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Apagãolipse Now

Yuri V. Santos

 

Apagãolipse Now
Yuri V. Santos

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© 2001 Yuri V. Santos
yurivs@uol.com.br


 

Índice

Apagãolipse Now
Sobre o Autor


 

 

Apagãolipse Now
ou
A Mensagem Ignorada
ou
A Vida é Dela (da Destruição)
ou
O Dia em que meio Brasil Parou

por
Yuri V. Santos

 

Ivan chegou de Campinas, por volta das dezoito horas, um tanto cansado. Não conseguia se livrar de tanta informação apocalíptica, tantas coincidências significativas, tanta sincronicidade. Ou tudo não passava de humor negro cósmico – que o fazia sentir-se à beira da loucura – ou Alguém o escolhia como um tipo de profeta moderno, um João de Pátmos paulista. Em Campinas, na Casa da Lua, passou dois memoráveis meses em companhia da poeta e escritora outsider Lia Lizt. Tudo ali parecia corroborar não apenas as idéias da estranha organização que conhecera em Brasília, mas também muitos prognósticos sobre o futuro próximo do planeta. Lia Lizt tinha certeza: vivemos uma época à beira do extraordinário e do fantástico, um prenúncio de acontecimentos surpreendentes, deslumbrantes. Os ovnis que ela vira, as manifestações de seres do astral, os sinais que vira no céu, as fitas que gravara com mensagens do além, as vozes que ouvira, suas projeções astrais, os clarividentes que conhecera, sua eterna busca poética de Deus, tudo era prova disso, pouco importando se a chamavam de louca. E a viagem que Ivan fizera a uma imensa fazenda, no extremo norte do Distrito Federal, também o deixara perplexo. Realmente se construía ali uma pequena cidade multiétnica e multicultural, sob os bigodes do governo e da mídia. E ninguém se apercebia desse insólito ululante. E tudo isto era apenas o começo: como já haviam previsto malucos como Dom Bosco e Pietro Ubaldi, ali se planejava o centro de uma nova fase para o planeta. Ana, a amiga que o apresentara àquela gente, lhe contara sem pestanejar: “eles vieram ontem, antes de você chegar. Eram dez naves de quatro diferentes planetas. Vão construir suas embaixadas bem aqui.” Ivan não sabia o que pensar. Ana – uma respeitada neurologista – não era nenhuma louca, nenhuma pódi-crê, muito menos aquelas outras cento e cinqüenta pessoas, entre estrangeiros e brasileiros. Ivan conversara, num inglês de Tarzã, com um engenheiro eletrônico japonês que lhe explicou como os extraterrestres vinham lhe ensinando uma tecnologia ainda desconhecida na Terra. “Para produzir energia limpa”, dissera ele. Mas o mais incrível é que tudo aquilo era tão natural para aquelas pessoas, que o assunto mais corrente entre todos não eram os ETs, ou a pretensa Nova Era, mas as duas onças que vinham atacando o gado da região. Era surpreendente ainda existirem onças no centro-oeste. Teilhard de Chardin talvez tivesse razão: só o fantástico tem condições de ser verdadeiro.

Em sua casa, na grande São Paulo, Ivan tentava costurar as informações. Um certo Raël, um judeu francês, tentava convencer o Primeiro Ministro de Israel a ceder um terreno para a construção de uma embaixada para os Elohim, aqueles que vêm do céu. Claro, os dois últimos ministros não lhe fizeram caso. Raël escreveu: “não há um povo escolhido. Escolhidos são aqueles que escolhem aceitá-los. Se não for em Israel, será noutro lugar. Eles, os Elohim, oferecem tal oportunidade ao povo judeu apenas por uma questão histórica. Nós os recebemos no passado.” Coincidência? Pela Internet, qualquer um pode conhecer tal carta. Mas não há nada sobre a embaixada que está sendo construída em Brasília. Ivan ainda se lembrava quando o japonês lhe falou sobre Karran, o líder ET, e de como há um certo Lord por trás de tudo. Ivan brincou citando Darth Vader, mas o japonês lhe contestou: “não, ele não é material como os outros, como o Karran, ou como nós. É um ser de luz. Esteve entre nós como Jesus de Nazaré...”

Ivan acendeu um beque e ficou pensando no outdoor negro que vira na Marginal Tietê, assim que chegara de Brasília: “Jesus está chegando!”, dizia. Loucura? Fanatismo? Ilusão? Ana lhe dissera que nosso mundo é um planeta descarrilhado, mas que está prestes a reingressar na Família Cósmica. “Leia o Livro de Urântia”, ela dissera. “Foi dele que o Benítez tirou praticamente todas as informações para escrever os vários Operação Cavalo de Tróia. O tal livro tá todinho na Internet, dizem que é uma revelação dos seres astrais e mentais sobre toda a verdade do Cosmos”, acrescentou.

