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DUO

Diego Kalinouski Pedroso

Glover Book


 

Duo
Diego Kalinouski Pedroso

Editora Glover Book

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Copyright:
© 2001 Diego Kalinouski Pedroso
gloverbook@ig.com.br


 

Conto adaptado para: Roteiro de Cinema (Preto e Branco sem fala), Teatro Mudo, Livro e Concerto Musical.

Baseado em suas próprias obras anteriores: Cidade dos Inocentes (1 e 2), Masquerade e Dois Cavaleiros e Uma Dama.

Primeira Revisão (2001)

Duo

De Diego Kalinouski Pedroso

 

Viena...

Noite na capital austríaca, uma festa deixa iluminado um pequeno canto da cidade, estava tarde, por isso a falta de iluminação, mas aquela festa estava muito animada.

As luzes traziam o barulho do local, estavam a comemorar, talvez fosse algo de severa importância, para as tardes da madrugada, feliz o povo estar.

Bonita as cores do lugar, é claro, ali dentro. Fora do lugar era um outro mundo, o medo das noites das grandes cidades, bandidos, ladrões e muitas outras coisas, coisas que até ninguém pode explicar.

Longe da festa e nem tanto do submundo estava uma casa enorme, com uma luz acessa no ultimo cômodo. Dentro dela estava um homem, forte, alto e elegante, a essas horas na noite ele estava com roupa de extrema elegância e bem preparado para o frio que ali fazia. Estava reflexivo lendo um livro de capa preta, ele se encontrava parado na janela, fechada, lendo e olhando para fora, não aparentava estar com sono.

Também acordada estava uma garota, mas na casa a frente, não havia luzes acessas, pois estava com sono, tentando dormir. Parecia que tivera um dia difícil, cansativo. Ela era muito bonita e vestida dos pés a cabeça de branco. Era loira e alta, aspecto de modelo, estava também preparada para o frio, mas muito mais do que o seu vizinho, talvez ela sentisse mais frio.

A festa enfim deixa os moradores dormir, mas o que seria difícil, por causa da chegada do sol. Amanheceu é claro, e a bela loira acorda. Como de costume se espreguiça e vai ate a janela. Olha fixamente e reflete muito. Encaminha-se até o banheiro e se arruma. Coloca uma outra roupa, também toda branca. Ela desce as escadas de sua casa e se senta para tomar seu café da manha. Com muita fartura assim dizendo. Ovos, leite, cereal e muitos queijos. Fica bem abastecida para o dia inteiro, que começa agitado. Correria já que o ônibus que esperava não passava, olhava para o relógio e para a pasta com anotações de diversos compromissos, entrava em sala de reuniões, e ganhava broncas, saia das mesmas e recebia reclamações. Estava nervosa. No final do dia, antes de anoitecer, ia para um bosque, sempre passava antes por uma mercearia e comprava frutas e pães. Ela se sentava em um banco e uma garotinha vinha brincar com ela. Elas tomavam um café e brincavam muito. Notava que essa criança não era de família muito tradicional, julgando pela suas roupas sujas e rasgadas. Quando a noite chegava, ela ia para sua casa e a garotinha se deitava em uma pequena casa que fica ao final da rua. Talvez apenas ela cabia ali dentro. Era a casa do vigia da rua, que foi despedido há um mês. Esta se enrolava em um cobertor que a boa moça havia lhe dado outrora. A loira ia então para sua casa e se despia, colocava então uma roupa para dormir, também branca. Antes de dormir ela rezava e olhava pela janela novamente, mais precisamente para a casa em frente. Noutro dia tudo se repetia novamente, exatamente do mesmo jeito, era uma rotina.

