. Acho que são muito inseguros e confusos.

Eu não sei mas acho que cada coisa tem um valor próprio. Por isso, fala-se tanto em impressões. A impressão que dá é que, os adultos em geral, vivem muito preocupados em impressionar; em passar uma imagem do que não são na realidade. Daí, perde o valor real. Fica sendo algo “novelístico”, sei lá!.

É por isso que adulto vive dizendo que, “a minha vida daria uma novela!”.

Mas se fosse novela, não seria verdadeira. Eu acho. Os adultos já acham que nós, crianças, fazemos de conta. Decerto não são eles que vivem fazendo de conta que são e que não são?!. Tudo isso é muito estranho.

Das primeiras impressões que eu sei, é que a gente nunca deve querer ser o que não é porque, um dia, a gente acaba passando vergonha. E tudo o que não é nunca poderá ser o que não é, oras! Há um ditado que vivem citando: “ Nunca passe falsas impressões tentando ser mais do que, na realidade, você é. Seja você e isso basta”. Acho que é mais ou menos isso que dizem. O que me preocupa é se quem diz, é aquilo que prega e demonstra ser ao pregar....

A gente deve andar com roupas bem cuidadas; cabelos, unhas, dentinhos. Isso são boas impressões. As meninas, por serem meninas, gostam de andar bem ajeitadinhas. Mas para isso, não há necessidade de ser rico ou o pai da gente ser dono de butique. Isso eu acho que são boas impressões.

Além disso, a gente tem que ser educada. Saber conversar com as pessoas. Não interromper a conversa dos adultos. Respeitar os mais velhos e conversar naturalmente, sem querer ser mais nem menos.

Se os adultos inventam um monte de coisas complicadas sobre primeiras impressões, nós devemos desinventar porque, não existe melhor impressão do que a originalidade. Ou melhor, a naturalidade.

Estas são as minhas primeiras impressões sobre as primeiras impressões. Bem, por enquanto. Não que eu queira ser o que não sou. Mas é que a gente vive aprendendo sempre e uma hora diz uma coisa e outra hora diz outra. Como se fosse substituindo as primeiras impressões por outras com o tempo e as necessidades... De qualquer forma, o melhor mesmo, é a gente ser somente o que é e não explicar muito para não acabar se complicando sem necessidade.. Ufa!, acho que acabei me complicando toda! .


 

A BISA

 

A ‘Bisa’ é um Tiquinho de gente muito especial para mim. Eu falo ‘Tiquinho’ porque ela é bem miudinha e bastante idosa. Eu adoro a bisavó e sei que agora, ela foi descansar porque viveu muitos anos.

Ela também trabalhou muito. Criou os filhos. Ajudou a criar netos e bisnetos. Mais um pouco e a ‘Bizinha’ ia ficar Tataravó. Avó já era antes de ‘bisar’.

O que eu mais gostava na bisa era o jeito mansinho dela ficar olhando seus sonhos.

Bem, acho que era isso que ela fazia quietinha na sua cadeira. Quando a gente ia brincar com ela, então ela dizia:

— Me deixa! —, e sorria um sorriso de bebê.

Eu sei disso porque a Bisa, tirava os dentes e colocava num copo com água.

Bisavó é a coisa mais linda do mundo. Tão frágil, dócil e fofinha que até dá vontade de apertar e morder.

A gente costuma falar que bisavó parece pururuca de toda enrugada pelas lutas, pela vida e pelo tempo. Mas a gente fala porque toda bisa é meio surda e pergunta mil vezes:

— Hein?! —.

Aí, a gente explica e ela responde assim:

— Ah!... —. Parece criança.

Os cabelos da bisa são branquinhos iguais algodão ou nuvenzinhas. Acho que a bisa tem tantas lembranças que ela acaba não se lembrando de quase nada. Acho também que bisa sonha acordada e quando dorme aí sim, é que garra a pensar. Acho, mas não sei explicar porque. A bisa é um pouco confusa, atrapalhada com datas, fatos e coisas que já se foram ou estão acontecendo. Deve ser porque nunca sabe se está desperta ou dormindo.