Ivan soltava a fumaça. Pensava na explosão solar citada pelo japonês. Muito Absurdo. Pra que uma explosão tão forte a ponto de devastar meio mundo? “Caso ocorra, será simplesmente para acabar com o velho e preparar o solo para o novo”, respondera o cara naquele inglês engraçado. E Ivan se lembrou de um mangá – um desenho animado japonês(!) louquérrimo – em que um certo Deus Supremo surgia na Terra, no interior dum monstrengo terrível que a tudo dizimava. Era como uma semente viva no seio da destruição, pensou Ivan. Só que um desenho não bastava para anunciar a história toda. Antes veio Nostradamus e sua conversa sobre uma Terceira Guerra Mundial, que se iniciaria em Julho de 1999, e um anticristo parece que chinês, filho dum mandarim. Mas veja, hoje é dia 11 de Março de 1999 e, apesar de toda a violência no mundo, o que poderia causar uma guerra tão terrível e a sublevação da China? O quê? Em Medjugorje, na ex-Iuguslávia, entre 1981 e 1996, uma suposta Nossa Senhora – como a de Fátima, Lourdes e La Sallete – anunciou coisas terríveis, tais como a destruição total de uma região da Terra e o aparecimento repentino de um monumento eterno, indestrutível e com poder de efetuar curas ali naquela mesma cidade da Iuguslávia. Seria um monolito negro como o do filme 2001 – Uma Odisséia no Espaço? O que essa mensageira de luz queria dizer com redenção? Convertermo-nos ao Cristo? Acreditar num Lord espacial? Naqueles malucos que, afirmam eles, encontram-se com ET phone home? E o tal asteróide que segundo os astrônomos passará próximo à Terra lá por 2020? É o tal planeta Chupão dos espíritas? Uma espécie de anti-Terra que vem do futuro para o passado de encontro ao nosso mundo para causar o Nada? O que Lupasco diria sobre isso? E Nova York desapareceria do mapa conforme anunciou Edgar Cayce? E a formação astronômica em cruz, com nosso planetinha no meio, no dia 19 de Agosto de 99? Significa algo? Eu estaria pagando um mico se fosse até Alto Paraíso, nesse dia, pra me garantir? O sertão vai virar mar? Estamos todos hipnotizados? Tantas especulações! Tanta paranóia!, pensava Ivan. Talvez fosse melhor parar de usar drogas.

Ivan, então, decidiu assistir ao filme que, ao chegar, pegara na locadora da esquina e de que tanto falavam: Central do Brasil. Assim talvez parasse de pensar em tantos absurdos e contra-sensos. Uma Nossa Senhora – ou márion, a mensageira celeste, como dizem os ufólogos – na Iuguslávia! Que loucura! Certamente ela surgira apenas para avisar sobre aquela guerra que arrasou Sarajevo, anos atrás. Infelizmente seria necessário muito mais para anunciar o fim do mundo do que uma mulher luminosa e flutuante falando com crianças. Ninguém ouve crianças. O negócio é assistir a esse filme que com certeza há de ser melhor que aquela porcaria do A Vida é Bela. Essa besteira italiana promete a princípio ser uma narrativa do ponto de vista do garoto, mas não passa de uma egotrip do Benigni, aquele palhaço engraçadíssimo que de diretor genial não tem nada. O campo de concentração nada tem de real e muito menos de fábula. Fiquei o tempo todo esperando pra ver como o garoto imaginava aquele lugar, mas a porra da câmera só acompanha o palhação. O menino devia tá pirando nas histórias que o pai contava pra enganá-lo e não vemos nada do interior da cabecinha dele. (Já disse: ninguém ouve crianças!!) É o mesmo que ler a piadinha do Calvin e ver um Haroldo o tempo inteiro boneco de pano. O Haroldo só existe na cabeça do Calvin, o filme genial do Benigni só existiria na cabeça do garotinho. Imagine!, ficar anos num campo de concentração no meio de toda aquela gente do mal e não vermos o humor negro suscitado pelo pai na cabeça do filho. Deviam ter dado o filme pro Terry Gilliam...

Ivan colocou a fita no vídeo, terminou de fumar o beque, apertou o play. Não tinha noção de que naquele momento começava a experiência mais louca de toda a sua vida. Quem nunca assistiu ao filme não entenderia tudo o que Ivan sentiu. Mas certamente, mesmo que assistisse, não sentiria o mesmo que ele. Ivan se preparara inconscientemente, e durante toda sua vida, para... bem, vejamos o filme:

Um menino de nome bíblico Josué (Vinícius de Oliveira), uma mulher chamada Dora (Fernanda Montenegro). Uma mãe que dita uma carta à escrevedora de cartas, Dora: “Jesus, você foi a pior coisa que já me aconteceu...” A estação Central do Brasil, tal qual o centro do país. Quem conhece o Distrito Federal, a periferia, a verdadeira Brasília sem Niemayer, como Ivan, sabe que esse filme é o miolo do Brasil. Miséria, violência, assassinato, injustiça, uma desordem organizada, pessoas solitárias, isoladas, abandonadas ao trabalho alienante, à marginalidade, ao Deus dará. Ivan vê a mãe morta, o menino órfão, querendo encontrar Jesus, seu pai, um provável alcoólatra, um niilista do povo. Vê Dora, aquela que vive na selva humana, cada um por si, a vida contra todos, mas nenhum Deus à vista. O menino abandonado causa uma peninha virtual à esperta Dora, que, por sua vez, finge ajudar, mas praticamente não ajuda ninguém. Na era da Internet, ela não despacha as cartas das pessoas condenadas por seu arbítrio. “Esse é um idiota, aquele uma besta.” Dora quer o dinheiro, sua sobrevivência, os outros que se fodam. A câmera traz um filtro amarelo sobre todas as cenas. As paredes das casas são azuis, verdes. Um filme brasileiro. Imagens belíssimas e chocantes. Ivan está hipnotizado pela tela.

Dora leva o garoto pra casa, ri dele e de sua amiga (Marília Pêra, maravilhosa), cujos pais foram caminhoneiros e, segundo Dora, “bêbados, como todos”. A escrevedora – uma abestaiada – que antes vivia isolada de seu destino, assume sua tragédia ao vender o garoto para uma organização ilícita que, supostamente, conduz crianças brasileiras para adoção no exterior. Ivan sabe que uma tragédia não implica em morte ou nalguma fatalidade estúpida, mas num conflito entre o herói trágico – que nada tem de super-homem ou homem-aranha – e seu destino, os deuses ou Deus. Dora arrepende-se – talvez matem Josué para vender-lhe os órgãos – e seqüestra o garoto, o qual vê estampado no rosto da mulherzinha ordinária seu péssimo caráter. Juntos – e ameaçados de morte – partem em busca de Jesus, o bebum pai do garoto. Dora torna-se um Orestes, um herói em rota de colisão com o Desconhecido. Numa tremenda seqüência de azares e acasos infelizes, Dora fica sem dinheiro, fodida e mal paga, com um garoto que a odeia, mas que dela depende. Já sob ataque da fome, são praticamente salvos por um caminhoneiro evangélico (Oton Bastos), que nada tem de xiíta, relevando inclusive o fato de que alimenta e dá carona a uma ladra. (Enquanto Dora roubava comida na venda dum amigo do caminhoneiro, eles, o caminhoneiro e seu amigo, falavam sobre a conversão dos jovens do país.) Na faixa traseira do caminhão em que viajam está escrito: “Tudo é força, só Deus é poder”. Ivan pensa em Otto Rank e Ernest Becker, psicanalistas que viram Kierkegaard como pós-freudiano, e que perceberam a necessidade de Deus para que o “homem normal” não seja apenas um neurótico controlado, adaptado, mas um homem transcendental e verdadeiramente são. A transferência original não seria portanto da criança para a mãe, mas da personalidade criada para seu Criador.

Dora, ao perceber que o caminhoneiro é sua salvação (alimento, transporte e compreensão), é movida pelo medo de perdê-lo, tentando assim garantir sua presença através dum patético apelo sexual. Tenta fazê-lo beber – “todo caminhoneiro é um bêbado sem-vergonha” – mas, como diria o Baby dinossauro, se fode di novo. Ela não precisava ter feito isso. O cara era tão bacana que a ajudaria de qualquer jeito. Resultado: o caminhoneiro tentou agüentar até o fim, mas, como a mulher era impossível, abandona a ambos, mulher e menino. Ele, como um Otto Rank instintivo, provavelmente sabia que alguém não resolvido existencialmente, como um ser criado, não pode amar outra pessoa verdadeiramente, senão apenas como fuga, como transferência patológica. Para seguir viagem, até Bom Jesus sei lá de onde, vão os dois heróis trágicos de carona (ao preço de um relógio) na caçamba dum caminhão apinhado de romeiros, que cantam hinos religiosos para tortura e aflição de Dora. Aquela gente pobre chega ao cúmulo de oferecer a pouca comida que têm ao casal protagonista. Algo dentro dela parece dizer: “Aí tem!” Ou: “Mistério à vista!”

Para terrível espanto de Ivan, Dora e Josué são deixados, já em Bom Jesus sei lá de onde, em frente a uma casinha em cuja parede está pichado: “DEUS VEM – PREPARA-TE!” Caralho!, pensa Ivan. O Brasil anunciou ao mundo – qual a melhor maneira de anunciar algo ao mundo senão Hollywood? – e ninguém falou nada sobre isso. Lembra de Fernando Pessoa, para quem a língua portuguesa é a que iria, como as caravelas, mais longe nos significados: “Ah, quando quererás, voltando/ Fazer minha esperança amor?/ Da névoa e da saudade quando?/ Quando, meu Sonho e meu Senhor?”, escreveu o poeta na Mensagem. Com tal lembrança, cai Ivan de joelhos diante da TV, o deus, o ídolo do homem moderno. Algo dentro dele brilha. E não é um reflexo da tela. E só então se recorda de que Josué e Dora são também nomes de personagens centrais de A Vida é Bela. Um “você decide” mundial vencido pelos protagonistas mais chochos e vazios, pelo filme mais mentiroso, feito para agradar ao país que venceu Hitler e tornou bela apenas a sua própria ilusão. E – cacete! – ninguém percebeu...