Já o homem robusto, seu visinho, parecia ser um velho boêmio. Vestia suas roupas pretas elegantes e descia quando a noite chegava, antes de descer e depois de subir lia um pouco do livro de sempre, Quando estava fora de sua casa ia a lugares pouco movimentado e mau iluminado. Era sempre cassinos e casas noturnas, mas lá ele não se divertia, parecia ficar esperando algo que também seria de ser rotina, pois ele estava contando no relógio a hora de fazer algo. Ficava a noite toda bebendo cálices de vinho, e quando saia dos lugares sempre saia acompanhado de uma bela jovem que conhecera há instantes atrás. Mas sempre depois de fugir com garotas bonitas pelos fundos dos restaurantes e outros que freqüentava, chegava sozinho em casa. Antes de subir e ler um pouco ele bebia mais vinho, e depois olhava bem pela janela. Ficava um bom tempo lá, e quando o sol surgia, ele estava exausto, ia dormir cedo. Na outra noite a mesma coisa, ou seja, a mesma rotina de sempre. Ambos os vizinhos olhavam bastante pela janela, mas nunca se viam, pois nunca se encontravam no mesmo horário.

Um certo dia ela se atrasou brincando com a garotinha, pois era aniversario dela, e a bela moça ganhou muitos abraços da garotinha. Elas eram tão ligadas que não dava para entender porque a bela moça não a adotava ou simplesmente a levava para sua casa. Mas nesse dia que algo fugiu da rotina ela se atrasou para subir para sua casa e acabou se encontrando com o vizinho indo para alguma festa. Os dois se entreolharam como se já tivessem se conhecido ninguém falou nada, apenas se olharam. Ele depois de um bom tempo desceu a rua e ela fascinada com ele, e ele com ela, se olharam depois, ela antes de entrar em casa e ele antes de virar a esquina.

Nessa noite ela demorou a dormir e ficou na janela, olhando para a casa do vizinho. Ele voltou mais cedo, muito mais cedo, parecia até que não saiu nesta noite, não havia bebido vinho hoje e levou uma das garotas para sua casa. Ele subiu com a garota e depois de algum tempo ficou parado na janela, mas tinha se sujado todo de vinho. A rotina tinha quebrado e no dia seguinte foi pior.

Ela não foi brincar com a garota, ficou em casa lendo o livro de capa preta do vizinho, ele estavam com visita em casa, era à garotinha, que ficou brincando a noite toda com ele. Ela, lá na sua casa, bebia vinho enquanto ele dava de comer a garotinha. A garotinha foi para a casa dela, no final da rua. A moça bonita ficou a noite toda acordada e só dormiu no amanhecer. No dia seguinte ela estava com roupa negra, de gala, e bebia vinho a tarde toda.

Ele brincou com a garotinha à tarde e pela manha, a noite dormiu, e a garotinha no seu quarto de hospedes, antes de dormir ele olhou pela janela e viu a vizinha sair de casa, eles se olharam novamente e ele depois dormiu, não lia mais, estava com roupa normal para dormir, de cor branca.

A loira saiu pelos fundos do restaurante, estava acompanhada, mas como seu vizinho, chegou sozinha em casa. Ele acordou cedo e deixou a garotinha dormindo, olhou pela janela e como se esperasse algo foi para a porta. O sino tocou, convidou para entrar, a visita era a vizinha, não falaram nada, apenas se beijaram. Mas ele tomou a iniciativa e separaram o beijo, era um beijo proibido e os dois sabiam disso. Ele a deixou sem entender nada, mas a testou, e a fez subir, ela se deparou com a garotinha e estranhamente mordeu o pescoço dela, que gritava de dor, ele a separou da garota, mas ela já estava morta. Era um teste e ele não agüentou a tentação que ele tanto resistiu durante os anos. De ser do mau ele virou um anjo para entende-la, mas ela fez o mesmo e virou um vampiro para entende-lo, se amavam, mas não podia ser, ela não sabia agüentar a tentação, e ele era sábio para saber que dos opostos desse modo nunca poderia se juntar e causar uma relação certa. Mais sábio ainda ele espetou uma estaca de madeira em seu próprio coração, o sangue se misturou com o branco de sua roupa. Ela chorava e o beijou. Não tinha mais porque ela ficar no mundo dele, queimou o livro que tinha lido, mas nunca mais recuperou sua roupa branca, então resolveu se matar e junto do corpo do amado, o sangue também se misturara, mas na roupa preta. Ela fez isso, pois descobriu tarde que aquele mundo não era questão de opção, no começo tudo bem, mas depois não era, e descobriu tarde que o tempo todo não era vinho o alimento de toda a história, mas sim sangue, sangue humano.


 

© 2001 Diego Kalinouski Pedroso
gloverbook@ig.com.br

 

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Junho 2001