Além de frágil feito um bibelô, anda igual um bichinho de porcelana. Com medo que escorregar, cair, quebrar e virar caquinhos sem ter como colar. Por isso ainda, bisa é como se fosse relíquia da família, todos brincam, conversam, tocam, riem mas não se pode descuidar.

O bom mesmo é ter Bisa!. A gente abraça e ela fica feliz. A gente beija e ela fica mais feliz ainda. A gente fala e ela também fica feliz. Mas acho que ela fica feliz mesmo é quando a gente deixa ela em paz. Senão ela não diria:

— Me deixa! —, voltando a cochilar e a contar sonhos como se fossem um eterno rebanho de carneirinhos pulando as cercas das recordações!.


 

OS TIOS

 

Os irmãos e irmãs da mãe e do pai da gente são tios e tias.

Às vezes, a família é tão numerosa que, sobra tio e tia para tudo quanto é lado e a gente fica um tempão tentando lembrar quem é quem.

Depois desiste.

Tem tio e tia que a gente conhece mais porque estão sempre aparecendo em casa. Tem tio sério. Tem tio falador. Tem tio brincalhão. Tem tio carinhoso. Tem tio disfarçado: que é igual primo de segundo e terceiro graus. Como se fossem queimaduras de pele.

Tio e tia é o que a gente mais tem e, ainda pra não se ficar sem, a gente arruma mais uma porção todos os dias. Até inspetor de escola e homem da venda acabam virando tios. Também, acho superlegal esse negócio de que tio é igual uva:

— Dá de cacho!.

Tem tio que a gente tem mais amizade.

Eu tenho o tio Cezão, tio Cezinha, tio Bertoni, tio Patinhas, tia Lunalva, tia Alcione, tia Marlene, tia Téia, tia Célia que também é professora e mais uma porção de tias e tios que, sei lá, nem juntando todos os dedos, daria para contar...

E tem também tia-avó que, cada hora, a gente chama de forma diferente. A tia-avó Rosa do Cido é assim: as duas coisas ao mesmo tempo. Deve ser jóia ser duas ao mesmo tempo. Eu acho.

A tia Lú, o tio Cezão e o tio Cezinha mais a tia Alcione e o Tio Bertoni são os tios que eu mais lembro porque eles estão sempre vindo nos meus pensamentos.

A tia Lú e o Tio Cezão são de Brasília e professores e eu adoro telefonar para eles. O tio Cezinha é irmão do tio Cezão e os dois são irmãos da mamãe. O tio Cezinha corta meus cabelos e é “prafrentex”, legal e agitado.

A tia Lunalva é calminha. A tia Alcione só vive correndo. O tio Bertoni é marido da tia Alcione e também é legal. Mesmo sendo daquele tamanhão, vive brincando com a gente. Acho que tio tem que ser legal mesmo.

Por isso inventaram tio e tia. Pra gente gostar e ser gostado.. E isso, é algo que a gente nunca pode esquecer: tio e tia foram feitos para serem sempre lembrados!...


 

MINHA CASA

 

Quando a gente vai dormir na casa de alguém e fica muito tempo é que a gente descobre porque o E.T. ficava choramingando:

— Minha casa!—, com o dedinho apontando para o céu.

Isso chama-se saudade.

Todos necessitam de uma casa onde possam viver, ter um cantinho, uma cama, banheiro, fogão e televisão para assistir o que gosta. Por isso, a casa da gente, a gente nunca esquece. Mesmo quando fica adulto.

A minha casa é pequena, humilde e simples mas eu gosto muito porque, mamãe e papai também gostam e se sentem felizes. Casa da gente foi feita para a gente se sentir em casa mesmo. E bem. Meus pais dizem que casa da gente é igual compromisso porque, daqui a uns dez anos, acho, eles vão acabar de pagar as prestações. Até lá, eu vou crescer e ficar moça.

Mamãe é quem mais se preocupa com a casa. Vive varrendo, limpando, colocando plantinhas e falando que tem que aumentar a cozinha, fazer mais um quartinho e uma varandinha.

Toda casa que é da gente, a gente costuma dizer: “Doce Lar”. Somente não podemos confundir com casa de abelhinhas, doce feito o mel.