E a tragédia de Dora, sua busca inconsciente de Deus, ainda não terminou. Com o garoto, vai dar na casa errada, sem encontrar Jesus, o pai bêbado e “a pior coisa que já aconteceu” na vida da mãe de Josué. Dora está à beira do abismo, do nada, do desespero. Ameaçada de morte, não pode voltar ao Rio de Janeiro. Sem dinheiro, não pode viajar eternamente. Só tem agora a companhia do garoto. Mas, irritada com as sacanagens do Destino, briga ainda uma vez com Josué. E este foge, sumindo em meio à multidão de romeiros, velas e mais velas, luzes flutuantes na escuridão de sua solidão. “Josué! Josué!”, grita Dora, apavorada, correndo. Não tem a menor preocupação com ele, teme apenas a própria sorte, o seu GRANDE E OBSCURO VAZIO. Ivan, de joelhos diante da TV, lembra das palavras de um amigo ao falar do deserto que é Brasília: “O limite do homem é a oportunidade de Deus”. Dora, dentro duma casinha abarrotada de ex-votos, círios, rezas e cantorias mântricas, nunca esteve tão só. Entra em transe, desmaia. A montagem do filme é genial: naquele instante, fora da casa, homens soltam fogos comemorando sua redenção. Uma voz fala algo da luz, da luz. Dora desperta no dia seguinte no colo de Josué, diante daquela casinha que dá mais uma chance aos espectadores do mundo: “DEUS VEM – PREPARA-TE!”

Aquela mulher escrota do começo do filme não existe mais. As coisas voltam aos seus eixos. A tragédia terminou, não há mais conflito. Dora transcendeu sua categoria de “neurótica controlada”, de pessoa “normal” deste nosso normalíssimo mundo. Encontra-se na mesma situação do negro do filme Pulp Fiction, que, após sua conversão, escapou da mesma sorte do personagem vivido – ou morrido – por John Travolta. A Tragédia sempre se resolve por eliminação: ou do conflito, ou do seu elemento mais fraco, no caso, o herói trágico. E, assim, como que por mágica, tudo começa a se desembaraçar. A escrevedora de cartas volta à cena, desta vez com ética espontânea, com solidariedade, paciência e brilho nos olhos. Escreve várias cartas para o “Bom Jesus” e para parentes de analfabetos que se mudaram pro sul. Cartas essas realmente despachadas. Ela e Josué ganham dinheiro e finalmente encontram o rastro do pai do garoto. Conhecem os irmãos dele, Isaías e Moisés, sendo este carpinteiro(!) como o pai. Josué tem novamente uma família.

Naquela casa descobrem que Jesus, pai do garoto, era realmente um bêbado e que provavelmente morreu em alguma sarjeta do país. Da mesma forma que a falecida mãe do menino, deixa ele como herança apenas uma carta. Dora coloca as cartas sob o retrato do casal, disposto numa espécie de altar com velas e tudo. Ela sabe que estão ambos mortos, mas também sabe que Josué não necessita mais dela e, já sem nenhum medo ou neurose no coração, parte de encontro à própria vida. E é então que, no ônibus, ocorre uma das cenas mais espetaculares do filme. Dora escreve uma carta para Josué onde diz que ele tem razão, é preciso ter esperança, seu pai – Jesus – vai voltar com certeza, e ele é sim maravilhoso, perfeito como o menino sonhava!!! Como aceitar isto se ela sabia que o pai dele estava morto? Como, se estava patente que o cara era mesmo um bêbado irresponsável? Como assim maravilhoso? Ivan, pois, lembra-se do que o japonês da fazenda interplanetária lhe dissera, citando provavelmente o evangelho: “Quem viu o Filho-Criador, viu o Criador...”