Tem muita gente no mundo que não possui uma casa. Por isso essa gente é um pouco triste. Outras, são bem poucas, possuem mais de uma casa. Alguma coisa está errada ou mal contada. Meu pai vive dizendo que, quem muito tem, é o mesmo que não ter paz. Eu não consigo compreender muito bem o que ele quer dizer. Deve ser como aquela história de que quem muito quer nada consegue. Sei lá, que confusão!

Mas eu estava falando mesmo – ou escrevendo —, era sobre a minha casa que é onde eu me sinto segura e feliz. As paredes são brancas com muitas marcas de dedos e rabiscos de lápis e canetas. Sei quem fui mas não vou contar porque senão, o meu pai, ó!...

Minha casa tem quintal, telhado, paredes, formigas e buraquinho de prego nas paredes. As paredes também são muito importantes. Separam os cômodos.

Da janela do quarto, eu vejo o sol. Vejo a lua e as estrelas. E o muro da casa do vizinho. As flores e o matinho do quintal, da janela do quarto, eu vejo.

Minha casa tem livros, discos, panelas, móveis, umas teiazinhas de aranhas e marcas de pés nas paredes da sala, perto do sofá que, eu não sei quem fui.

Eu adoro minha casa. O único problema da minha casa é a rua que vive me convidando. Por isso dizem que sou rueira.....


 

MEUS BICHINHOS DE ESTIMAÇÃO

 

Meu pai falou que nossa casa parece mais um zoológico. Lógico que ele estava brincando. Meus bichinhos são: o “Garoto” e a “Milie” que são cachorros. A Milie tem dois filhotes gorduchos e chorões. Tem a “Pequena” que é uma gata grande, gorda, velha, preguiçosa e pachorrenta.

Mas a lista não termina aí: tem um casal de periquitos australiano que chocou um dia desses e veio outro casal e agora está chocando mais seis filhotes. Ou melhor, criando que chocar os ovos já foram chocados. São dez ao todo. E no final da lista, tem a “Maquilarem” que é uma tartaruga lerda quenêm o Rubinho Barriquelo. Foi o pai quem disse.

Esses são os meus bichinhos de estimação.

Tirando os pernilongos, as formigas e os passarinhos que ficam o tempo todo no quintal, acabaram-se os bichinhos. Minha mãe é quem cuida de todos. Inclusive do papai. (hihihihi!...).

Ah!, às vezes, meu pai fica meio aborrecido por causa dos bichinhos e solta umas palavras muito estranhas. Minha mãe falou que se chama dialeto. Eu acho que são palavrões mesmo. Sei não!...

Uma coisa importante que eu aprendi de tanto minha mãe e meu pai contarem, é que, São Francisco de Assis, amava muito a natureza e chamava a todos e a tudo de irmãos e irmãs. O sol, a lua, os pássaros, as pedras, os riachos, flores, tudo.. Na Arca de Noé, havia uma casal de cada espécie dos que viviam sobre a terra.

Os bichinhos são carinhosos e camaradas. Eles falam do jeito deles, na língua dos animais. Acho que eles entendem um pouco do que a gente fala também. E de quando em quando, tenho a leve impressão que entendem bem mais do que algumas pessoas...

Já os filhotes, não sabem muito bem o que fazem. São inocentes e brincalhões. Por isso, os cachorrinhos acabaram com as meias e os chinelos do papai. E os gatinhos, ai!.. Fizeram um estrago no sofá da mamãe.

Tirando isso, eles são lindos, fofinhos e brincalhões. Somente o “Garoto” que está muito velho e meio rabugento é quem não gosta de brincadeiras. Mas, a natureza é assim mesmo. Por isso dizem que os animais puxam aos donos. O “Garoto” é do papai..


 

MINHA ESCOLA

 

A minha escola fica perto de onde eu moro. É por isso que é gostoso de ir à pé até ela. E também porque aqui em casa não tem carro. Bem, a minha escola é pública e muitas crianças estudam nela. São todas muito legais e os professores também.

Minha escola tem o nome do ex-prefeito da cidade porque foi construída durante o seu mandato. As salas de aula são pequenas e aconchegantes. Temos várias carteiras, cadeiras e até aparelho de TV com vídeo. O pátio, os banheiros, a cantina e a quadra de esportes.