Às dez horas e dez minutos da noite, Ivan terminou de assistir àquele filme intrigante. Tinha lágrimas nos olhos, mas não sabia o que acontecera. Sim, era melhor parar de usar drogas, pensou. Ele, agnóstico convicto por tantos anos, vira tudo aquilo. Quantas pessoas teriam captado a mensagem oculta? No minuto seguinte, o telefone tocou. Era Milena, uma amiga de Campinas que trabalhava no Núcleo de Pesquisa, Ciência e Aplicação de Tecnologias Espaciais da Unicamp. Queria apenas confirmar o endereço de Ivan para lhe devolver um livro pelo correio. Conversa vai e vem, ela solta: “você não sabe a correria que tava no Núcleo, hoje. Finalmente inauguraram o rádio-telescópio nos Andes para estudar o Sol...” Como é que é?!, murmurou Ivan. E ela lhe explicou como aquele bando de astrônomos e físicos malucos estão preocupadíssimos com essa bobagem que é a atividade solar, suas manchas, seu estranho comportamento atual, o aumento da intensidade dos ventos solares, essas coisas de gente que só pensa em estudar. Disse que inauguraram, em sociedade com a Fapesp – “cheios da nota!” – com o governo da Argentina e da Suíça, um projeto milionário que inclui laboratórios, hardware e software específicos e esse rádio-telescópio em El Leoncito, próximo a Mendoza, na Argentina. Ivan abriu uma boca enorme. Quando ia lhe perguntar se eles temiam explosões solares, isso exatamente às dez e dezesseis, acabou a luz e a ligação caiu. Infelizmente ele só tinha esse telefone sem fio em casa, o qual necessitava de energia. Menos mal, com certeza era Deus impedindo-o de angariar mais informações apocalípticas, evitando assim que ele, o coitado do Ivan, enlouquecesse. Foi escovar os dentes e preparar-se para o refúgio do sono.

Vela à mão, já ao lado da cama – “morrer, dormir, sonhar talvez...” – Ivan lembrou-se que teria de acordar cedo no dia seguinte. O rádio-relógio não funcionava, muito menos o telefone sem fio. Encontrou então um pequeno despertador à pilha, desses de camelô, e ligou o walkman para descobrir que horas eram. Com uma apreensão sinistra, descobriu, pela rádio Jovem Pan, que o apagão talvez fosse de âmbito nacional. Aquela notícia absurda arrepiou seus pêlos até o dedão do pé. O que estaria acontecendo? Como na faixa FM quase não havia notícias, mudou para AM, pois a CBN mantinha um noticiário 24 horas por dia. Tanto pior. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Pela primeira vez olhou Ivan pela janela do quarto. Lá fora, tudo às escuras. A aflição de locutores e de ouvintes que telefonavam para as rádios era contagiante. Mas o que realmente estaria acontecendo?

Ivan pulava duma freqüência pra outra, procurando uma explicação. Numa obscura rádio, um pastor de voz cavernosa dizia que os tempos eram chegados. Noutra, ouviu claramente: Jesus chegou! Jesus chegou! Seria um Orson Welles tupiniquim? Precisaria Deus de um locutor para avisar que chegara ao planeta? Bando de loucos descontrolados!

Numa rádio, dizia-se que, em Porto Alegre, a energia só terminara com o fim do jogo Grêmio X ABC de Natal, momentos após o blecaute do restante da capital gaúcha. Deus era brasileiro, diziam, gostava de futebol. Outros falavam sobre um possível golpe de estado e sobre um discurso ameaçador do maluco do Brizola, nos intervalos do Jornal Nacional. Seria verdade? Caralho! Então era aquilo uma sabotagem? Ninguém sabia dizer. Em Furnas diziam que o problema era em Itaipú, em Itaipú que era em Furnas. Deus do céu! O que é isso?! Novamente na Jovem Pan, alguém dizia que a luz havia voltado. Alarme falso, era apenas a usina de emergência do Tietê, uma usina movida provavelmente à bosta, uma central Merdelétrica. Ivan pulava freneticamente duma freqüência pra outra, rádios AMs e FMs. Mais de uma hora sem energia.

Num acesso nervoso de piriri, Ivan sentou-se na privada. Pensou: vou contribuir com a energia do Tietê. Outro ouvinte da Jovem Pan dizia que São Paulo era um barrio de pólvora e que se o blecaute durasse mais de uma semana, como ocorrera em Buenos Aires, a coisa ia ficar preta, seria o caos, o fim do mundo paulista. Que cazzo!!, repetia Ivan sem parar. Numa rádio AM, alertavam sobre saques em Osasco, na Faria Lima e na rua Augusta. A coisa tá feia, preocupava-se Ivan. Em algumas regiões chovia, enchentes. Muitas pessoas ficaram sem metrô, muitas presas nos buracos do dito cujo, outras em elevadores. Sem semáforos, o trânsito estava o caos. Milhares sem ônibus, sem ter como voltar pra casa. Noticiava-se muitos casos de assalto em avenidas e ruas escuras. Locutores pediam paciência e solidariedade por parte dos cidadãos, pediam calma e controle emocional. Pediam também para economizar água, pois as bombas adutoras eram movidas a energia elétrica e estavam paradas, o fornecimento de água não duraria muito. Ivan respirava fundo e se dava conta de como sem energia o resto do planeta nada significa. Deve ser assim durante uma guerra, pensou, saindo do banheiro. Numa rádio AM, provavelmente a Bandeirantes, um ouvinte, telefonando de um posto de gasolina numa rodovia do interior paulista, falava sobre os políticos brasileiros e sobre a necessidade urgente de se tomar vergonha na cara. Dizia que notara algo diferente no céu aquela noite. “Isto é um aviso de Deus”, dizia ele, “o Brasil é o coração do mundo futuro, e não pode parar. É isto o que está acontecendo, estão nos avisando de que o coração está doente com tanto descaso e violência, e que assim não pode ser”. Ivan se emocionou com aquilo. Como era possível todos esses acontecimentos no mesmo dia em que resolvera assistir à Central do Brasil? Mais de duas horas tinham passado. Alguns falavam em Tijuco Preto, em Bauru, mas nem o Ministro das Minas e Energia sabia o que estava acontecendo. Um locutor discorria sobre a importância do rádio, único instrumento de comunicação eficaz num momento como este. E de repente, o maior susto. Noutra rádio, a locutora afirmou: “Estamos com uma informação ainda não confirmada de que o blecaute pode ser mundial...” Ivan caiu de joelhos, um absurdo sorriso no rosto: meu Pai do céu, será possível??! Um aviso tão próximo ao acontecimento previsto? Desde criança Ivan jamais fizera isso, de joelhos, pedindo: Pai, perdoa e ajuda esse planeta, essa gente ignorante e estúpida. O mal é filhote da ignorância, agora eu sei, meu querido Pai. A locutora atacou novamente: “outra informação não confirmada diz que o blecaute, possivelmente mundial, pode ter sido causado por efeitos eletromagnéticos oriundos de uma explosão solar...” Ivan ficou besta, paralisado, os olhos esbugalhados. E agora? E agora? E agora? Uma ouvinte dizia: “tô falando do Capuava, daqui do meu apartamento vejo vários focos de incêndio e explosões. Tô assustada com isso tudo. Também tem muita gente correndo pra todos os lados...” De súbito, Ivan ficou de pé, ereto como um poste, cheio de coragem. Chega!, preciso me mexer!, começou o fim. E saiu correndo, lanterna na mão, procurando garrafas vazias, guardando comida e planejando uma viagem urgente de carro. Passaria na casa dos pais, de alguns amigos, pegaria a namorada, iria até Campinas, onde resgataria a Lia Lizt, e se mandaria pra Brasília, onde estaria funcionando o tal escudo protetor mantido pelos extraterrestres. Segundo disseram, o sol, ao nascer, não perdoaria ninguém. O eixo do planeta já deveria estar deslocando-se graças às radiações eletromagnéticas. Os pólos se derreteriam e seria um novo dilúvio universal. Na correria, enquanto enchia as garrafas com água, não percebeu que o filtro de barro – insistentemente tombado em busca da última gota – ficara inseguro em seu nicho. Quando abaixou-se para recolher as garrafas, BUM em sua cabeça, cacos de terracota para todos os lados, um corpo no chão da cozinha. Ivan olhava o corpo: Puta que o pariu! Sou eu! “Calma, Ivan, você não está morto...”, ouviu atrás de si. Era Ana, a amiga médica que morava em Brasília. Ana? Mas como? “Estou fora da matéria, Ivan, assim como você. Olha, você pode me tocar se quiser.” Putz grila! “Viu? Quer prova melhor de que a morte não existe?” Mas o que é que tá rolando, Ana? É o Apocalipse? Ana riu: “Claro que não”, e estendendo a mão: “Vem comigo que eu preciso te apresentar alguém.” Eu vou poder voltar pro meu corpo, Aninha? “Vai sim, não se preocupa.” Deram-se as mãos e, para cúmulo daquela incrível experiência, atravessaram as paredes do apartamento e saíram voando por sobre os telhados de São Paulo. Ivan ria. “Que foi, Ivan? Tá tão engraçado assim?” A gente tá parecendo o Super Homem e a Lóis Lane naquele primeiro filme. Só que neste caso, eu sou a senhorita Lane...