Eu já aprendi a escrever várias palavras. Mamãe, Papai, Deus, Joyce (que é o meu nome) e sei também desenhar muitos desenhos bonitos.

Eu e minhas coleguinhas formamos grupos para estudar, dançar quadrilha e na hora do recreio, nós brincamos todos juntos. Tem dentista que nos ensina como realizar a “escovação dentária” de forma correta. Eu ganhei um diploma por não ter nenhuma cárie. Os outros alunos também ganharam e isso é bom para todos. Bom também, é prestar atenção no que os professores ensinam.

Há uma pessoa muito especial na minha escola: a minha mãe. Ela é inspetora de alunos e também professora porque é formada em Magistério e pode ministrar aulas. Ela me auxilia muito, dando dicas de como fazer as tarefas. Mas não faz quando eu digo que não sei. Eu tenho que me virar e aprender.

Acho que isso será muito bom futuramente porque, se minha mãe me ensinasse tudo, eu jamais aprenderia da forma correta. Mesmo porque, na hora das provas, não podemos ficar pedindo ajuda à ninguém.

Na escola tem várias aulas sobre muitos assuntos. A gente aprende estudando, ouvindo e convivendo. O construtivismo é a forma de ensino do momento, o que nos dá a liberdade para que possamos criar e desenvolver nossa capacidade e inteligência. Meu pai vive dizendo que o verdadeiro amigo da gente é um bom livro. Que sem livros, o mundo seria meio sem sentido. Meio vazio, oco por dentro. É como ele diz que são a maioria das pessoas que nunca lê. Meu pai tem cada idéia estranha!

Eu gosto muito de lápis, cadernos, livros, canetas e borrachas para apagar. Nós usamos uniformes limpos e com o nome da escola na camisa.

A escola é importante para todos. Desde crianças até adultos. A escola é um estabelecimento de Ensino. Por tudo isso, eu gosto da minha escola que tem ainda uma coisa bacana: as férias.

O único problema é que quando estou de férias, sinto saudade da escola!..


 

OS AVÓS

 

Os avós são uma das melhores coisas do mundo. Tem os avós maternos que são os pais da mãe da gente. E os avós paternos que são pais do pai da gente.

Os avós são o avô e a avó. Igual pai e mãe. Só que mais calminhos e têm sempre alguma coisa que a gente gosta guardada para dar pra gente. Acho que avós são iguais a anjos da guarda. Estão sempre nos protegendo.

Todos os avós são importantes nas nossas vidas e, às vezes, eles acabam virando nossos “heróis”.

Outras vezes, os avós acabam virando estrelinhas e saudade porque, quando a gente nasce, eles já viveram o seu tempo e foram descansar. Mas tudo isso é natural porque, gente não vira semente. Mesmo assim, quem tem seus avós vivos, sabe muito bem do que estou falando.

Há coisas que são maravilhosas e que vêm dos avós: o colo, as histórias, as balas, o carinho, a proteção e, tem noite que, colo de vovô ou vovó é melhor que cama.

Tem ainda, todo tipo de avós no mundo. Os cansados, os calmos, os que vivem rindo à toa, os que rezingam e falam sozinhos, os que tem reumatismo, os que, apesar da idade, são agitados e vivem inventando coisas para fazer. Nossa, tem tantos tipos!. Isso sem contar os que são xodós. Esses são os que parecem pais da gente e crianças de tanto que gostam.

Nós somos netos e netas. Os netos e netas necessitam amar e respeitar os avós.

Quando envelhecem muito, são chamados anciãos e acabam dando um pouco de trabalho. Mas todos nós damos trabalho para alguém. Por isso, ter paciência, saber compreender e aceitá-los como são, é o mínimo que podemos fazer por eles que, sempre fizeram muito por nossos pais, tios e por nós mesmos.

O amor é assim: uma permuta de muito valor. Os avós não devem ser esquecidos jamais.

Acho que um dia, nós também seremos avós. Então, vai ficar mais fácil de contarmos como é importante e boa a vida que nos ensina até mesmo a voltarmos a ser crianças depois de idosos.