Ana levou Ivan por sobre São Paulo. A cidade, em trevas, parecia à beira dum abismo. Só se viam os faróis e as lanternas dos carros, luzes brancas e vermelhas, os vultos dos prédios e casas. Quem estava na rua queria apenas chegar em casa, como se isso por si só significasse algo. Ela lhe explicou como todos os membros do grupo de contato haviam aprendido, com os ETs, exercícios respiratórios e estimulantes do cérebro que possibilitavam o abandono consciente do corpo e, ao regressar, a fixação da experiência na memória. Aos poucos ela foi acelerando aquele vôo, atravessaram campos, plantações, cidades grandes e mínimas, o plano piloto, até que, por fim, Ivan reconheceu a fazenda interplanetária. E ali, ao lado dum morro, um enorme disco voador. Foi para lá que se dirigiram. No interior do objeto, outras dez pessoas, terráqueos como ele, estavam diante dum homem alto, com cerca de dois metros e meio, cabelos escuros, olhos grandes, amendoados e oblíquos, uma roupa branca fluo. “Olá”, ele disse, em português claro. “Meu nome é Karran...” Ele, que parecia ser o único dotado de corpo físico, enxergava a todos normalmente. Sereno, principiou uma palestra, na qual dizia que eles, do planeta Klermer, estavam se aproveitando do incidente na rede de distribuição de energia para transmitir um recado. (Nada disse se tinham algo a ver com aquilo.) “O tempo urge...”, e explicou como fatos nefastos podem vir a ocorrer, se não nos conformarmos à energia amorosa do Criador. “Acreditem, o Cosmos é muito mais vasto e complexo do que vocês imaginam. E está mergulhado na força gravitacional mental, espiritual e física do Criador. É preciso estar de acordo com tal força. Nós não podemos violar o livre arbítrio e a soberania do seu povo, não podemos ajudá-los sem uma solicitação oficial de um Governo Planetário. Estou aqui porque o dono desta fazenda, contatado por nós durante uma pesquisa, quis que voltássemos e aqui decidiu nos acolher.” Depois perguntou a cada um quem era, o que fazia e quem os levara até ali. Pediu a colaboração de todos para divulgar a existência não apenas daquele local de contato mas de alguns outros espalhados pelo mundo. Ivan começou repentinamente a rir, rir e rir sem conseguir se controlar. Ria desgovernado como quem, num velório, chora. Todos olharam para ele, cismados. Karran apenas sorria. De repente, tudo se desvaneceu e Ivan encontrou-se novamente no chão da sua cozinha. A energia já havia voltado. Estava tudo normal. A geladeira funcionava, a luz acesa, os pedaços do filtro pelo chão. Ivan levantou-se, a mão na cabeça dolorida. Que sonho real, pensava.

Eram quase quatro horas da manhã. Ivan correu até a sala, ligou a TV. Na Globo, um filme bobo de estudantes universitários norte-americanos. No canal 21, quem diria, um filme sobre uma invasão extraterrestre numa cidade americana após um blecaute! Caramba... No SBT, um certo “CBS – Telenotícias” transmitia informações diretamente dos Estados Unidos. Nada sobre o apagão. Tudo sobre o mundo que de nada tomou conhecimento. Só isso. Infelizmente, Ivan não tinha TV a cabo. No rádio descobriu que ainda não sabiam qual fora a causa. E teria sido real aquele sonho? Pouco provável, era tudo muito absurdo. Dirigiu-se para o quarto e preparou-se para deitar. Chega de loucuras, pensou. Quando já estava deitado, o telefone tocou. Era Ana: “Ivan? Tudo bem?” Oi, Aninha, cê não acredita no sonho que eu tive... “Você se lembra de tudo?” Claro, já te conto... “Não precisa, Ivan. Só tô ligando porque o Karran pediu pra que você escrevesse o que você viu e ouviu.” Ivan ficou mudo. “Ele quer que você apele pra criança que existe dentro de cada um. Se possível escrevendo como uma criança. É preciso inocência para acreditar no fantástico. Ouviu? Ivan? Ô, Ivan? Cê tá legal?” Preciso contar essa história pra Lia, pensou ele. Ela tem razão, a Casa da Lua é uma fábrica de lunáticos. Fui hipnotizado. Pirei total. Não preciso mais de drogas. “Ana”, tornou ele, “e quem é que dá atenção pra criança?” E desligou o telefone, o olhar fixo, alheio.

(Escrito na Casa do Sol, Campinas-SP, em Maio de 1999.)


 

 

Sobre o autor:

 

Yuri V. Santos, nascido às quatro e quinze da matina do dia 24 de Outubro de 1971, é paulistano. Infelizmente não estudou no mesmo colégio em que estudaram próceres tais como Machado de Assis ou Guimarães Rosa, os quais, por sinal, nem paulistas eram. Mas estudou no mesmo colégio que a Ana Paula Arósio! Aliás, foi ela quem estudou no mesmo colégio que ele, posto que Yuri já era um veterano de dez anos de idade quando ela apareceu por lá. Mas tudo isto é pra dizer que, em 1975, em seu primeiro dia de aula, Yuri deu uma tremenda dentada na mão da Tia Dulce, que não cometera outro crime senão o de ser a Diretora do Jardim Escola Visconde de Sabugosa. (“Até hoje ela tem a cicatriz”, ele jura.) Bom, acontece que a rebeldia do garoto para com os meios educacionais permaneceu intacta desde então. Não que ele tivesse se tornado mau aluno, coisa que nunca foi. Mas embora seu corpo sempre comparecesse às aulas, sua mente gostava mesmo era de ir longe, aos cumes, muito além dos programas incutidos pelo MEC. (Tudo culpa da biblioteca de sua família e do Atari.)