Por isso que os avós são feito balas de caramelo: gostosos!..


 

MEUS BRINQUEDOS

 

Brinquedos são invenções de muito valor para a humanidade. Pelo menos enquanto ela ainda vive de sonhar. Algumas pessoas, quando crescem, continuam curtindo o lado infantil e adoram brincar. Isso é muito bom e importante, principalmente se essas pessoas são os pais da gente.

Bem, eu ganhei uma bela boneca; uma casinha para montar e largar espalhada pela casa porque, depois de brincar, dá uma preguiça e um cansaço danado. Nossa, a gente acaba ganhando tantos brinquedos que não tem nem como falar sobre todos eles.

A gente nunca pode reclamar. Brinquedo é brinquedo. É o que diz meu pai e vive fazendo comparações dos brinquedos do seu tempo com os que são vendidos nos dias atuais. Video-game, aparelhinho de som que toca, boneca que fala, cãozinho que ladra, quebra-cabeças para montar castelos e casas... Nossa! Isso sem contar patinete, gravador, bicicleta, computador, barbie, e outros “cacarecos modernos”, como dizem os mais idosos.

No tempo que a gente nem tinha nascido, boneca era tudo de pano e caminhões eram de madeira. Tinha sofá esculpido em madeira e pintado. Carrinho com lata de leite em pó. Boneca de sabugo de milho. Boizinho de bucha de cerca e casinha feita com palitos de sorvete. Mamãe é que conta. Já o pai, meio sistemático, vive dizendo que o melhor brinquedo é o faz-de-conta que, é um brinquedo imaginário e que desenvolve a nossa capacidade de criar. Por isso que acho meu pai meio desconcentrado, sem querer acordar direito. Mas eu não posso dizer o que eu não sei já que, cada pessoa tem seu jeito de ser e deve ser respeitada como é.

Ah, sobre meus brinquedos... Sei lá, se antigamente as paredes era somente paredes, hoje nós descobrimos que elas servem até para brincar. Artistas brincam de pichar desenhos e paisagens, mesmo sabendo que isto não é lá muito correto, dependendo não sei do que. Amarelinha, pular corda, baldinho, areia, pazinha, João-bobo.. Tudo são brinquedos e brincadeiras.

Mas eu adoro lápis de cor. O único problema são os livros do papai e as revistas da mamãe. Além das paredes da sala, é claro! Parece que não mas lápis de cor, às vezes, são brinquedos. E custam caro.. Ai, ai, ai, ai!!!..


 

O MEU DIÁRIO

 

Por enquanto é só. Mas eu tenho muita coisa para contar ainda e por isso, vou seguir o conselho da minha avó e começar a escrever o meu diário que é quase o mesmo que escrever redações.

Na verdade, “é quase” mas não é o mesmo. É que eu ando meio sem inspiração e então, como escrever “O Meu Diário”, é muito mais fácil porque nunca falta assunto e nem é necessário ficar pensando, acertando daqui, corrigindo dali e observando atentamente “as nuanças da língua e estilo”, como disse o meu avô e eu nem sei o que ele quis dizer com tudo isso, acho que não tenho muita escolha mesmo. Então...

Ah, no diário a gente costuma escrever sempre um pouquinho todos os dias. É bom porque a gente aprimora a caligrafia, aumenta o vocabulário (foi meu pai quem disse isso); desabafa sem grandes compromissos com a estética literária (isso foi meu tio quem disse e meu pai não gostou porque ele gosta de ler e diz que, mesmo uma carta, por mais simples, tem que ter uma estética — e eu lá sei o que é isso?); além dessas observações, eu ainda posso conversar com o meu diário como se fosse uma coleguinha, uma irmã, ou até mesmo o meu anjo da guarda.

Nunca conheci quem escrevesse seu diário, mas muita gente faz isso às escondidas. Será que é proibido? Mamãe diz que é muito particular e que as pessoas costumam respeitar e não ler o diário dos outros. É falta de ética. Ufa!, primeiro estética e agora, ética. Acho que vou precisar de um dicionário.

Minha mãe me explicou que no diário é onde depositamos nossos mais íntimos sentimentos. Em seguida acrescentou que, nem sempre o diário basta e que é preciso confiar nos pais e nas pessoas a quem amamos para contarmos nossos problemas e dividirmos nossas alegrias. Mamãe tem razão. Não é fácil administrar problemas e sentimentos sem compartilhá-los. Li isso não sei onde. Ou ouvi. Meu pai que vive escrevendo frases longas e com palavras que, sinceramente, não sei como ele as descobre. Deve ser nos livros e dicionários e enciclopédias. Nunca vi gostar tanto de livros!

Bem, no início é assim mesmo: a gente escreve duas ou três linhas e com o passar do tempo, vai “se soltando” e passa a escrever folhas inteiras. Ouvi dizer que diário é coisa de adolescente. Logo eu serei uma adolescente mesmo não sabendo direito explicar o que significa o verbo adolescer, se é que existe. Mas deve existir porque senão, ninguém adolesceria antes de se tornar adulto.

Outra coisa que aprendi é que, há vários tipos de diários. O diário de anotações. Diário de lançamento contábil. Diário de fim de expediente que é quando o dia já nem mais é dia e a noite começa a chegar e então se anota tudo o que foi realizado durante o trabalho. Tem o diário de bordo, que são escritos, geralmente, em navios. E alguns escritores costumam inventar diários e colocam nomes estranhos para editar e chamar a nossa atenção como: “O Diário de um Maluquinho”, “O Diário da Menina que Sonhava Acordada” ou, “O Diário da Branca de Neve que Derreteu”. Esse último título soa um tanto estranho, vocês não acham?

É, parece que há diários sobre tudo e para tudo, quase. “O Diário” que é jornal e o “Diário da Atriz” que, um dia, vai ser transformado em “Memórias”. Em seguida, após ser publicado e comercializado, o livro acaba sendo adaptado para cinema e vira filme ou peça de teatro ou mini-série para TV. Nossa!, como usam tudo para ganhar dinheiro! O meu diário não será assim não. Vai ser somente um diário que é o objetivo de todos os diários e.. nossa, acho que estou bastante confusa. Melhor ir parando para não complicar ainda mais.

Ah!, antes que eu me esqueça: porquê será que todas as pessoas (ou quase), iniciam sempre da mesma forma “Meu querido diário.....”.

Talvez seja modelo oficial. Ou, quem sabe, os diários são realmente, muito queridos e confidentes. Guardam segredos contendo alegrias, tristeza, meditação, sonhos, preguiça, poeminhas, cartas que nunca são enviadas, nomes que não são pronunciados, datas inesquecíveis, dias de chuva e dias de sol, noites de insônia e domingos lentos. Guardam ainda, viagens e paisagens. As pessoas que amamos e algumas que passam pela vida da gente e partem deixando alguma coisa para que sejam lembradas. As amizades da infância, da juventude e até mesmo alguma nostalgia. Mesmo porque, algumas pessoas, após iniciarem seus diários, mantêm o hábito até mesmo quando se tornam idosos. Deve ser porque, de qualquer forma, escrever é gostoso e muito interessante.

Papai disse que é uma forma de catarse. Mas que coisa! Catarse? Mamãe acha que é algo meio mágico. Vovó disse que é para desabafar. Seria a tal catarse do papai? De qualquer forma, acredito que um diário bem cuidado, com palavras e frases sempre corretas, ainda que simples, acaba se transformando um dia, no futuro, em uma espécie de tesouro.

Vou começar a escrever hoje mesmo. Ou amanhã? Não, melhor esperar o domingo. Mas domingo acho que não vai dar porque nós vamos brincar. Bem, é melhor definir senão, não começo a escrever nunca.

Então, com licença. As Redações Infantis continuam no “Meu Diário”.

***
Fim
***

 

São José do Rio Preto, 1.999
Mauro Gonçalves Rueda

PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DA OBRA.
DIREITOS RESERVADOS PARA MARICY REGINA DE CASTRO RUEDA E JOYCE DE CASTRO RUEDA.
REGISTRADO NO EDA DE ACORDO COM A LEI N.° 9.610/98.
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. BY: MAURO GONÇALVES RUEDA.


 

©2003 — Mauro Gonçalves Rueda
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