Quando Walter, seu pai, se aposentou, Yuri mudou-se com a família para Goiânia, onde, para sua adolescente surpresa, não encontrou índios, onças e tatus andando pelas ruas, mas uma cidade que infelizmente cresce ano a ano em progressão geométrica. (Ainda bem que, nos sítios e fazendas próximas, os discos voadores sejam mais comuns que as onças...) Do centro-oeste, este futuro escritor de fato – pois já era de feto – se mandou de intercâmbio estudantil não para os esteites, ou canadá, ou gringuices semelhantes senão para o – pasme – Equador. Lá morou em duas cidades: Quito e Latacunga. Nesta última, aos 17 anos, começou a publicar crônicas e contos no principal jornal da cidade, o El Día. Também ingressou num grupo andinista – alpinismo é nos Alpes, viu -, tendo escalado, entre outros, os nevados Illiniza Norte (5100m), Rumiñahui (4850m), Corazón (4800m) e os vulcões ativos Cotopaxi (5890m), Tungurahua (5080m) e Guagua Pichincha (4910m). Estes dois últimos entraram em erupção em 1999. (Antonio Naranjo, pai de intercâmbio, escreveu ao Yuri: “(...) estamos sumamente preocupados por la activación de tus volcanes (...). Pero te digo que el espectáculo infernal de la erupción, los hongos que se forman luego de las explosiones, son una cosa lindísima de se mirar (...). Quisiera que tú estuvieras aqui y los vieras en persona.”) Ainda no Equador, Yuri estudou espanhol e teve seu primeiro contato com os estudos filosóficos através de Bruno Gallas, o diretor italiano do Colegio Hermano Miguel, que o alertou para os perigos do panteísmo e da crença num Deus não pessoal. Também foi salvo por um terremoto que, derrubando de forma misteriosamente simbólica a pesada máquina de escrever sobre o frágil violão, tirou-lhe o destino de péssimo músico para lhe dar o de um escritor que promete.

De volta ao Brasil, como não havia faculdade de espionagem ou vampirismo – seus heróis de infância eram o 007 e o Drácula (lembra da mordida na diretora?) -Yuri resolveu que o curso de Jornalismo seria o substituto ideal. Foi o princípio de uma série de decepções. Deste curso saltou para Engenharia Civil, depois – já na Universidade de Brasília – tentou Engenharia Florestal (meros resquícios de idealismo ecológico), Letras e Artes plásticas(habilitação em Teoria, História e Crítica de Arte), sem se formar, por pura decepção, em qualquer um deles. Concluiu apenas um curso de extensão – Processo de criação cinematográfica – com o “mulherengo” Nélson Pereira dos Santos, e um projeto de iniciação científica do CNPq – “Rever, reler, recriar” -, o qual tratava das releituras artísticas pelas novas tecnologias. Seu trabalho foi aprovado com louvor. “Mas meu livro é meu diploma&redquo;, afirma. Apesar de haver encontrado um ou outro professor digno de respeito, após sete anos de estudos universitários e viagens candangas, Yuri purgou-se da experiência escrevendo o livro “A Tragicomédia Acadêmica – Contos Imediatos do Terceiro Grau” (1997). (Alguns dos 19 contos: O Wândolo, Memórias da Ilha do Capeta, A volta dos que não foram, Golem – o goleiro, A Vingança de Piupiu, Matando um mosquito com um tiro de canhão, Paralíticos e desintegrados, O Culturaholic, Penteu – o pentelho, Maria Eu-gênia, etc.) Daí, voltou para São Paulo onde comeu o bolo, o biscoito e o pão que o diabo amassou. (“Ainda me vingo do capetar“, ri-se.) Escreveu crônicas durante quase dois anos para a Revista Guia da Farmácia (mais risos), que o salvou da fome. Após completar seu “doutorado em pirações” – o mestrado foi feito no alojamento da UnB -, morando na Vila Madalena, freqüentando raves e sendo sócio de um estúdio fotográfico, o Base 1, Yuri conheceu a poeta Hilda Hilst, em 1998, com quem reside ainda hoje, fazendo as vezes de “secretário incompetente” e webmaster. Em 1999, divertiram-se paranoicamente com as ameaças de fim do mundo. Na Casa do Sol, residência da escritora, moram ainda o poeta, ex-professor de Oxford e ex-detento da Ilha do Diabo inglesa, Bruno Tolentino (“os professores me perseguem...”), o escritor espanhol José Luís Mora Fuentes e oitenta cães. “Rola cada conversa...”

Atualmente, sem os entraves da sociedade no estúdio, Yuri prepara mais dois livros. “Por enquanto vai indo bem”, afirma Dostoiévski.

PS.: O autor oferece seus serviços como roteirista, cronista, articulista ou semelhantes. Para contatos: yurivs@uol.com.br .

(sites do autor: www.casadosol.cjb.net e www.angelfire.com/ri/melhor )


 

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Maio 2001

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